Ontem foi aniversário da pessoa mais maravilhosa que eu conheço: meu filho Joãozinho. Desde que nasceu, é um amor de criança. Lembro muito bem até hoje, estávamos andando nas arborizadas ruas do Bairro de Palermo Viejo, em Buenos Aires, quando uma senhora, com seus 70 e poucos anos, nos abordou no meio da rua.
– Madre de Dios!
Assustada, Flor olha pra mim. A senhora notou o constrangimento e logo foi se desculpando.
– No..No…No… No te preocupas… Escucheme. Su hijo es maravilloso. Es una en un millón. Es muy gracioso!
E Joãozinho sorriu. Sorriu como sempre faz. Acalma os ânimos de quem está perto. Sujeito de alma buena. Lembro que sempre que brigo com minha mãe, coisa não muito difícil de acontecer, ele dispara quando começo a reclamar:
– Papai…… Não me coloca nessa não. Eu sou da paz. Eu não quero brigar com ninguém.
Não que ele seja calminho. Filho meu calminho é difícil. A professora diz que sempre que ela chama a atenção dos amiguinhos na escola, e eles não obedecem, Joãozinho logo se irrita com todos. Aliás, na escola é um fenômeno. No último boletim simplesmente 6 notas 9.5 em 11 matérias.
– Ai, ai – escuto em tom de profunda tristeza.
Olho e vejo que é Joãozinho, sozinho numa mesa, em plena festa de aniversário.
– O que foi meu filho?
– Nada.
– Como assim nada, tá aí toda triste?
– NADA, PAI! NADA!
– O que é isso? Gritando desse jeito com seu pai???? QUER FICAR DE CASTIGO NO DIA DO SEU ANIVERSÁRIO????
– Não é nada pai! É só que não tinha nenhuma cartinha X nesse pacote de cartinha pokemon!!!!! Pode me deixar???
– Levanta agora e não abre mas nenhum presente! Agora é hora de brincar.
Joãozinho levanta e vai correndo ao encontro dos amiguinhos da escola. No meio do caminho, volta correndo e me dá um abraço apertado.
– Pai… pode cuidar das cartinhas pra mim?
– Claro, meu filho.
Coloco as cartinhas na bermuda, e dou um sorriso. De alguma forma senti meu pai ali.Com muito orgulho do seu netinho.