Iane foi alvo de comentários racistas no Facebook (Foto: Reprodução/Facebook/Bellymaníacas)
A advogada Iane Cardoso, de 23 anos, escolhida para representar Roraima no concurso Miss Brasil Universo 2016 foi alvo de comentários racistas na internet desde esta segunda-feira (26). Internautas compartilharam fotos da jovem com comentários pejorativos sobre traços indígenas
Ao G1, Iane, que é baiana da cidade de Juazeiro, disse está acompanhando as publicações sobre ela, mas que preferia não comentar o assunto.
"O concurso já é nesse sábado. Aqui é tudo bem corrido, não paramos. Só o que posso dizer é que estou bem tranquila e sei do meu potencial", disse a jovem.
Na legenda em que compartilhou a foto de Iane um internauta comentou: "Tanta mulher bonita aqui em Roraima, ao invés de pegarem alguém da cidade foram logo na maloca (sic)".
Outra internauta disse em um texto que reprovava a escolha de Iane para representar o estado.
"Eu não gosto de caboquice e me irrito com gente que gosta de ser esquisita mesmo! Já chega desse papo de diversidade cultural e representação étnica! (sic)", disse acrescentando que "acabou a dominação da caboquice plena! Sou nojenta mesmo e discuto o quanto me der na telha com gentinha chata e defensoras de cultura eternamente igual. Os tempos mudam! E como disse, não é que a menina seja feia, só não é bonita o suficiente! (sic)".
Em outra publicação, um internauta também se colocou contrário a escolha de Iane. "Achei feia, já vi muitos elogios às mulheres Roraimenses, não gostei da escolha apesar dos traços, não é porque tem que representar Roraima que tem que ser cara de índia (sic)", afirmou.
Apesar dos comentários racistas, muitos internautas partiram em defesa da jovem. "Ela é muito bonita, beleza diferente do que sempre vemos nesses concursos, parabéns para Roraima", disse um internatura. "FI-NAL-MEN-TE!!!!! Uma miss que carrega em seus traços a beleza do extremo norte do país", comentou outra.
Injúria
O crime de injúria está previsto no artigo 140 do Código Penal e consiste em ofender a dignidade ou o decoro de alguém “na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.
A pena pode chegar a três anos de reclusão. Se o promotor entender que houve racismo, os acusados podem responder pelos crimes previstos na Lei 7.716, de 1989. Há várias penas possíveis para racismo, entre elas prisão e multa. O crime de racismo não prescreve e também não tem direito à fiança.
Conforme o delegado Marcos Lazaro, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da de Boa Vista, os internautas podem ser responsabilizados criminalmente caso haja a representação da jovem ofendida. Ele explicou que a injúria racial ocorre quando a ofensa é dirigida a uma pessoa determinada, enquanto o racismo é a um grupo.
Fonte: G1