(Foto: Ahmad Jarrah)
O ex-deputado estadual, José Riva, afirmou em audiencia na tarde desta quarta-feira (30), que irá confessar sua participação no esquema investigado na Operação Arca de Noé. "Vou fazer uma confissão para poder colaborar com a Justiça", disse Riva.
A audiência está sendo conduzida pela juiza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado, no Fórum de Cuiabá. Riva responderá sobre 15 ações penais derivadas dessa operação. .
Em depoimento, o ex-deputado disse que quando entrou na Assembleia Legislativa, em seu primeiro mandato se deparou com uma dívida de R$ 25 milhões. Dívidas que provinham de passagens e combustível, material grafico e de escritório, que segundo ele eram para os próprios deputados.
As empresas foram muito usadas nos anos de 1999, 2000 e 2001, segundo o deputado. Segundo Riva, Arcanjo o ameaçava por conta da dívida e fazia escândalo na Assembleia e ameaçava pessoas. Detalha que o governo chegou a fazer uma suplementação orçamentária para quitar a dívida com factorings. "O governador Dante autorizou uma suplementação de R$ 22 milhões, fora do orçamento, para pagar o Arcanjo. Se não pagasse, ele [Arcanjo] nos ameaçava. Eu fui ameaçado várias vezes", disse.
Riva relata que várias pessoas possuiam cheques da Assembleia, que acabavam indo parar nas mãos de Arcanjo.
À epóca, o ex-deputado conta que os acordos com a mídia eram realizados de maneira informal, e nem sempre os trabalhos eram realizados. "Os cheques eram emitidos, descontados na boca do caixa para atender interesses políticos, eleitorais ou diretamente aos credores", diz.
DESVIO DE DINHEIRO
Riva afirma que o ex-deputado Humberto Bosaipo foi quem deu a ideia de desviar dinheiro da Assembleia para pagar dívidas. Cerca de R$ 4,5 milhões foram pagos a uma rádio pertencente a Arcanjo, mas o serviço não foi prestado.
DENUNCIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Riva confirma participação na ação do Ministério Público Estadual, que é acusado de ter desviado R$ 3,3 milhões, por meio de 66 cheques de outra empresa, e 66 cheques. Também admite 87 pagamentos, no valor de R$4,2 milhões, e de 63 pagamentos que resultaram no desvio de R$ 3 milhões.
Ainda afirma que, entre junho de 2000 e outubro de 2002, realizou desvio de R$ 800 mil, com 16 pagamentos irregulares.
Sobre os cheques encontrados na empresa Piran Factoring, Riva confirma o esquema, mas não sabe como os cheques foram parar na empresa.
ARREPENDIMENTOS
Após admitir participação nos esquemas de desvio de recurso público, Riva confessa que cogitou a renuncia. "Eu me arrependo muito porque perdi saúde, dinheiro. A senhora pode ter certeza que se não tivesse sido deputado seria um dos homens mais ricos do nortão de Mato Grosso", afirma Riva.
Riva diz que quando aceitou fazer parte do esquema, passou a ser "escravo! dele". "Tinha gente que achava que eu não ia amanhecer", conta. "Eu confesso que eu participei de tudo. Não fui forçado, pelo contrário, aceitei participar desse ilícito, desde aceitar aquela conta. Eu tinha alternativa e optei por assumir e apartir dali participei de tudo. Teve coisa que foi mais, coisa que foi menos, mas participei", revela Riva.
EMANUEL PINHEIRO
O promotor endaga Riva sobre a participação de alguns deputados, como Nico Baracat, Benedito Pinto e Emanuel Pinheiro. Riva afirma que eles receberam vantagem indevida, em 2002. "Todos os deputados que receberam cheques, não necessariamente dessa empresa, recebeu uma vantagem indevida. Independentemente de quem seja".