Bicampeão brasileiro em 2013 e 2014 e historicamente forte no campeonato por pontos corridos, o Cruzeiro viveu situação inversa em 2016 e só ficou livre do risco matemático de rebaixamento na 36ª rodada, ao empatar por 2 a 2 com o Santos, no Mineirão. A briga na parte de baixo da tabela foi resultado de erros de planejamento e escolhas malsucedidas durante toda a temporada.
No início do ano, a aposta no novato Deivid como técnico não deu certo. A Raposa foi eliminada na semifinal do Estadual ao ser derrotada pelo América. A diretoria, então, atravessou o oceano Atlântico para contratar o ex-técnico da Seleção Portuguesa, Paulo Bento.
Considerado um estudioso do futebol, Bento conheceu as peculiaridades do futebol brasileiro e teve dificuldades de adaptação. Como consequência, os resultados esperados pela torcida não vieram e o clube se afundou na parte de baixo da tabela do Brasileiro. A solução encontrada pela cúpula celeste foi demitir o português e acertar o retorno de um velho conhecido: Mano Menezes.
Pesou a favor o fato de Mano ter trabalhado com parte do grupo no Brasileiro de 2015. Por isso, o time apresentou evolução e chegou a dar indícios de que poderia ficar ao menos entre os 10 melhores da Série A, além da possibilidade de conquistar a Copa do Brasil.
Mas a queda nas semifinais do torneio eliminatório para o Grêmio e o 13º lugar na Primeira Divisão frustraram a torcida. O Cruzeiro pode, inclusive, ficar fora até da Copa Sul-Americana de 2017, caso não vença o Corinthians no próximo domingo, às 17h, no Mineirão, pela rodada derradeira da elite nacional. Por causa da falta de alegrias aos torcedores, o técnico Mano Menezes ressaltou a importância de construir um planejamento mais qualificado que vise à conquista de títulos importantes no ano que vem.
“Os grandes podem passar por situações como essa (risco de ser rebaixado à Segunda Divisão). O Cruzeiro foi sair dessa situação na 35ª rodada do Campeonato Brasileiro. É isso que a gente tem que cuidar e planejar melhor 2017. É trabalhar desde o início para fazer parte da turma de cima, pois temos condições de fazer”.
Bastidores
Embora deixe bem claro que vai se manifestar sobre negociações e renovações de contrato apenas no dia 5 de dezembro, logo depois de sua participação na Série A, o Cruzeiro já se movimenta no mercado para realizar a montagem do elenco. O primeiro reforço a ser confirmado deverá ser o lateral-esquerdo Diogo Barbosa, do Botafogo. O BMG, que detém parte de seus direitos econômicos (50%), só deseja negociá-lo em definitivo. O clube celeste está disposto a comprá-lo. Outras possibilidades são o zagueiro Luis Caicedo (Independiente del Valle) e o volante Bruno Paulista (Sporting de Portugal). Existe também chance de o atacante Neilton (Botafogo) e o volante Willian Farias (Vitória) serem aproveitados em 2017.
Em contrapartida, alguns atletas estão em clima de despedida. Quem recentemente saiu da Toca da Raposa II foi o volante Denílson, que não teve o contrato renovado. O Cruzeiro descartou investir US$ 2,5 milhões por um atleta que fez apenas cinco partidas pelo clube. O lateral-direito Lucas, que pertence ao Palmeiras, e o zagueiro Bruno Rodrigo devem ser liberados ao término dos respectivos vínculos.
Na temporada 2017, toda a diretoria da Raposa estará "proibida" de errar, sobretudo por ser o último ano de mandato do presidente Gilvan de Pinho Tavares. Em descrédito com os cruzeirenses por causa do segundo ano seguido sem títulos, o mandatário do bicampeonato está há meses sem conceder entrevistas coletivas. O último bate-papo formal na sala de imprensa da Toca II foi justamente na apresentação de Mano Menezes, em 27 de julho deste ano. O "sumiço" do dirigente é motivo de descontentamento dos torcedores, que querem explicações sobre o mau momento e alimentam esperanças de melhora no ano seguinte.
Perrella
Na contramão de Gilvan, o ex-presidente Zezé Perrella, senador da República pelo PTB, prepara terreno para um possível retorno ao poder no Cruzeiro. Em seu perfil oficial no Twitter, o político responde questionamentos de seguidors e fala sobre o desejo de dirigir o clube celeste a partir de 2018 (as eleições presidenciais ocorrerão no fim de 2017).
Dono de personalidade folclórica e conhecido por negociar vários jogadores, Perrella presidiu o Cruzeiro entre 1995 e 2002 e de 2009 a 2011. Nesse período, a equipe conquistou inúmeros títulos, entre os quais a Copa Libertadores de 1997, as Copas do Brasil de 1996 e 2000, as Copas Sul-Minas de 2001 e 2002 e cinco edições do Campeonato Mineiro (1996, 1997, 1998, 2009 e 2011).
Fonte: Super Esportes