Política

Em delação, empresário revela que usou familiares como laranja em esquema na AL

Com Cátia Alves

O empresário Elias Nassardem Junior, um dos réus na Operação Imperador, celebrou um acordo de delação premiada com o Ministério Público e o termo foi entregue a juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal, nesta terça-feira (25), durante uma audiência de instrução do mesmo processo, onde foram ouvidos a ex-secretária de Cultura Janete Riva, o deputado Estadual Mauro Savi  e outros.

De acordo com o promotor de justiça Marcos Bulhões, Elias Júnior era responsável por todas as empresas que participaram do esquema e recebia propina da Assembleia Legislativa. "Ele apenas emitia as notas fiscais, recebia o dinheiro da Assembleia, sacava em dinheiro e entregava para o senhor Ademar Adams", que segundo a tese do MP era quem repassa o dinheiro para José Riva.

O promotor explicou que Júnior recebia e passava o dinheiro da AL para os dono das outras empresas e ficava com uma porcentagem para ele, como vantagem. "Dos R$ 40 milhões, uma parte ficava com o Elias como recompensa por participar do esquema e o restante ele devolvia", afirmou Bulhões.

As empresas que Elias Júnior atuava eram do ramo de papelaria, e de acordo com os documentos elas não existiam de fato. O promotor critica a quantidade de material que os envolvidos alegam que usavam na Casa Cidadã. "Era um absurdo a quantidade que eles alegavam que era utilizado na Assembleia, mas que na verdade nem eram entregues, pois a empresa não existia de fato", assinalou.

Consta nos autos que são cinco empresas ao todo, sendo três participantes de pregões e duas lavavam o dinheiro público desviado. Elias seria sócio apenas de uma empresa e as outras ele utilizou o nome de pessoas próximas, incluindo familiarres como laranjas. O promotor também afirmou que em valores atualizados, o desvio pode chegar a R$ 70 milhões.

Leia mais: Juíza cancela audiências após anunciar que réu firmou acordo de delação

Na colaboração premiada, o Elias Júnior fala que ele tinha contato com o Ademar e com o José Riva e que chegou a entregar dinheiro a Riva. Dos demais réus que atestaram receber propina nessa ação, ele alega que não tinha contato. "Ele não entregava, mas esporadicamente as pessoas ligavam para ele pedindo material. Então quando alguém pedia, ele levava uma caixa de algum material até a AL", relatou Marcos Bulhões.

O promotor salientou que mesmo que Elias Júnior tenha assumido que administrava tudo não isentará os demais réus. "A partir do momento em que você empresta o seu nome para servir de laranja, você está praticando um crime. A partir desta colaboração, os fatos que foram apresentados e que corresponderem a crimes e não estão narrados nas denúncias terão que ser denunciados de novo", explicou Bulhões.

Valquiria Castil

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