Foto: Reprodução/VGNews
Dois policiais e outros quatros réus acusados pela morte de três pessoas negaram as acusações sobre a participação no grupo de extermínio que foi desarticulad pela Operação Mercenários. A sessão ocorreu nesta quinta-feira (17) no Fórum de Várzea Grande.
Presos desde abril deste ano, quando foi deflagrada a operação, foram ouvidos os policiais militares, Helbert de França Silva e Jonathan Teodoro de Carvalho. Ainda prestaram depoimento os réus José Edmilson Pires dos Santos, José Francisco Carvalho Pereira, conhecido como Ceará, Jozilmo Silverio dos Santos e Claudiomar Garcia de Carvalho.
Dois funcionários da empresa Aurora Construtora, Edilson Marques de Lima e Itamar Benedito foram ouvidos pelo juiz Otávio Vinicius Affi Peixoto, da Primeira Vara Criminal, como testemunhas arroladas pela acusação.
José Edmilson foi o primeiro réu a prestar depoimento. A promotoria do Ministério Público apresentou vários áudios de ligações telefônicas, autorizados pela Justiça, para que os réus pudessem identificar o teor da conversa e de quem seriam as vozes.
O crime, segundo as investigações do MP, estava marcado para acontecer no dia 12 de abril de 2016, mas algo deu errado e o crime acabou sendo consumado no dia 13, onde foram executadas três pessoas.
Edimilson estava com o réu Jefferson no município de Poconé, no dia anterior ao crime. Ao ser questionado sobre os áudios o réu negou que estaria com um terceiro cúmplice, o Helbert. Sobre um áudio em que falava claramente “vamos logo acabar com esses caras”, Edimilson nega ter conhecimento de quem seriam as vozes, na ligação telefônica entre Helbert e Jefferson. Após não reconhecer os áudios, Edmilson também negou conhecer as vítimas.
No interrogatório de José Francisco, o Ceará, ele também negou qualquer tipo de participação nos atentados. Ele disse que sempre trabalhou como segurança como “freelance”, pois nunca teve vínculo empregatício com os lugares onde era vigia.
O promotor indagou sobre os objetos apreendidos em sua casa quando foi preso. Francisco afirmou que tinha pistola que foi comprada, pois precisava proteger seus filhos. “Eu tenho um filho que foi assassinado há um ano, eu sei quem são os caras, e eu recebia ameaças, então eu comprei a arma mesmo, ela era minha”, declarou.
O réu a todo o momento se dizia inocente, chorando ele disse que não se importaria de estar ali. “Eu não tenho por que ter medo de estar aqui, quero mostrar que sou inocente. Meu filho morreu assassinado se fosse pra eu cometer um crime, mataria os assassinos do meu filho, eu os conheço e sei de onde são, se fosse assim eu já teria vingado meu filho”, afirmou Ceará.
Sobre o crime ao qual seria integrante, o promotor indagou sobre a tentativa de homicídio contra Alan Chagas, ao qual Francisco teria atirado contra o carro de Alan, o réu negou. “Eu nunca dirigi carro”, alegou.
Além dos áudios utilizados, a promotoria afirma que ainda coleta provas dentro do contraditório, ou seja, aos quais os réus terão direito de se defender. “Os fatos imputados aos réus estão sendo comprovados, mas a gente prefere esperar todo o desenrolar dos fatos para ter uma visão sistêmica de todo o processo”, relatou o promotor.
Processo desmembrado
Em outro processo referente a mesma operação, está prevista para esta sexta-feira (18) a oitivas de cerca de 40 testemunhas dentre acusação e defesa, em fase de instrução. A audiência deverá dar sequência aos interrogatórios na segunda-feira (21).
Até o momento, seis denúncias relacionadas à operação foram recebidas e aceitas pelo juiz Otávio Vinicius Affi Peixoto, abrangendo 10 vítimas (nove homicídios e uma tentativa de homicídio) e 16 denunciados, a maioria deles cumprindo prisão preventiva. Mais de 50 testemunhas de acusação já foram arroladas para prestar depoimento.
Operação Mercenários
Deflagrada no dia 26 de abril deste ano, para desarticular uma organização criminosa suspeita de envolvimento em vários crimes de homicídio por encomenda em Várzea Grande, a operação Mercenários cumpriu a prisão de 17 pessoas.
Entre eles seis policiais militares, seis vigilantes, dois mandantes, dois informantes e um gerente de empresa, foram presas sob a suspeita de participar de um esquema conhecido como “comércio da morte”. Segundo as investigações o grupo eliminava alvos mediante pagamento, independente da motivação.