Foto: Ahmad Jarrah
A promotora de justiça de Mato Grosso, Lindinalva Rodrigues, que foi responsável pela instrução do caso Maiana, acredita que a mudança na versão dos réus Paulo Ferreira Martins e Carlos Alexandre da Silva pode ter se dado por um eventual valor econômico oferecido pelo mandante Rogério da Silva Amorim e que isso esteja se ‘sobrepondo à verdade dos fatos’. Maiana Mariano, 17 anos, foi assassinada no 21 de dezembro de 2011, em uma chácara no Bairro Altos da Glória, em Cuiabá.
Em conversa com o Circuito Mato Grosso, a promotora contou que os réus confessaram em juízo que haviam sido procurados pelo mandante para assumirem o crime e, como forma de recompensa, ele bancaria a família deles e os advogados de defesa. “No depoimento em que a gente fez a instrução, os executores do crime já tinham dito que o mandante tinha oferecido dinheiro para eles assumirem o crime sozinhos”, contou.
Segundo ela, a nova versão só foi possível por causa do tempo que se obteve devido às prorrogações propostas pelo próprio mandante. “É lógico que com todo este tempo de impunidade eles tiveram tempo de formular todo e qualquer tipo de tese pra salvar a tese deles. Deles não, do mandante”. Lindinalva afirma ainda que Maiana acabou encontrando a morte nas mãos do homem que ela achava ser o seu príncipe encantado.
“Essa menina foi mandada para morte pelas mãos do próprio amante. Eu fiz a instrução desse processo que foi tido como um processo de violência doméstica. Ela tinha um caso com o mandante, de muitos anos, de muito tempo. Ele tirou ela de casa com promessa de casamento e depois ele armou uma emboscada para matá-la”, recorda-se a promotora.
Lindinalva disse que viu com grande tristeza a mudança do depoimento dos réus e que espera que finalmente haja justiça. “Eu espero que o júri compreenda que esse é um crime de gênero e não um crime comum e que somente o mandante do crime, que era o amante de Maiana tinha motivos para mandar mata-la”.
Entenda o caso
O Ministério Público do estado (MPE) denunciou Paulo Martins e Carlos Alexandre da Silva como executores do crime e o empresário Rogério da Silva Amorim como o mandante. Conforme a MPE, os dois teriam agido a pedido do empresário, que à época mantinha relacionamento com a adolescente.
Paulo Martins e Carlos Alexandre da Silva teriam recebido R$ 5 mil para executar Maiana Mariano. Ainda conforme o Ministério Público, Rogério da Silva teria proposto o crime por a adolescente e sua família supostamente o extorquirem.
Conforme exame de perícia, a garota foi asfixiada com um pedaço de pano e seu corpo foi jogado em um matagal. A ossada foi encontrada cinco meses depois. Paulo Martins é réu confesso no julgamento, e a defesa do empresário diz ter provas que mostram a inocência dele. Diz que o relacionamento entre o Rogério da Silva Amorim e adolescente teria terminado aproximadamente um ano antes do crime.
Conforme o Ministério Público, no dia do assassinato, o empresário teria mandado Maiana descontar um cheque de R$ 500 em um banco e levar o dinheiro para um chacareiro, onde ela teria sido morta. O ministério aponta que a jovem foi morta na chácara e o corpo foi levado, num carro de passeio, à região da Ponte de Ferro.
O MPE aponta ainda que Maiana e Rogério tiveram um relacionamento extraconjugal por aproximadamente um ano e viviam há cinco meses em união estável, quando ocorreu o assassinato. A ex-mulher do empresário também foi denunciada como participante dos crimes, mas Justiça não acatou a medida por considerar não haver indícios que sugira o envolvimento dela no crime.
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