Opinião

DOCUMENTARISTA REVELA PANTANAL DOS PANTANAIS

(ou Pantanal de pai para filha)

Quantos pantanais existem no Pantanal? Mais de 10 mil quilômetros rodados por 11 sub-regiões do bioma, durante dois meses, foi o que Marcelo de Paula, Carla Mendes, sua mulher, e Morgana, a filhota de 7 anos, percorreram para explorar as múltiplas facetas do bioma.

O material, reunido para um longa-metragem e uma série de TV, começa a ser editado na casa da família, em Cabo Frio, estado do Rio de Janeiro, logo após o fim da aventura que durou 2 meses.

Eles passaram por Aquidauana, Bodoquena, Miranda, Porto Murtinho, Corumbá, Rio Verde, Coxim e Sonora, em Mato Grosso do Sul e Barão de Melgaço, Santo Antônio do Leverger, Poconé e Cáceres, em Mato Grosso. Reuniram informações ambientais, exploraram as questões sócio-culturais, históricas, destacando aspectos econômicos, turísticos e as tradições pantaneiras.

As imagens foram produzidas em terra, água e ar, com drones e equipamentos subaquáticos. Os temas do roteiro idealizado por Marcelo foram abordados em 25 depoimentos. O cavalo pantaneiro, o gado Caracu, a pesca profissional, a Estação Ecológica de Taiamã, o chapéu Carandá, o artesanato de couro de peixe, são alguns deles.

O fotógrafo esteve pela primeira vez no Pantanal em 1983 quando tinha 18 anos. A última, muitos prêmios, filmes, séries e fotos depois, em 2008. Nem Morgana, sua filha de 7 anos, membro da expedição, é novata. Foi batizada em Bonito quanto tinha 9 meses, na viagem anterior.

“Ela tem talento para a fotografia”, avalia. “A viagem foi muito importante para o seu amadurecimento e crescimento. Teve aulas geográficas ambientais “in loco”. Comeu jacaré, tomou Tereré…  isso só fez engrandecer o “HD” dela. Vai estar nas próximas” decreta com o apoio incondicional da mulher, Carla Mendes.

À sua lista de atividades de produtora e editora, conhecedora do processo de produção audiovisual de cabo a rabo, ela incorporou outras tarefas. “Não dá para separar as coisas, a função é tripla: produtora, mãe e professora. As atividades da escola eram feitas comigo”, explica, lembrando que fez a segunda câmera e o making of. “A percepção precisou ser ampliada. Agora, é cuidar de mim e dela. Foi difícil, mas sempre soubemos que seria assim. Sempre quisemos que fosse todo mundo junto”.

Para Marcelo, o que mais mudou desde a última visita foram as condições do patrimônio publico e histórico das cidades visitadas. “Quando estávamos em Cáceres o Ministério Público entrou com uma ação contra o IPHAN pelo abandono do patrimônio histórico”, lembra.

Ele destaca, também, o caso do impacto das áreas públicas do Pantanal. “As reservas federais estão em condições mais razoáveis, mas onde o poder público não chega o descaso é total. A fiscalização é precária e os parques estaduais só existem no papel, tanto em Mato Grosso como em Mato Grosso do Sul”.

Nos locais privados explica que houve uma conscientização maior. As fazendas preservam e não geram grande impacto. O poder privado avança muito mais, avalia ressaltando que “a carta da Caiaman assinada recentemente, envolveu o todos os agentes, mas a iniciativa partiu do poder privado”.

Agora, explorar e editar os registros recolhidos para o longa “Pantanais do Pantanal”, produzido pela Código Solar, produtora do casal, é o principal. A série para TV será desenvolvida com calma. “Estamos na fase inicial da edição do filme. Ela deve ir até janeiro”, calcula. “O lançamento temático será no Rio de Janeiro, depois vamos viajar levando o filme até nossos parceiros”.

Bom, falta a opinião de Morgana, a menina que fez história por ser a primeira criança a visitar a Estação Ecológica de Taiamã. “Gostei bastante das onças e dos outros bichos”, conta ela pelo whatsapp. “Queria voltar o mais rápido possível, mas estou muito cansada. Mas, depois, vou voltar de novo!”

Valéria del Cueto

About Author

Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Ponta do Leme”, do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

Você também pode se interessar

Opinião

Dos Pampas ao Chaco

E, assim, retorno  à querência, campeando recuerdos como diz amúsica da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul.
Opinião

Um caminho para o sucesso

Os ambientes de trabalho estão cheios de “puxa-sacos”, que acreditam que quem nos promove na carreira é o dono do