Como já disse Simon and Garfunkel “..o silêncio, assim como o câncer mata.” Este final de semana durante uma aula de resiliência onde os alunos tinham que contar a biografia de alguém da família, aconteceram momentos de emoções intensas e libertações. Uma das alunas que NUNCA tinha contado a história dela para ninguém quando acabou, olhou pra mim e disse: me sinto mais leve, mais livre. Neste momento tive um insight, é claro, quando falamos (com quem confiamos) estamos dividindo a dor e ao mesmo tempo ouvindo mais uma vez, agora com menos emoção. Por isso a psicoterapia ajuda tanto. Nada tem uma causa só.
Existem inúmeros pontos de vista, e quando não falamos, elaboramos apenas com base na nossa visão da situação, e temos muitos pontos cegos. Por que as mulheres enfartam menos? Uma das razões é porque a maioria de nós fala. Quantas vezes durante minhas sessões de terapia eu percebi algo que demoraria muito para perceber sozinha. Temos dores parecidas, mas temos o mesmo objetivo: sermos felizes. Algum tempo atrás, a revista Superinteressante publicou um artigo falando sobre isso “…Rever o passado. Entre psicólogos, é comum ouvir a frase “o passado muda todo dia”. A ideia é que podemos voltar aos fatos do passado que mais nos atormentam e reavaliá-los, dando a eles outro significado. Fazer uma “arqueologia da alma”, como dizia Freud, passa por descobrir como nossos pais e os desejos deles influenciaram a nossa vida.
Uma passagem de Cartas a um Jovem Terapeuta, do psicanalista Contardo Calligaris, explica por que a infância assume papel tão importante na terapia: “Não é porque os eventos da infância sejam mais marcantes do que os de hoje, mas porque os eventos de hoje tomam relevância e sentido a partir de nosso passado e, portanto, de nossa infância. Tomar consciência. É quando o paciente descobre o que faz com a própria vida e tenta vislumbrar o motivo por trás de suas ações. Geralmente a tomada de consciência provoca descobertas revolucionárias sobre si próprio, do tipo: “Minha mulher morreu há 3 anos e desde então vivo fingindo que ela está viva” ou “Sou ranzinza e intolerante com as pessoas da mesma forma como ajo comigo mesmo”.
Responsabilizar-se. Depois que a pessoa se dá conta de seus traços de comportamento, vem a hora de tomar para si a responsabilidade pelos problemas e deixar de culpar os outros – os pais, o chefe, a sociedade ou o marido que decidiu ir embora. Como diz o psiquiatra Yalom no livro O Carrasco do Amor: “Se a pessoa não se sente responsável pelas próprias dificuldades, como, então, ela será capaz de modificar sua situação?” Não significa se culpar pelos infortúnios da vida. “Culpar-se é querer se castigar. Responsabilizar-se é querer mudar…” Fale. Namastê