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Assaltos sobem 25% em Cuiabá e 45% em Várzea Grande

É certo, muitos já foram vítimas da criminalidade ou têm um familiar, amigo ou conhecido que ficou na mira de bandidos em Mato Grosso. Seja pelo roubo de um celular ou até mesmo em assaltos a residências, comércios, latrocínios. Os assaltos estão subindo em grande proporção e cada vez mais a população sente o clima de insegurança.

Só em Cuiabá foram registradas 7.641 ocorrências até 30 de setembro deste ano, o equivalente a 28 roubos registrados todos os dias na capital. Dado teve um acréscimo de 25% em relação a 2015. Em Várzea Grande, foram 4.818 ocorrências registradas em 2016 contra 2.692 em 2015. Acréscimo de 42% dos casos.

Em Cuiabá os roubos de veículos tiveram um acréscimo de 21% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 780 veículos roubados até 30 de setembros de 2016, o equivalente a três por dia. Em Várzea grande as ocorrências também deram um salto de 350 casos em 2015 para 416 neste ano. Acréscimo de 19%.

Os casos de roubo seguido de morte tiveram um leve acréscimo. Em Cuiabá foram 11 ocorrências registradas até 30 de setembro de 2015 e 16 no mesmo período deste ano. Em Várzea Grande as ocorrências subiram de 10 casos no ano passado para 13 no mesmo período deste ano.

Até 30 de setembro, 155 pessoas foram executadas em Cuiabá, uma queda de 10% em relação ao mesmo período de 2015, quando 173 casos foram registrados. Em Várzea Grande, os números representam uma leve queda, de 113 casos em 2015 para 104 este ano.

HOMICÍDIOS

A Secretaria de Estado e Segurança Pública (Sesp) tem investido em operações cujas ações são realizadas pelas forças de segurança de maneira integrada, de forma a buscar melhores resultados.

“Essas operações são realizadas com foco em certas modalidades de crimes, como tráfico de drogas, roubo e furto. A Operação Bairro Seguro também tem nos ajudado a reduzir os números”, explica o Secretário Adjunto de Integração Operacional.

Ele destaca que essas ações nos bairros considerados violentos têm ajudado a controlar e diminuir os índices de criminalidade, como no caso dos homicídios, por exemplo.

Nos três primeiros meses de 2016 os números de homicídios chegaram a um estado crítico, com um acréscimo que ultrapassava a casa dos 40% em relação ao mesmo período de 2015. Esse dado foi mudado de maneira positiva, chegando à atual marca de 10% menos homicídios que o ano passado. 

“Através desse trabalho integrado a gente tem conseguido reduzir os índices, principalmente de homicídios. Nós saímos de um patamar onde estavam 46% a mais que o ano passado para 10% menos”, aponta o secretário.

Roubos de carro abastece comércio clandestino de peças

Na tarde de segunda feira (17), quatro suspeitos foram presos após roubar uma caminhonete em uma concessionária no Bairro Bosque da Saúde em Cuiabá. Eles estavam armados e levaram diversos pertences das vítimas.

Houve perseguição e troca de tiros, assustando moradores e a quem passava pela região. Dois dos criminosos foram baleados na perna e um terá que amputar o membro. O diagnóstico foi dado por médicos do Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC), que prestaram socorro ao assaltante.

Este será mais um fato a acrescentar nas estatísticas da Sesp, que apontam 780 veículos roubados na capital até 30 de setembro deste ano. Dado subiu 21% em relação ao mesmo período do ano passado. São praticamente três carros roubados por dia em Cuiabá.

Segundo o Secretário Adjunto de Integração Operacional, coronel Rhaygino Setúbal, há um mercado clandestino de compra de peças atuante na região metropolitana, e alguns receptadores já foram presos e oficinas que realizam este papel foram fechadas. As investigações continuam.

“Hoje nós temos um grande comércio clandestino de peças em Cuiabá e Várzea Grande e já estamos combatendo. Estamos trabalhando para fazer um levantamento e tentar fechar novos locais que receptam veículos roubados”, aponta o secretário.

Segundo Rhaygino Setúbal, além desse comércio de peças, ainda há a demanda da fronteira, para onde os veículos são levados e comercializados a troco de drogas, além de servir de transporte para os entorpecentes, muitas das vezes. “Temos também a fronteira Brasil/Bolívia: produtos de roubos são conduzidos até lá para voltar com o tráfico de drogas. Nisso estamos fazendo alguns trabalhos pontuais como a intensificação de policiamento”.

Setúbal também explica que o crime se adapta ao ambiente em que se estabelece. Se a polícia intensifica as apreensões e reduz tal modalidade ilícita, eles migram. “O crime hoje é globalizado e tem uma migração muito grande. Quando você começa a atacar muito o tráfico e o roubo, ele migra para outras áreas. Nós estamos fazendo o acompanhamento dessa migração com o objetivo reverter essa situação”.

