Foto Ahmad Jarrah
A recente morte do jovem Rodrigo Claro, 21 anos, indagou a população a respeito das exigências cobradas nos processos de treinamentos militares. Rodrigo morreu dias após passar mal durante o curso do Corpo de Bombeiros. A instituição informou por meio de nota que o laudo inicial apontou a causa da morte como ‘indefinida’ e que o resultado de um novo laudo deve demorar 15 dias, porém, de acordo com um servidor do Instituto Médico Legal (IML) em Cuiabá, disse que tal resultado deve demorar até 60 dias.
O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso decidiu por afastar a tenente Izadora Ledur, que é responsável pelos treinamentos dos novos soldados da corporação. A oficial está sendo acusada pelos alunos e pela família de Rodrigo de supostos excessos nos treinamento aquático na última semana. A confirmação do afastamento foi feita pelo coronel Alessandro Borges Ferreira, responsável pelo inquérito que vai apurar a fatalidade.
“Inicialmente a causa da morte foi dada como indefinida. O segundo laudo que apontará as reais causas da morte pode demorar até 60 dias para ficar pronto, dependendo da demanda do laboratório do IML”, aponta o técnico em necropsia Valter Ferrari.
Recentemente o Circuito Mato Grosso vem apontando as precáriedades do IML em Cuiabá, como a falta de equipamentos, intalações adequadas, falta de pessoal e a alta demanda de trabalho, além da demora para resoluções dos trabalhos – com famílias tendo que entrar na justiça em alguns dos casos.
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O CASO
O aluno do Curso de Formação do Corpo de Bombeiro de Mato Grosso, Rodrigo Claro, morreu na noite desta terça-feira (15) após passar cinco dias internado no Hospital Jardim Cuiabá, na Capital. Ele deu entrada no hospital com aneurisma cerebral após ter recebido, supostamente, uma série de afogamentos propositais em um processo conhecido como "caldo" durante o curso que era realizado na Lagoa Trevisan. O Corpo de Bombeiros diz que mal-estar teria sido provocado após uma travessia na Lagoa Trevisan.
Durante o velório do jovem realizado na sede 1º Batalhão de Bombeiros Militar, a mãe do aluno, Jane Patrícia Lima Claro, contou que Rodrigo disse a ela durante uma conversa pelo celular que estava com medo antes da aula, pois havia uma tenente que ‘pegava no pé’. “Ele me mandou uma mensagem no mesmo dia, dizendo que estava com muito medo porque uma Tenente que ‘pega no pé’ dele estaria lá. Até parece que ele já sabia o que ia acontecer”, contou a mãe.
O avô do jovem, Jair Patrício de Lima, conta que colegas do aluno disseram que Rodrigo teria sido afogado diversas vezes. “Meu neto foi retirado de lá pelos colegas, eles disseram que Rodrigo foi afogado várias vezes. Eles também relataram que ele fez a travessia da lagoa e disse que não aguentava, mas que os instrutores o obrigaram a retornar”.
Por meio de assessoria de imprensa, o Corpo de Bombeiros informou lamentar a morte do jovem e que está dando todo apoio à família. Disse também que um inquérito policial foi aberto para apurar os fatos.
BOMBEIROS
De acordo com o diretor de administração institucional do Corpo de Bombeiros, coronel Alessandro Borges Ferreira. A instituição perderia a credibilidade caso fosse comprovado a existência de abusos e não fossem tomadas as devidas providências. “Nós estamos sendo transparentes. O que não pode acontecer é não tomarmos providências caso alguma coisa tenha acontecido, aí sim perderíamos a credibilidade”.
O coronel explica também que a instituição irá explicar o que de fato aconteceu após o resultado do inquérito. “Já nos posicionamos por meio de nota, estamos dando apoio aos familiares e abrimos um procedimento para apurar as causas e que vai buscar a verdade. Assim vamos conhecer todos os fatos. Estaremos aqui para divulgar o resultado do inquérito e explicar o que de fato aconteceu”.
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