Mais de dez vítimas já confirmaram na polícia que pagaram para ser operadas no hospital da cidade de Colina, em São Paulo. O hospital é público, mantido pelo SUS e por isso não pode cobrar nada dos pacientes. Mas uma mulher relatou que foi ameaçada durante uma cirurgia, por não ter concordado em 'colaborar' com os responsáveis pela operação dela.
Uma das vítimas, que não quer ser identificada por medo, passou por uma cirurgia pelo SUS, em um hospital público de Colina.O médico cobrou R$ 1.300 pelo procedimento e o anestesista teria exigido mais 40% do valor. Como ela não sabia de nada, o drama começou no centro cirúrgico. "Falou que era pra eu ser sincera, se eu estava pagando ou não a cirurgia. Aí eu falei que não sabia, que meus filhos que tinham combinado. Ele falou para a enfermeira que ele não trabalhava de graça nem para mãe dele. Ele me aplicou [a anestesia]. Na hora que começou a cirurgia, eu reclamei que eu tava sentindo tudo. Aí o médico que estava fazendo a cirurgia falou 'você não aplicou toda a anestesia?', e ele falou que tinha aplicado. Eu falei: não, o senhor não aplicou. Eu vi quando o senhor jogou aqui no chão", conta a vítima que relata ter sentido muita dor.
A cirurgia durou quatro horas. Quando ela acordou, falou para os funcionários do hospital e familiares. "Eu denunciei, meu filho pensou que eu tava delirando".
Os dois médicos – o anestesista e o urologista – foram indiciados pela polícia e denunciados pelo Ministério Público pelo crime de corrupção. São acusados de cobrar por cirurgias e anestesias de pacientes internados pelo SUS e foram proibidos pela Justiça de entrar no hospital público de Colina. Os médicos recebiam duas vezes: uma dos pacientes e uma do Sistema Único de Saúde.
O provedor do hospital também está sendo investigado porque, de acordo com uma das vítimas, ele sabia do esquema de corrupção dos médicos e não tomou nenhuma providência. O delegado Fernando César Galetti disse que intaurou dos inquéritos e recebeu mais de dez denúncias, mas não pode falar muito porque o processo segue em segredo de Justiça. "Nós estamos comparecendo todo dia no hospital para verificar se realmente esses médicos não estão exercendo suas atividades lá. A pena pode chegar a até 12 anos de prisão e a perda do cargo público", afirma o delegado.
O provedor do hospital de Colina disse que a investigação corre em segredo de Justiça e por isso não pode falar sobre o assunto. Pelo mesmo motivo os nomes dos médicos não foram divulgados.
Fonte: G1