Cidades

Comerciante se rebela em meio a discurso de senador

Com: Cátia Alves 

Fotos: William Matos 

Josemar Paes de Barros, é comerciante na Serra de São Vicente (35 km de Cuiabá) e se manifestou durante o lançamento das obras de duplicação da BR-163/364, no trecho de Jaciara até a Serra de São Vicente, na manhã desta segunda-feira (28). Segundo ele, nenhum projeto foi apresentado até o momento para tratar sobre a relocação das famílias que trabalham na beira de estrada. "Há estudos que analisam o impacto ambiental das obras, mas não o impacto humano", disse.

“São mais de 10 comerciantes ativos que trabalham em frente ao Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), e cerca de 200 famílias instaladas na região. É uma cúpula muito grande de políticos que Mato Grosso tem, que poderia se reunir e fazer algo por essas pessoas que vão acabar ficando desempregadas”, desabafou o cidadão em meio a autoridades que prestigiavam a liberação de 15 km de rodovia duplicadas.

Josemar relata que conseguiu formar dois filhos médicos, e que sobrevive com ao menos 50% da renda da banca, ao qual emprega três funcionários, e que assim como ele muitas outras pessoas conseguiram se estabilizar trabalhando ali na região.

“Já tem quase cinco anos que trabalho aqui, consegui pagar a faculdade dos meus dois filhos graças ao meu trabalho e ao meu esforço. Está totalmente errado desempregar as pessoas. Só eu dou emprego para três pessoas na barraca, de carteira assinada e tudo. As pessoas pequenas conseguem se organizar, agora será que a União o Governo não consegue se sensibilizar e falar, vamos, temos que resolver isso?”, indaga o comerciante com um olhar aflito.

Ele também narra a história de outra comerciante, Rosemeire Soares, que há mais de dez anos trabalha vendendo alimentos na beira da estrada. Ela possui uma renda mensal de R$ 15 mil e também possui três funcionários. “Ela vendia suco, água de coco, pamonha, indo de um lado para o outro na faixa porque tinha que sustentar os familiares dela. Eu a admiro muito, hoje está com a vida organizada, mas se parar de trabalhar vai desorganizar. Se hoje eu ficar sem aquela barraca eu vou me desorganizar”, frisou Josemar.

Ao finalizar o discurso Josemar diz, que “temos que respeitar todos”,  no entanto contrapõe-se dizendo que "as vezes se é obrigado a desrespeitar", porque afirma que irá se manifestar se for preciso. “Chega uma hora que você é obrigado a desrespeitar. Eu vou pro meio da rua vender se for preciso. Não tenho medo de polícia porque não sou bandido, posso ser preso e depois solto, mas eu vou ficar no meio da BR junto com as pessoas que precisarem.Isso não é coisa de se fazer e sim de resolver”, finaliza ele sob aplausos dos colegas.

A comerciante Rosemaire também espera uma solução e disse ao Circuito Mato Grosso que pelo menos cinco famílias ficaram desempregadas com a duplicação do trecho. “A gente vende de tudo ali, então eu espero que eles deem uma boa solução pra gente, pois é dali que tiramos a nossa sobrevivência”, desabafou. 

O senador Wellington, ao retomar o discurso em resposta ao comerciante disse que nada será feito sem ouvir a sociedade. “Eu já havia dito, nada será feito sem ouvir a sociedade. O projeto de concessão está previsto. Não será fechado o trânsito sem encontrar uma solução, por isso será discutido com vocês, na hora certa”, respondeu o senador. Ele assumiu que levará a questão a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) que é responsável pelo desenvolvimento de um projeto para realocação dos comerciantes.

"Não tenho nenhum resposta ainda a vocês, mas dou minha palavra de que levarei a questão novamente a ANTT e vou cobrar para que um projeto seja feito o mais rapido possível", afirmou Wellington. Ao Circuito Mato Grosso, Josemar disse que o discurso do senador não dará em nada e que as palavras ditas foi só um 'agrupamento de campanha política'. "O interesse nosso não foi citado aqui em falar assim: Vamos fazer alguma coisa. Não está sendo feito nada. Falam em analisar impacto ambiental mais o impacto humano?," questionou. 

O planejamento é que as obras de duplicação do trecho entre Jaciara e o começo da Serra de São Vicente, com 71,6 quilômetros de extensão, sejam concluídas até meados de 2017. Até o janeiro de 2017, 50 quilômetros de pista duplicada deveram ser liberadas entre Jaciara e a Serra de São Vicente, incluindo a restauração da pista antiga em concreto. As liberações, até atingir 50 quilômetros de pista duplicada, ocorrerão por etapas, sendo a primeira aconteceu nesta segunda-feira (28), a outra até o dia 10 de dezembro e o restante, até o próximo ano.

Valquiria Castil

About Author

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.