O dia 30 de novembro nunca será esquecido pelos cruzeirenses. Há 50 anos, o clube foi capaz de uma proeza que causou espanto no mundo do futebol. Comandado por Aimoré Moreira, o time celeste venceu o Santos de Pelé, então pentacampeão da Taça Brasil, por 6 a 2 no Mineirão, um dos jogos mais importantes da história do futebol brasileiro.
Era o primeiro passo para uma conquista inédita. O outro jogo da final foi disputado no dia 7 de dezembro, no Pacaembu, em São Paulo. O Cruzeiro não tomou conhecimento dos donos da casa e venceu por 3 a 2.
A vitória do Cruzeiro causou espanto porque o Santos era praticamente imbatível. O time praiano exercia uma soberania nacional de cinco anos. Liderado por Pelé, conquistou os brasileiros de 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965, além de ter ganhado o Mundial em 1962 e 1963. Toda a campanha passou pelo Gigante da Pampulha. Naquele campeonato, o Cruzeiro superou Americano, Grêmio e Fluminense, além do Santos. Na grande decisão, goleada por 6 a 2, no Mineirão, e outro triunfo em São Paulo, no Pacaembu (3 a 2). O futebol mineiro, pela primeira vez, mostrava sua força nacionalmente.
“A conquista foi o pontapé inicial e teve a história enriquecida pela decisão com o grande Santos, o melhor time do mundo. Tínhamos uma equipe muito jovem. Admito que ficamos muito surpresos com a nossa capacidade, não tínhamos consciência da nossa força. Depois disso, a história do Cruzeiro foi sendo escrita com futebol bem jogado, de conquistas. Aquele título foi uma semente plantada que gerou frutos”, explica o capitão do Piazza, que ergueu a taça em 7 de dezembro de 1976, no Pacaembu, em entrevista ao Superesportes.
A geração de ouro do Mineirão
“Comparo aquele Cruzeiro ao Santos de Pelé, ao Real Madrid de Di Stéfano. Eram equipes que gostavam da bola, que jogavam de forma ofensiva, com jogadores fantásticos”. A explicação que define a equipe celeste que assombrou o Brasil na década de 1960 é do ex-zagueiro Procópio, um dos líderes daquela geração. Integrante de outras grandes formações, como a “Academia” do Palmeiras que representou a Seleção Brasileira na inauguração do Mineirão, Procópio exalta os campeões celestes. “Tinha dois jogadores fantásticos: o Tostão, que era um gênio e participou naquele mesmo ano da Copa do Mundo, e Dirceu Lopes, um jogador dinâmico, tático. Era um time que dava show, que com a bola jogava e sem ela, marcava. Quem viu aquele Cruzeiro lamenta o nível do futebol brasileiro atual”, avalia.
Caminho da taça para a Raposa
1ª fase
Cruzeiro 4 x 0 Americano (Estádio Godofredo Cruz – Campos)
Gols: Tostão, Natal, Zé Carlos e Evaldo
Cruzeiro 6 x 1 Americano (Mineirão)
Gols: Evaldo (2), Marco Antônio (2), Zé Carlos e Zé Alcindo (contra)
Quartas de final
Cruzeiro 0 x 0 Grêmio (Olímpico)
Cruzeiro 2 x 1 Grêmio (Mineirão)
Gols: Marco Antônio e Tostão
Semifinais
Cruzeiro 1 x 0 Fluminense (Mineirão)
Gol: Evaldo
Cruzeiro 3 x 1 Fluminense (Maracanã)
Gols: Evaldo (2) e Dalmar
As finais
Cruzeiro 3 x 2 Santos (Pacaembu)
Gols: Tostão, Dirceu Lopes e Natal
Cruzeiro 6 x 2 Santos
Cruzeiro: Raul, Pedro Paulo, William, Procópio, Neco, Piazza, Dirceu Lopes, Tostão, Natal, Evaldo e Hilton Oliveira. Técnico: Aimoré Moreira
Santos: Gilmar, Carlos Alberto, Mauro, Oberdan, Zé Carlos, Zito, Lima, Pelé, Dorval, Toninho e Pepe. Técnico: Lula
Gols: Dirceu Lopes (3), Zé Carlos (contra), Natal e Tostão
Cruzeiro 3 x 2 Santos
Cruzeiro: Raul, Pedro Paulo, William, Procópio, Neco, Piazza, Dirceu Lopes, Tostão, Natal, Evaldo e Hilton Oliveira. Técnico: Aimoré Moreira
Santos: Claudio, Lima, Haroldo, Oberdan, Zé Carlos, Zito, Mengálvio, Pelé, Amauri (Dorval), Toninho e Edu. Técnico: Lula
Fonte: Super Esportes