Jurídico

Força-tarefa monitora ‘acordo’ entre políticos e empresas em ofensiva do Congresso

A Operação Lava Jato suspeita de um acordo entre políticos e empreiteiras na maior ofensiva do Congresso Nacional para tentar barrar as investigações sobre formação de cartel, desvios e corrupção na Petrobrás. Na avaliação dos investigadores, as recentes propostas de lei que dificultam o avanço dos processos revelam a “união de forças”.

Para integrantes da Lava Jato, o “acordão” seria a “cartada final” de investigados e também de políticos e empresários que ainda não são foco do escândalo. Segundo apurou o Estado, a articulação estaria em curso para ser executada antes da conclusão da delação premiada da Odebrecht, prestes a ser assinada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

“É o abraço dos afogados”, disse ao Estado um dos integrantes da força-tarefa.

A alteração na Lei Anticorrupção, de 2013, no artigo que trata de acordo de leniência – a delação premiada de empresas – foi considerada publicamente pelos procuradores da República, em Curitiba, como uma ação velada para “enterrar” a Lava Jato.

O substitutivo debatido no Congresso na semana passada estipula que executivos que fecharem acordo de leniência administrativo serão isentos de imputação de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, que têm previsão de pena de prisão.

Para os investigadores da Lava Jato, a reação de políticos e empresários era esperada. “A cultura da corrupção está acuada e está reagindo”, afirmou o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima.

“Essa é uma reação que também aconteceu na Itália (contra a Operação Mãos Limpas). A economia está pendido para que a situação não piore e atribuindo à Lava Jato uma culpa que não é nossa.”

Pacote. A proposta é apenas uma das cinco medidas duramente atacas publicamente por procuradores da força-tarefa da Lava Jato na última semana. Além da mudança nas regras de acordos de leniência, os procuradores criticam também a proposta da Lei de Abuso de Autoridade, defendida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a proposta de anistia para o caixa-2 e as repatriações.

“Caixa-2 é crime. Não existe caixa-2 inocente, ele vem de uma prática de lavar dinheiro de crimes antecedentes. Nos preocupa um contexto em que nossos representantes políticos fala em anistia do caixa-2”, afirmou o procurador da República Roberson Pozzobon.

“Este fim de ano será o momento mais delicado dos quase três anos de investigações”, prevê Carlos Lima.

Fonte: Estadão

 

 

Redação

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