Cidades

Promotor diz que advogados se preocuparam apenas em defender empresário

Fotos: Ahmad Jarrah 

Com Felipe Leonel

Continua nesta quarta-feira (19) o julgamento dos réus acusados de assassinar a adolescente Maiana Mariano, morta em dezembro de 2011. As oitivas acontecem desde a manhã da última terça-feira (18), quando foram ouvidas as testemunhas e os réus. Nesta quarta, o Ministério Público dará continuidade ao processo de julgamento na fase debates. 

Ontem, a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, da Primeira Vara Criminal da Capital, ouviu nove testemunhas, entre elas a mãe, irmão e prima da vítima e a mãe do empresário Rogério da Silva Amorim, que é acusado de ser o mandante do crime. A magistrada ouviu também os três réus, Rogério, Paulo Ferreira Martins e Carlos Alexandre da Silva.

O réu confesso, Paulo Ferreira, mudou a versão que tinha dado anteriormente e disse que cometeu o crime por raiva. Ele disse que a adolescente teria convidado ele para armar um assalto à empresa de Rogério, e num desentendimento matou Maiana asfixiada.  Acompanhe. 

08h15 – A defesa de Paulo Martins começa o debate. O advogado Ginivaldo Gomes inicia dizendo que seu cliente 'está aqui para ser condenado' e que Maiana não seria a menina inocente que o Ministério Público alega que ela seria. "Ela era conhecida por ter uma tatuagem de pimentinha nas costas, pouco acima do bumbum", alegou a defesa, que cita em parte dos autos do processo que Maiana seria garota de programa. Ele disse ainda que não está querendo denegrir a imagem da adolescente assassinada.

09h00 – O advogado de Paulo Ferreira Martins expôs aos jurados um pedido de indenização feito pela família de Maiana. A família pede indenização em R$1,2 milhão. A defesa disse ainda que Rogério 'é um trouxa'. "Ele pagava tudo, dava tudo que ela queria, e agora tá ai sentado no banco dos réus." O advogado pede aos jurados que Paulo seja condenado pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. "Cometeu o crime por justa provocação da vítima, que não era santa."

09h15 –  Apesar de estar defendendo o réu confesso, Paulo Ferreira Martins, o advogado lembra a todo instante que Rogério não teria nada haver com o crime. Ele lembrou ainda da crucificação de Jesus e disse que ao lado dele teria um Paulo e um Carlos. O advogado Ginivaldo Gomes terminou a explanação. 

09h20 –  O advogado Vadir Caldas, inicia a defesa de Carlos Alexandre, acusado de ajudar no assassinato. A defesa de Carlos Alexandre segue a mesma linha do advogado de Paulo Amorim e confirma que Paulo cometeu o assassinato e Carlos ajudou na ocultação do cadáver. Valdir afirma aos jurados que Rogério não sabia da morte de Maiana e que isso foi dito pelo irmão da vítima. Ele expôs um vídeo do depoimento do irmão de Maiana em juízo. No vídeo ele diz que "Paulo matou e Carlos colocou minha irmã no carro e ajudou a enterrar."

09h35 – Em outro ponto, o advogado Valdir Caldas mostra o depoimento de Carlos Alexandre. "O que aconteceu não era pra ter acontecido", diz Carlos, que também negou ter conhecido Maiana. No vídeo, Carlos Alexandre disse ainda que ajudou a enterrar. A magistrada lembrou que, caso ele optasse pela delação premiada poderia ter a pena diminuída.

09h50 – Em outro trecho, a delegada Anaíde, que comandou as investigações, indaga Carlos sobre ele assumir a culpa. Ele disse que achava que "Paulo e Rogério iria colocar a culpa em mim, por eu ser réu primário." Ele disse ainda não entender o porquê de tanta pressão por conta de um "casinho". "Só foi uma menina que morreu."

