Com Cátia Alves e Valquiria Castil
Após ter a prisão domiciliar concedida, o advogado do empresário Giovani Belatto Guizardi, Rodrigo Mudrovitsch confirmou a colaboração premiada do cliente que é acusado de gerenciar um esquema de cobrança de propina em licitações na Secretaria Estadual de Educação (Seduc). Segundo a defesa, Guizardi vai colocar tornozeleira eletrônica nesta sexta-feira (2) em audiência admonitória com a juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal, e ainda deverá ressarcir os cofres públicos. Guizardi é apontado pelo Ministério Público como um dos chefes do esquema, ao qual teria envolvido pelo menos 23 obras cujos contratos somam mais de R$ 56 milhões.
Segundo as investigações do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado, que deflagrou a Operação Rêmora, em maio deste ano, era cobrado de cada empresário o valor que variava entre 3% e 5% em propina, dependendo do valor da obra. O Ministério Público Estadual estima que a quadrilha desviou cerca de R$ 56 milhões em licitações de obras e reformas da Seduc.
Em depoimento ao Gaeco, os empresários confirmaram a existência do esquema na Seduc, mas nem todos disseram ter pago a propina. Guizardi seria o arrecadador das propinas e em um dos vídeos divulgados pelo Gaeco, o empresário aparecia recebendo R$ 4 mil do “delator do esquema”, José Calos Pena da Silva, dono da BRP Construtora.
As fraudes começaram em outubro de 2015, sob a gestão do atual secretário, Permínio Pinto. Conforme o Gaeco, ao total, 23 obras em escolas do Estado foram alvos do esquema. A denúncia foi feita por um empreiteiro ao Gabinete de Transparência e Combate à Corrupção.
Os agentes do Gaeco cumpriram 39 mandados de prisão, busca e apreensão e condução coercitiva expedidos pela juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal. Foram presos Fábio Frigeri, Moisés Dias da Silva, que atuavam como servidores da Seduc, o empresário Giovani Guizardi, dono da Dínamo Construtora, que liderava o grupo dos empreiteiros corruptos, e o ex-deputado Moisés Feltrin, sócio de uma empreiteira.
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