Peritos encontraram cartuchos de balas calibre .40 de três origens diferentes perto dos cinco corpos achados domingo (6) em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo. De acordo com o SPTV, alguns são de um lote comprado pela Polícia Militar (PM), outros comprados pela Polícia Civil, e o restante de origem desconhecida.
O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) apura se policiais ou criminosos participaram da chacina no terreno em Mogi.
Para a investigação, há fortes indícios de que os corpos sejam mesmo dos cinco rapazes que desapareceram no dia 21 de outubro, quando saíram de carro de São Paulo em direção a uma festa em Ribeirão Pires, região metropolitana. O veículo foi encontrado abandonado na capital, no dia 23.
Dois dos cadáveres foram identificados preliminarmente por digitais como sendo de Caíque Henrique de Machado Silva, de 18 anos, e do cadeirante Robson Fernando Donato de Paula, de 16. Eles estavam no grupo que sumiu, juntamente com Jonathan Moreira, 18; Cesar Augusto Gomes, 19; e Jones Januário, 30.
O Instituto Médico Legal (IML) ainda não confirmou se os outros três corpos são de Jonathan, Cesar e Jones. Eles passarão por exames de DNA. Antes de desaparecerem, os cinco amigos haviam marcado pelo Facebook um encontro com garotas.
Além dos cartuchos de calibres .40, que são usados pelas forças de segurança do estado de São Paulo, também foram encontrados cartuchos calibre 12 e 38. Policiais disseram que encontraram marcas de calibres 38 nos corpos.
De acordo com o SPTV, o secretário da Segurança Pública de São Paulo (SSP), Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou nesta terça-feira (8) que a polícia trabalha com três hipóteses para tentar esclarecer as mortes: violência policial, acerto de contas com criminosos, ou vingança por parte de guardas civis.
O titular da pasta havia dito na segunda-feira (7) que um dos pontos a ser investigado é sobre possível extravio de munição da polícia, que, segundo ele, ocorre “às vezes”.
Violência policial
Na hipótese de os cinco terem sido mortos por violência policial, o DHPP apura se os rapazes foram mortos por policiais pelo fato de quatro deles já terem tido passagens criminais na adolescência e na idade adulta.
Alguns dos desaparecidos chegaram a cumprir medidas sócio-educativas na Fundação Casa, para menores infratores, e outros tinham sido presos. Entre os crimes comtidos estão roubo e tráfico de drogas.
Acerto de contas
A hipótese de acerto de contas apura se os rapazes teriam batido no carro de um traficante recentemente e, como não pagaram o conserto, acabaram mortos por criminosos.
Vingança de guardas
Na hipótese que investiga se os jovens foram mortos por guardas civis, o DHPP apura se eles foram executados por vingança. Em 24 de setembro, um guarda de Santo André, no ABC, foi morto durante assalto e o carro dele foi encontrado perto do bairro onde os rapazes moravam.
Consulta e WhatsApp
Outros indícios investigados reforçam a possibilidade de queima de arquivo por parte de agentes de segurança pública.
Um deles se refere ao fato de que policiais militares consultaram a ficha dos rapazes dias antes deles desaparecerem. De acordo com o SPTV, os policiais foram ouvidos pela investigação do DHPP e disseram que a consulta foi feita durante abordagem de rotina nos dias 2 e 9 de outubro.
Outro indício que é apurado é um áudio, obtido pelo G1, no qual Jonathan enviou uma mensagem de WhatsApp para o celular de uma amiga (veja e ouça no vídeo acima). Na conversa, ocorrida às 23h do dia 21 de outubro, quando ele e seus amigos sumiram, o jovem diz a ela que não poderia mais vê-la no ponto de encontro combinado porque estava sendo parado numa blitz policial.
"Ei, tio. Acabei de tomar um enquandro, ali. Os 'polícia' tá me esculachando. Não vai ter como encostar no 'duas pistas, não, mano. Cê é louco, o bagulho tá louco!".
Condepe
De acordo com o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), a família de uma dos rapazes sumidos quer entrar no programa de proteção à testemunha após relatar intimidações por policiais.
Fonte: G1