Com Felipe Leonel
Está em andamento desde a manhã desta terça-feira (18), no Fórum de Cuiabá (MT), o julgamento do empresário Rogério da Silva Amorim e outras duas pessoas acusadas de participar do assassinato da garota Maiana Mariano, quase cinco anos após o crime.
No período da manhã, a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, da Primeira Vara Criminal da Capital, ouviu sete testemunhas; nove foram dispensadas e os outros quatro não compareceram. Entre as testemunhas ouvidas estão a mãe, a prima e o irmão da vítima, além da mãe de Rogério. Estão sendo ouvidos os réus Rogério da Silva Amorim, Paulo Ferreira Martins e Carlos Alexandre da Silva. Todos estão em liberdade.
15h30 – O acusado de ser o mandante do assassinato, Rogério da Silva Amorim começa a depor. Ele diz que tinha um relacionamento maravilhoso com Maiana e que dava quase tudo que ela pedia. "Só não dava roupa curta". Ele diz que não ligava muito para a Maiana porquê tinha muitos afazeres. A última vez que viu Maiana foi no dia 21, por volta de meio dia. Rogério respondeu a juíza que mandou ela pagar o caseiro da chácara e que não seria a primeira vez. De acordo com Rogério, ele estava ensinando ela aprender como trabalhar mais, ele diz que ela "queria fazer coisas sozinha". O acusado afirmou que a chácara era totalmente diferente do local onde Maiana foi enterrada. Questionado sobre o que ele fez quando ligou para Maiana e ela não atendeu, Rogério disse que foi procurar as amigas dela. Ele alega que também foi na chácara e perguntou ao caseiro sobre Maiana, o caseiro teria respondido que ela não tinha nem passado lá.
15h45 – Rogério da Silva Amorim continua depoimento. Ele alega que no dia do desaparecimento foi dormir na kitnet que ele alugava. "Eu fui dormir na kit net, daí acabou a luz e fui na Calizangela (que seria a ex mulher) para assinar uns documentos e acabei dormindo lá". A magistrada perguntou se no tempo do desaparecimento de Maiana ele teve outros relacionamentos no bairro em que vítima morava. "Lá no bairro não, mas em outros lugares sim", respondeu o réu.
15h55 – Ele negou ter contratado Paulo para matar Maiana e disse que nunca teve desentendimento com ele. "Eu mandei ela ir em uma chácara e ela apareceu morta em outra." A juíza perguntou se ele teria pago R$5 mil para matar Mariana. "Nunca paguei para matar", respondeu. Rogério alega que Maiana pediu uma sandália e ele não tinha dinheiro na hora para dar, então ele deu um cheque para que ela trocasse e pegasse o dinheiro para comprar o objeto. A defesa de Paulo indaga sobre um processo indenizatório por conta da morte da vítima. "Ele responde que a mãe de Maiana e o irmão pediram R$1,2 milhão pela suposta morte encomendada de Maiana".
Rogério disse que Maiana trocava o dia pela noite e que conheceu ela numa casa de festas chamada Anauê. Rogério alega que durante as investigações ninguém se preocupou com outras questões. "Ninguém se preocupava com quem ela estava no sex shop, ninguém quis saber se ela estava com o Michael (suposto ex-namorado), nao queriam saber do Paulo, todos estavam querendo saber de mim. Todos os outros relacionamentos eu larguei com a maior conformidade possível, não tinha porquê mandar matar ela." Ele alegou também que nunca foi extorquido por Maiana e nem pela família dela.
16h15 – Rogério disse que chegaram a terminar por alguns dias porquê ela estaria largando os estudos. Foi quando ele matriculou Maiana em cursinhos e incentivou ela a estudar e ela voltou aos estudos. Rogério disse que nunca teve coragem de perguntar a Paulo sobre o crime. Ele falou que Paulo foi pressionado para falar sobre o caso. "Meu nome é doce, eles queriam ouvir meu nome a qualquer custo," disse sobre as investigações.
16h25 – Ao final do depoimento, Rogério finalizou se defendendo frente aos jurados. Ele disse que fez tudo que era possível para fazer Maiana uma pessoa melhor. "Eu tenho vivido coisas que nunca pensei em viver, a minha vontade era de viver com a Maiana, dar uma vida digna para ela, ter uma família junto com ela, sempre foi essa a minha ideia, mas foi tudo distorcido." disse o réu.
16h30 – Paulo Ferreira Martins, réu confeso, inicia depoimento. Paulo disse que conhece Rogério há 12 anos. Ele disse que conheceu Maiana no shopping, quando ela estava acompanhada de Rogério. Paulo alega que teria visto Maiana em outra ocasião também, em uma boate noturna, onde trabalhava como segurança. "Ela estava acompanahda de outro homem", afirmou o réu. Ele diz que Maiana o procurou para armar um assalto na empresa de Rogério. O alvo seria o 13º salário, que ele sacaria para pagar aos funcionários dele.
