Foto: Raul Bradock
Mesmo após reformas estruturais realizadas pelo governo, descaso e condições mínimas de trabalho ainda assolam a Diretoria Metropolitana de Medicina Legal (DMML) de Cuiabá. Sobre tudo, no Instituto Médico Legal (IML) da capital; onde falta desde Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), material de trabalho como reagentes de DNA, além de carros e aparelhos velhos – que apresentam problemas constantemente. É o que afirma o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais de Mato Grosso (Sindpeco), Alisson Trindade.
Alissom elenca que tais problemas seriam substancialmente o causador dos atrasos nos trabalhos do local. “A estrutura do prédio não suporta a demanda porque é muito antiga. Foi feita uma maquiagem lá, mas não resolveu absolutamente nada. Hoje falta EPI, luvas, avental, o equipamento de raio-x vive dando problemas. Por isso é frequente o atraso nos trabalhos e tem corpo que demora meses a ser liberado”, destaca Alissom.
FALTA DE REAGENTE
O presidente do Sindpeco também destaca a falta de consumíveis – materiais necessários para a realização dos trabalhos. Como um reagente para a realização de exames de DNA. “Tem corpos que chegam carbonizados e os que precisam de exames de DNA que ficam lá, porque o laboratório da diretoria metropolitana está sem alguns reagentes de DNA e que até agora a Sesp não conseguiu comprar todos”.
No dia (10.10) o Circuito Mato Grosso denunciou a demora para liberação de um corpo carbonizado que já estava na unidade há dias por falta de um reagente de DNA. O corpo do motorista Olívio Backs, que morreu carbonizado num acidente ocorrido dia 15 de setembro deste entre Sorriso e Lucas do Rio Verde (412 e 360km de Cuiabá, respectivamente), foi liberado após 63 dias no Instituto Médico Legal (IML) da Capital.
Quando a família já estava a 20 dias aguardando a liberação do corpo – a assessoria de imprensa da Sesp informou que a compra do reagente demoraria de 15 a 20 dias e, ainda assim, a família aguardou mais de dois meses até o fim dessa novela.
Ainda segundo a assessoria, a falta dos reagentes se deu em razão de um processo de compra que foi apenas parcialmente alcançado. Dos 13 lotes lançados, 7 foram desertos ou não atingiram o preço.
RABECÕES
Outro problema sistêmico são os rabecões – carros utilizados para coleta de corpos vítimas das mais variadas formas de ocorrências, como afogamentos, incêndios e localizações de cadáveres. O IML conta com apenas dois desses veículos para atendimento de toda a baixada cuiabana e, como se não bastasse o número mínimo, eles apresentam constantes problemas mecânicos.
“Os rabecões também não comportam a demanda, são apenas dois e um sempre está estragado. Em Cuiabá precisa de três rabecões, no mínimo, e ainda tem que atender toda baixada cuiabana. Se tem um corpo em Poconé e outro em Cuiabá, haverá atraso em alguma das ocorrências e isso tem acontecido frequentemente”, conta Alisson Trindade.
Alisson ainda destaca que a Sesp não consegue suprir as demandas e que os problemas continuam os mesmos. “A Sesp vive dizendo que vai comprar novos veículos e que vai melhorar a situação, mas não está mudando nada, eles não estão conseguindo suprir nossa demanda. Os problemas de três meses atrás são os mesmo”.
O presidente do Sindpeco ainda salienta que a população é a que mais sofre com a situação que se estabeleceu. “Quem sofre é o servidor que está ali na frente de trabalho e não consegue realizar os serviços da maneira correta, mas sobre tudo, quem mais sai perdendo é a população”, finaliza.