Com Felipe Leonel/ Cátia Alves
Neste mês de outubro, está acontecendo no Fórum da Capital, os interrogatórios dos réus e testemunhas arroladas dos envolvidos na Operação Imperador que apura o desvio de R$ 62 milhões (R$ 70 milhões em valores atualizados), da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) em 2015. Todos estão sendo interrogados pela juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal.
Na manhã desta sexta-feira (28) a juíza está ouvindo o depoimento do empresário Elias Abraão Nassarden Junior, filho de Elias Nassarden, que firmou delação premiada com o Ministério Público. O réu seria o último a ser ouvido pela juíza, que após a delação resolveu antecipar o depoimento.
Nesta terça-feira (25), foram ouvidos a ex-secretária de Estado de Cultura, Janete Riva, deputado estadual Mauro Savi (testemunha), Silvano Ferreira Amaral (testemunha), Edson José Menezes (réu) e do réu Manoel Teodoro dos Santos.
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10h40 – A juíza Selma Arruda começou a audiência alertando ao colaborador premiado para que não blinde ninguém, "doa a quem doer", disse.
Elias Abraão Nassarden Junior começou o depoimento afirmando que são verdadeiras as ações criminosas praticadas dentro da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) investigadas na Operação Imperador. O empresário disse que em 2002, teria fechado um contrato no valor de R$ 15 mil, mas que o deputado Nico Baracat (já falecido) teria liberado uma carta convite de R$ 39 mil.
11h00 – Elias contou que o primeiro contato com a AL se deu através do ex-deputado Nico Baracat. Ele relatou que os integrantes pediram para que ele ficasse com 12% do pagamento e devolvesse 88%, sobre os serviços contratados e não realizados. Em 2005, ele conta que Nivaldo de Araújo, que era responsável pelas licitações, disse que haveria mudanças dentro da Casa. Elias explica que a carta convite era para ações de até R$ 80 mil, mas que no novo procedimento esse valor seria maior.
11h15 – Elias explica como foi a transição da negociação, que antes era realizada por Nivaldo e passou para Edemar Adams (já falecido), ex-secretario geral da AL. Este teria pedido cautela ao grupo. "Quem aqui quer ser preso? Então vamos ter cuidado", teria alertado. No final de 2005, Edemar teria chamado Elias e dito que ele seria contemplado com um lote maior.
A juíza questionou como funcionava o processo. Elias respondeu que era feita de forma "correta, mas já sabíamos que íamos ganhar." Elias conta que em um contrato de R$ 500 mil, ele entregava apenas R$ 10 mil em mercadorias.
11h30 – Edemar Adams teria chamado Elias na AL e pedido para que ele não voltasse mais na Casa. "Elias, estamos sendo monitorados, para de vir aqui na AL", narra Elias. Ele ainda perguntou a Elias se ele não queria sair do Estado. O fato teria ocorrido entre 2009 e 2010. Elias disse que foi instruído para quando o proucurassem ele, para saber o que iria dizer. "Toma esse documento para você estudar e ficar por dentro do que está acontecendo". "Ele me deu um cheque no nome de Luiz Pagot. E foi dito para ele que se 'se perguntarem é seu'"
11h50 – Em 2010, Edemar Adams faleceu e, depois disso, Elias conta que não teve mais participação no esquema. Durante as fraudes, ele afirma que só teve um encontro com José Riva e que Edemar Adams lhe contava que o dinheiro desviado ia para o "sistema", ou seja, para deputados, mas sem dizer quais.
12h00 – O empresário terminar de depor para a magistrada Elias Nassarden conta sua história de vida e se emociona e afirma que esse teria sido o maior erra da vida. "Se puxar o meu currículo poderão ver que antes disso eu sempre fui muito certo e depois fui muito correto também.Esse foi o maior erro da minha vida", diz ele com a voz embargada.
12h11 -A palavra passa agora para o promotor Marcos Bulhões, do Ministério Público de Mato Grosso. O promotor começou questionando Elias, se as empresas envolvidas no esquema tinha endereço fixo e se tinham como cliente exclusicamente a Assembleia. Elias afirmou que a Real tinha como unico cliente a ALMT. Elias conta que foi ter contato com os demais empresários no final de 2005, quando Edemar teria oferecido a ele um lote maior. Ele disse ainda que participou do esquema somente até 2009 e depois disso não prejudicou mais ninguém.
12h20 – Elias diz que ele mesmo fazia saques, às vezes pedia para seu irmão, Jean e também para Leonardo, fazerem saques do dinheiro desviado. Mas não contava para eles a origem e nem o destino do dinheiro. Ele diz que nunca foi questionado sobre a quantia do dinheiro. Sobre as vezes que fez entrega dos materiais, ele conta que ele mesmo, as vezes deixava direto no almoxarifado da ALMT. "Foram poucas vezes em que eu entregava, era uma média entre 20 a 50 tonner".
Ao ser questionado dos valores que realmente foram entregues, através dos serviços prestados, ele afirma que teria sido muito pouco. "Foi muito. De um total de R$ 40 milhões, acho que uns R$ 500 mil foram entregues", afirma o empresário.
Entenda a Operação
A operação Imperador que apura o desvio de R$62 milhões da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) foi deflagrada no dia 21 de fevereiro de 2015 pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) com o propósito de desarticular um esquema criminoso que desviou recursos milionários da ALMT por meio de fraude na aquisição de materiais de expediente.
O principal alvo desta Operação é o ex-deputado estadual José Riva, que na época dos fatos respondia pela presidência da Assembleia. Ele é acusado de ser o chefe da organização criminosa e chegou a ser preso, mas conseguiu habeas corpus. A defesa nega envolvimento do ex-deputado esquema.
De acordo com o Gaeco, o esquema se dava por meio de falsas aquisições de materiais de expediente junto a cinco empresas do ramo de papelaria, onde todas eram de “fachada”.