17h00 – Paulo relatou uma história diferente do que ele tinha anteriormente confessado. Nesta ocasião, ele disse que teria cometido o crime porque a adolescente teria agredido ele com uma chave de grifo e na raiva partiu para cima dela. O fato teria acontecido quando os dois se encontraram para acertar os detalhes do suposto assalto que fariam à empresa de Rogério. Paulo alega que continuou trabalhando normalmente para Rogério sem levantar suspeitas. "Eu inventei uma historia e falei", disse ele sobre uma advogada ter ido na defesa dele. Quando foi preso, ele confessou ter matado mariana, mas agora negou que foi a mando de Rogério.
17h10 – A magistrada indagou sobre o valor de dois mil que Paulo pegou na boca do caixa. Paulo afirma que sempre pegava dinheiro com Rogério e que os valores eram descontados dos serviços que fazia. Na última pergunta, a juíza questionou por que no dia do crime Paulo ligou várias vezes para Rogério. "Não me recordo", respondeu o réu. O promotor do MPE questionou Paulo se a defesa de Rogério teria lhe procurado para propor que aceitasse a assumir toda a culpa. Paulo negou. Assistente da promotoria perguntou se Paulo está arrependido de cometer o crime. "Na hora que aconteceu o crime eu me arrependi", respondeu o réu. Ele disse ainda que sentiu medo de confessar o crime.
17h30 – Paulo disse que não cumpriu o que tinha combinado com outro cúmplice, Carlos Alexandre, que ajudou a esconder o corpo. Na hora de prestar depoimento, ele teria contado uma história diferente do que tinha combinado porquê ficou com medo do Carlos Alexandre não cumprir o acordo. Paulo confirmou que a participação de Carlos Alexandre se deu apenas na ocultação do cadáver. Paulo teria queimado o celular da Maiana e pediu para que Carlos sumisse com a moto que era usada pela adolescente. "Como muitas pessoas viram ela andando com essa moto, eu pedi pra que ele sumisse com a moto", explicou Paulo. A defesa de Paulo indagou sobre a possibilidade da acusação de latrocínio, se ele tinha noção que a penalidade seria maior do que a de homicídio. "Na hora eu não pensei nisso, mas depois fiquei sabendo que era pior mesmo", afirmou.
17h40 – Ao final do depoimento, Paulo disse que a partir do momento que foi preso, a esposa entrou em depressão e a irmã mudou de bairro por vergonha. Ele disse ainda estar arrependido e que não quis fugir da Justiça. Ele alegou ter consciência de que sairá da audiência condenado. Fim do depoimento de Paulo Ferreira Martins.
Entenda o caso
Maiana Mariano, 17 anos, foi assassinada no 21 de dezembro de 2011, em uma chácara no bairro Altos da Glória, em Cuiabá. O Ministério Público do estado (MPE) denunciou Paulo Martins e Carlos Alexandre da Silva como executores do crime e o empresário Rogério da Silva Amorim como o mandante. Conforme a MPE, os dois teriam agido a pedido do empresário, que à época mantinha relacionamento com a adolescente.
Paulo Martins e Carlos Alexandre da Silva teriam recebido R$ 5 mil para executar Maiana Mariano. Ainda conforme o Ministério Público, Rogério da Silva teria proposto o crime por a adolescente e sua família supostamente o extorquirem.
Conforme exame de perícia, a garota foi asfixiada com um pedaço de pano e seu corpo foi jogado em um matagal. A ossada foi encontrada cinco meses depois. Paulo Martins é réu confesso no julgamento, e a defesa do empresário diz ter provas que mostram a inocência dele. Diz que o relacionamento entre o Rogério da Silva Amorim e adolescente teria terminado aproximadamente um ano antes do crime.
Conforme o Ministério Público, no dia do assassinato, o empresário teria mandado Maiana descontar um cheque de R$ 500 em um banco e levar o dinheiro para um chacareiro, onde ela teria sido morta. O ministério aponta que a jovem foi morta na chácara e o corpo foi levado, num carro de passeio, à região da Ponte de Ferro.
O MPE aponta ainda que Maiana e Rogério tiveram um relacionamento extraconjugal por aproximadamente um ano e viviam há cinco meses em união estável, quando ocorreu o assassinato. A ex-mulher do empresário também foi denunciada como participante dos crimes, mas Justiça não acatou a medida por considerar não haver indícios que sugira o envolvimento dela no crime.