AÇÃO VIOLENTA DA POLÍCIA

Recentemente alguns casos chamaram atenção da sociedade devido à forma de atuação de polícias em determinadas ocorrências. Tal situação levanta o questionamento se os oficiais atuaram com excesso ou erro de estratégia.

Vale destacar a morte de seis criminosos que teriam participado do assalto a uma agência do Sicredi, no Bairro Vila Operária, em Rondonópolis, a 220 quilômetros de Cuiabá (MT) no dia (10).

Cerca de três horas após o assalto, que ocorreu por volta das 10h, os policiais descobriram a residência dos assaltantes e, ao fazerem a abordagem, houve troca de tiros.  A polícia reagiu aos bandidos que iniciaram os disparos e seis assaltantes foram mortos.

Segundo o secretário Setúbal, os policiais recebem o treinamento durante o curso de formação. Já as unidades especializadas como Bope, Goe e Rotam treinam constantemente. “Nossos policiais, tanto Civis como Militares, estão em condições técnicas de operar. Caso aconteça algum excesso ou erro, chegando a denúncia, com certeza ela será encaminhada para as corregedorias, que irão apurar”.

Ainda segundo o secretário, “a Sesp sempre faz um levantamento e a nossa orientação é que os policiais sempre trabalhem dentro da legalidade, preservando vidas e fazendo a lei ser cumprida”, explana.

PADRE É VÍTIMA DE LATROCÍNIO

Um crime investigado como assalto chocou Rondonópolis neste mês de outubro, engrossando as estatísticas da violência em Mato Grosso. O padre João Paulo Nolli foi assassinado por asfixia mediante estrangulamento na madrugada do dia 09 e três menores foram presos e confessaram o latrocínio.

Os três menores envolvidos no latrocínio confessaram que abordaram o padre na Avenida Presidente Médice e depois levaram para a localidade do residencial Rosa Bororo. Depois de matar o religioso, levaram o veículo, a carteira com R$ 65 e o celular. O crime causou comoção na cidade e mobilizou as forças de segurança pública para o esclarecimento do caso.

“POLÍTICAS SÃO PAUTADAS NA REPRESSÃO”

O especialista em segurança pública, doutor em Sociologia e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Naldson Ramos da Costa, aponta variáveis por trás da violência que não estão sendo levadas em consideração e que a tendência é a criminalidade aumentar, na medida em que essas variáveis não são solucionadas.

“Estamos passando por uma crise na segurança pública”. “As nossas políticas de segurança estão na repressão e isso não resolve as variáveis que estão por trás do comportamento violento, que muitas vezes têm a ver com o contexto social”, relata Naldson.

O especialista aponta que a falta de oportunidades, de empregos e de ações sociais são os gargalos responsáveis pelo aumento dos índices da criminalidade em Mato Grosso.

Segundo Naldson Ramos, “o que se destaca nas estatísticas de quem comete crime são jovens do sexo masculino, sem qualificação profissional, quase sempre fora da escola e desempregados”. O sociólogo afirma que esses jovens precisam de mais direitos, caso contrário sempre optarão pelo crime, como fonte de ganho fácil.

Naldson critica os governos em todos os âmbitos, pois, segundo ele, deveriam investir mais em projetos de assistência social e menos em armas. “O governo não faz a sua parte em qualificar esses jovens. Em dar empregos e transferências de renda. Por sua vez o que oferecem são políticas de segurança centradas no viés da repressão”.

Ele aponta ainda que o atual modelo de segurança está falido e que, caso não haja mudanças, a criminalidade vai continuar crescendo ano após ano. “Enquanto não se trabalhar na prevenção, nós vamos ter o comportamento violento crescendo exponencialmente ano após ano. Porque o modelo de política de segurança e de distribuição de direitos está falido, não acontece”, explana.

“Homens, armas e viaturas são o viés da repressão. Acham que matando e prendendo o bandido irá resolver o problema e nós sabemos que isso não é verdade”, aponta Naldson.

Segundo ele há uma banalização da violência que revela a crise de valores pela qual a sociedade passa. Tal banalização reflete diretamente em camadas sociais que se encontram em situações marginalizadas.

“Não estou generalizando que só pobre que mata e rouba, mas essa classe está mais vulnerável a crise de valores pela qual a nossa sociedade passa” explica.

Essa crise de valores se reflete diretamente no desrespeito das condições elementares da vida em sociedade e principalmente a não dar valor à vida do outro. “Qualquer conflito e desentendimento na família ou fora dela, a pessoa quer eliminar a outra achando que irá resolver o problema”, relata.

Raul Bradock

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