Cidades

Moradores do São Mateus relatam momentos de temor durante temporal; vídeos e fotos

Imagens: Willian Matos

A chuva que caiu nesta quarta-feira (26) à tarde e no começo da noite em Cuiabá foi suficiente para inundar diversos pontos da cidade. O Corpo de Bombeiros registrou cinco ocorrências de queda de árvores e 15 inundações. No bairro São Mateus, na Capital, os moradores viveram momentos de medo. Casas foram alagadas e todos ainda estavam muito assustados na manhã desta quinta-feira (27) quando a equipe do jornal Circuito Mato Grosso foi até o local.

“Dá para contar nos dedos a quantidade de casas que não inundaram”, disse uma moradora do bairro Dom Aquino, próximo a Avenida Carmindo de Campos. O córrego subiu quase cinco metros, inundando casas e trazendo prejuízos para os moradores. Roupas, alimentos, aparelhos domésticos foram estragados pela água.

As enchentes são frequentes, afirma a moradora Sandra Maria de Melo, 47, que reside no bairro há dez anos. Há uma semana, ela escorregou no lodo formado por outra enchente e machucou o braço. Agora, a água invadiu a casa dela e destruiu colchão, roupas e alimentos. “Eu fiquei assustada, só ficou eu e as crianças dela [vizinha]. Perdi mantimento, roupa que tive que jogar fora por que não teve como recuperar, tanta coisa. E não adianta falar nada, se sair daqui para onde a gente vai, embaixo da ponte?”, questionou.

Morador do bairro há 25 anos, Gonçalo Moura Delgado, 54, reclama da construção de uma ponte próximo a Avenida Beira Rio e que esse seria o motivo desta inundação, que segundo ele “foi a maior que eu já vi”. “Na semana passada deu uma chuva e transbordou o córrego aqui, a agua chegou a passar por cima da ponte. Não sobrou uma casa que a água não entrou. Eu moro aqui há 25 anos, mas foi há pouco tempo que fizeram uma ponte ali na Beira Rio e começou esses transtornos”, disse.

Após terminar a limpeza na sua casa, a dona de casa Laurilene Jurema Rondon, foi prestar solidariedade para a vizinha, que mora ao lado. Ela teve a casa alagada, a água superou a marca de um metro dentro da residência e a família teve que se deslocar para a casa de um parente, para passar a noite. “Foi muito dificultoso, passei mal, chorei. Aqui a gente tem que ser solidário, é um ajudando o outro. Nesse momento difícil, a gente tem que se unir para ajudar, por que aqui nós não temos ninguém, a não ser Deus e nós mesmos. Nós não temos prefeito, vereadores, estamos largados.”

O pintor Jonas da Silva Oliveira, 43, mora ao lado do córrego com a esposa e três filhos. Ele conta que quando água começou subir, começou a colocar os móveis em lugares mais altos para evitar prejuízos. Como o alicerce da residência onde mora é mais alto, a água inundou apenas o quintal, mas o susto foi grande. “Eu fiquei preocupado, por que a gente tem criança pequena. Mas, graças a Deus teve uma hora que a chuva começou a parar e o córrego começou a esvaziar. Quando chove assim não tem jeito, sempre alaga.”

A população também reclama dos próprios moradores, que jogam lixo no córrego. Colchão, televisões, portas de metal e muitas sacolas plásticas podem ser vistas no local. “O pessoal aqui também não colabora, joga lixo no córrego, aí fica mais difícil por que quando enche a água traz todas as tranqueiras para dentro de casa”, reclamou um dos moradores. 

Por telefone, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Cuiabá informou que é feito a limpeza para evitar que as bocas de lobo se obstruam e aumente a possibilidade das enchentes. Disse ainda que a Defesa Civil do município está desde ontem, quando começou a chuva, até o começo da tarde desta quinta-feira (27), atendendo os bairros que foram atingidos por inundações e outros problemas. O órgão está realizando um levantamento que será divulgado mais tarde. 

 

 

 

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Felipe Leonel

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