Em depoimento, o empresário Ricardo Augusto Sguarezi relatou que a cobrança de propina feita pelo ex-servidor da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Fábio Frigeri, e pelo empresário Giovani Guizardi teria a finalidade de pagar dívidas de gráficas, as quais teriam fabricado material de campanha eleitoral.
A declaração foi dada na manhã desta terça-feira (29), na audiência de instrução da ação penal oriunda da Operação Rêmora, que investiga um esquema fraudulento em licitação de obras em escolas. No Centro de Custódia da Capital (CCC) estão presos Frigeri e Guizardi desde maio, quando a operação foi deflagrada.
Ouvido como testemunha de acusação do Ministério Público Estadual (MPE), Sguarezi confirmou à juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal, desta vez, que teria mentido ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) quando disse que não tinha pago propina. “Eu estava nervoso, estava sem orientação e não sabia o motivo de estar sendo ouvido. Agora eu estou falando a verdade. Eu paguei propina”, confessou.
Segundo Sguarezi, que é dono de duas construtoras, participou de licitações na Seduc no ano de 2015, onde teria vencido apenas uma delas. Ele ressaltou que tinha dificuldades em receber os pagamentos dos serviços prestados pela secretária e quando reclamou os atrasos com Fábio, foi apresentado ao Giovani Guizardi.
“O Giovani me cobrava propina para agilizar a liberação do dinheiro. Eu pagui 5% pra ele”, afirmou Sguarezi. No entanto, Ricardo conta que não gostava de fazer pagamentos ao Guizardi e relatou que alguns pagamentos foram feitos diretamente ao Fábio Frigeri dentro da secretaria.
“Eu acho que o dinheiro da propina era pra pagar campanha. O Fábio falava que precisava do dinheiro pra pagar dívidas de gráfica. Imagino que era isso porque era inicio de 2015 e tinha acabado de sair da campanha”, pontuou Sguarezi.
Pagamentos em cheque
Durante o depoimento Ricardo Sguarezi apresentou uma lista de pagamentos que teria efetuado ao então servidor da Seduc, Fábio Frigeri. Além de extratos bancários com referências aos saques que afirmou serem sempre valores quebrados, ele apresentou cheques nominais emitidos em seu próprio nome para o pagamento de propina ao Frigeri.
O advogado Artur Osti, que defende Permínio Pinto, questionou como que Fábio conseguiria sacar o cheque de Ricardo, uma vez que estava nominal ao próprio Sguarezi. “É uma boa pergunta também não sei. Mas que ele pegou, pegou”, atestou Ricardo Sguarezi.