Na noite desta quarta-feira (23) houve um princípio de tumulto em frente ao Centro de Ressocialização de Cuiabá, antigo Carumbé, quando policiais e um oficial de justiça tentaram ‘empurrar’ alguns presos para dentro do presídio. É que, com a greve dos agentes penitenciários, os presídios não recebem novos detentos e as pessoas que estão na Central de Flagrantes em Cuiabá, mais conhecida como Cisc Planalto, não estão sendo encaminhados para a audiência de custódia e para o sistema prisional.
Segundo o delegado plantonista Rogério da Silva Ferreira, o sistema prisional teria recebido na noite desta quarta-feira (23), os presos que se encontravam na delegacia. Porém, houve mais prisões e o local ainda possui 13 pessoas detidas, entre adolescentes e adultos, que aguardam a audiência de custódia. O delegado explica ainda que nesta quinta-feira (24) não foi feita a entrega dos presos na audiência de custódia.
“O sistema prisional ontem recebeu os presos que estavam na delegacia. O judiciário expediu alguns mandados de prisão, outros tiveram ordem de soltura determinado pela justiça. Hoje nós não fizemos ainda a entrega dos presos na audiência de custódia e nem os que serão encaminhados para as penitenciarias da capital. Só após esse encaminhamento que nós vamos poder dizer se está normalizado ou não”, disse o delegado Rogério Ferreira.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso (Sindspen/MT), João Batista, na noite desta quarta ‘tentaram empurrar’ os presos para dentro do Carumbé e houve atrito entre o oficial de justiça e agentes que estavam de plantão. Sobre a ilegalidade da greve determinada pela Justiça, o presidente disse que não foi notificado da decisão e que a greve é legítima.
“O pessoal se recusou e segundo o oficial de justiça ele determinou, que, caso não recebesse [os presos] iria dar voz de prisão para o plantonista. O pessoal não recebeu e nós convocamos todos os servidores que estavam de folga para ir para frente da unidade para dar apoio para o plantão. Então eles saíram. A princípio eu pensei que eles fossem buscar apoio policial para prender, mas não retornaram mais”, explicou o presidente João Batista.
Segundo a assessoria de imprensa da Corregedoria Geral de Justiça de Mato Grosso (CGJ/MT), os presos que tiveram o acesso bloqueado no Carumbé estão alocados no Fórum da Capital e em delegacias.
A paralisação dos agentes segue até às 18 horas desta sexta-feira (25) e tem como objetivo pressionar o governo para que atenda as reinvindicações da categoria, que é a realização de concurso público e a aprovação da jornada voluntária ‘conforme determina a lei’. Segundo o presidente, está sendo mantidos apenas os serviços essenciais, como alimentação dos presos, segurança, porém não está recebendo novos detentos.
"O Governo tem falado que todas as reivindicações foram atendidas, mas na prática sabemos que não é bem essa a verdade. O edital do concurso ainda não foi lançado, a Jornada voluntária está para ser votada na Assembleia Legislativa, porém está em desacordo com a lei”, disse o presidente João Batista.
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