10h30 – Advogado Valdir Caldas termina defesa de Paulo Ferreira Martins. Ele pediu que seu cliente seja condenado apenas pelo crime de ocultação de cadáver. "Paulo disse que foi ele quem matou. Carlos Alexandre estava fora da casa."

10h40 – O advogado André Jacob inicia neste momento a defesa do empresário Rogério da Silva Amorim, que é acusado de ser o mandante. Os três advogados entraram em acordo para fazer a defesa em menos tempo, para que Andre Jacob utilize mais tempo na defesa do empresário. 

10h50 – André Jacob segue na defesa de Rogério relatando a vida do réu, que tem uma mãe professora e devido as condições financeiras estudou em uma escola técnica estadual. Ele também lembrou que seu cliente foi casado três vezes. "Ele teve três esposas e nenhuma delas morreu ou acusou ele de algum crime," pontuou a defesa. O advogado disse que irá traçar o perfil de Maiana e que isto irá mostrar que há interesses.

11h00 – O advogado disse ainda que "não é porque Maiana morreu que ela vira santinha ou porque ela não esta aqui podemos denegrir a imagem dela". Ele leu os autos e relatou o depoimento da cabeleireira de Maiana, que disse que quando a adolescente tinha 13 anos era muito rebelde e saia sem autorização da mãe. Em outro ponto, a mãe de Maiana falou que Rogério era uma 'benção' na vida da jovem assassinada. Que ela teria alterado o seu comportamento, ficando mais comportada e interessada em estudar. O advogado alega que uma pessoa que incentiva a estudar e melhorar a vida de uma adolescente, quer dizer que tem boas intenções. "Se trata de alguém que entrou na vida da pessoa pra melhorar, fazer o bem", contou. 

11h15 – O advogado André Jacob pede aos jurados que levem em consideração que o réu era uma pessoa que sempre ajudou Maiana. "Os senhores não podem fechar os olhos para essas informações", disse. Após, ele leu o inquérito em que pessoas próximas à Maiana disseram que ela tinha melhorado o comportamento, estudando, e teria ficado mais comprometida e responsável, além de não usar roupas curtas mais. O advogado disse ainda que Maiana "não era um brinquedinho sexual de Rogério".

11h30 – O advogado de Rogério pediu aos jurados que inocente o seu cliente, que "errou ao amar uma pessoa mais nova e que construiu o seu patrimônio com suor", finalizou. A magistrada deu intervalo de 30 minutos para almoço. 

12h40 – Julgamento é reaberto novamente após o almoço. Promotor Jaime Romaquelli inicia réplica trazendo vídeos de testemunhas dá época do assassinato. Promotor alegou que a defesa de Paulo se preocupou mais em defender o empresário Rogério da Silva Amorim, que é acusado de ser o mandante do assassinato. "Dois terços da defesa de Paulo foi para defender Rogério. Eles querem que vocês jurados fechem os olhos para Rogério. Não é estranho isso? O advogado de Paulo defender o Rogério?", questiona o promotor. 

12h55 – O promotor ressaltou que não tem nada contra a pessoa de Rogério e que ele tem antecedentes positivos. Ele expôs um vídeo em que Calizangela confirma que ela e Rogério não estavam separados, além de que o réu não tinha falado em separar dela para ficar com Maiana. Calizangela, que trabalhava no financeiro da empresa de Rogério disse que os pagamentos do 13º salário no fim de ano foram pagos entre os dias 20 e 23 de dezembro de 2011. Segundo ela Maiana não tinha acesso à essas informações.

13h05 – Romaquelli apresentou um vídeo de um depoimento, em que Rogério fala que quando viajava, a adolescente ficava na casa da mãe dele ou da mãe dela. O promotor argumenta que Maiana era "prisioneira dele, ela não saia sem ele. Quando ele diz que ia visitar obras, ele ia para a casa de Calizangela. Mentia para as duas, ficava com as duas. E depois de ter investido tanto no relacionamento com a adolescente não aceitava perder ela.", justifica Romaquelli. "Eu fiquei deprimido e voltei para Calizangela", disse o Rogério em depoimento gravado. A promotoria mostrou ainda que o réu, Rogério, teve um terceiro relacionamento, dois dias após a morte de Maiana, e no mesmo período em que estava com Calizangela.

