Nicolás Maduro fala durante seu programa semanal em Caracas (Foto: Palácio Miraflores/Reuters)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ampliou por mais 60 dias, neste domingo (13), o estado de exceção e emergência econômica em vigor desde janeiro passado.
"Procedo constitucionalmente a prorrogar o estado de exceção e emergência econômica em todo o território nacional (…) para continuar governando e enfrentando a guerra econômica, apoiando o povo", disse Maduro, em seu programa semanal de televisão.
O chefe de Estado acusa o empresariado venezuelano de executar, junto com a oposição, "uma guerra econômica" para provocar escassez de alimentos, remédios e produtos básicos, gerando insatisfação popular.
O anúncio de Maduro foi feito um dia depois de delegados do governo e da oposição terem acordado, no âmbito de uma mesa de diálogo, "priorizar" medidas para melhorar o abastecimento.
Trata-se da quinta prorrogação do estado de exceção, após as edições de março, maio, julho e setembro. Nenhuma das extensões foi validada pelo Parlamento, e sim pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).
Antecipação de eleição
Maduro, descartou neste domingo (13) a possibilidade de negociar uma antecipação das eleições, ou a reativação de um referendo revogatório, no diálogo em curso com a oposição. "Saída eleitoral? Saída para onde? (…) Que ninguém fique obcecado com processos eleitorais que não estão na Constituição", advertiu Maduro.
Ele garantiu que a mesa de diálogo "vai bem", após os primeiros acordos firmados por ambas as partes no sábado (12), mas acusou a oposição de desvirtuar seu conteúdo. Um dos negociadores da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Carlos Ocariz, disse que a coalizão se manterá no diálogo "até obter o mais importante: eleições nacionais e referendo revogatório".
Maduro ironizou a declaração. "A MUD continuará na mesa até conseguir a saída eleitoral. Me alegra muito que a MUD vá continuar na mesa de diálogo até dezembro de 2018", afirmou, referindo-se à data prevista para a próxima eleição presidencial.
O processo para a realização do referendo contra Maduro foi suspenso em 20 de outubro passado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Pedido a Obama
O presidente da Venezuela também fez um apelo a Barack Obama, neste domingo (13), para que revogue o decreto que classifica seu governo como uma "ameaça" antes de entregar o poder ao republicano Donald Trump no início do ano que vem.
"Aspiro a que (o presidente) Barack Obama corrija antes de finalizar seu governo e derrogue o decreto que considera a Venezuela uma ameaça incomum e extraordinária para a segurança dos Estados Unidos", declarou Maduro, em seu programa semanal de televisão.
"Senhor Obama, você pode ganhar o respeito e a confiança da Venezuela", acrescentou.
Washington declarou a Venezuela como uma "ameaça" em 2015, sendo mais um capítulo nas tensas relações bilaterais desde o governo do falecido Hugo Chávez (1999-2013).
Maduro disse que, nos próximos dias, conversará com o secretário de Estado americano, John Kerry, para lhe pedir que "diga a Barack Obama que derrogue o decreto contra a Venezuela antes de deixar o poder", em 20 de janeiro próximo.
"Eu já mandei três cartas para Obama e ainda não me respondeu", acrescentou.
Fonte: G1