13h50 – Promotor tenta derrubar a tese de que Maiana teria armado assalto e que teria agredido Paulo. Promotor mostra fotos do local do crime para ilustrar como o crime teria ocorrido. Ele segue na acusação dos réus, se embasando no inquérito e nos depoimentos colhidos durante as investigações. Ele tenta também comprovar a participação de Carlos Alexandre no assassinato de Maiana. 

14h30 – O promotor James Romaquelli terminou a réplica. Ele fez um check list com os jurados, explicando os itens das acusações imputada a cada um dos réus.

14h35 – Defesa de Paulo Ferreira inicia a tréplica. O advogado Ginivaldo Gomes diz que a acusação é fraca e que parece "que só tem um cara sendo acusado, o Rogério", esbravejou. Ginivaldo insiste que Paulo teria matado Maiana por 'injusta provovacação' da vítima, que teria o ameaçado a entrega-lo para a polícia, delatar o plano de roubar a empresa para Rogério, além de ter agredido Paulo com uma chave de grifo. Termina o tempo de tréplica da defesa de Paulo Ferreira. 

15h00 – A defesa de Carlos Alexandre inicia tréplica. O advogado Waldir Caldas toma a palavra e tenta comprovar que seu cliente não participou do assassinato de Maiana, apenas da ocultação de cadáver. Seguindo a mesma linha de defesa de Ginivaldo, Valdir afirma a participação de Carlos Alexandre na ocultação do cadáver e tenta tirar o foco de Rogério.  

15h50 – O advogado do empresário Rogério Amorim da Silva iniciou a tréplica pedindo que os jurados absolvam seu cliente, por que ele não teria mandado matar a mulher 'que amava'. Jacob afirmou ainda que a promotoria quer construir uma imagem negativa de seu cliente, além de que Paulo já assumiu toda a responsabilidade no crime. Fim da tréplica.

16h05 – Jurados seguem para sala de votação. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entenda o caso

Maiana Mariano, 17 anos, foi assassinada no 21 de dezembro de 2011, em uma chácara no bairro Altos da Glória, em Cuiabá. O Ministério Público do estado (MPE) denunciou Paulo Martins e Carlos Alexandre da Silva como executores do crime e o empresário Rogério da Silva Amorim como o mandante. Conforme a MPE, os dois teriam agido a pedido do empresário, que à época mantinha relacionamento com a adolescente.

Paulo Martins e Carlos Alexandre da Silva teriam recebido R$ 5 mil para executar Maiana Mariano. Ainda conforme o Ministério Público, Rogério da Silva teria proposto o crime por a adolescente e sua família supostamente o extorquirem.

Conforme exame de perícia, a garota foi asfixiada com um pedaço de pano e seu corpo foi jogado em um matagal. A ossada foi encontrada cinco meses depois. Paulo Martins é réu confesso no julgamento, e a defesa do empresário diz ter provas que mostram a inocência dele. Diz que o relacionamento entre o Rogério da Silva Amorim e adolescente teria terminado aproximadamente um ano antes do crime.

Conforme o Ministério Público, no dia do assassinato, o empresário teria mandado Maiana descontar um cheque de R$ 500 em um banco e levar o dinheiro para um chacareiro, onde ela teria sido morta. O ministério aponta que a jovem foi morta na chácara e o corpo foi levado, num carro de passeio, à região da Ponte de Ferro.

O MPE aponta ainda que Maiana e Rogério tiveram um relacionamento extraconjugal por aproximadamente um ano e viviam há cinco meses em união estável, quando ocorreu o assassinato. A ex-mulher do empresário também foi denunciada como participante dos crimes, mas Justiça não acatou a medida por considerar não haver indícios que sugira o envolvimento dela no crime.

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Valquiria Castil

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