Política

“Esses meus concorrentes parecem o Wilson de 2004”, afirma candidato tucano

Foto Ahmad Jarrah

Cuiabá, dia 5 de agosto. Último prazo para os partidos anunciarem suas candidaturas. Com a desistência do prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (PSB), o governador Pedro Taques vai à casa do então deputado estadual Wilson Santos (PSDB) para um convite controverso: se candidatar à prefeitura de Cuiabá. Ainda enfrentando o desgaste por ter abandonado a prefeitura da Capital em 2010, Wilson aceita a proposta.

O tucano se considera um novo político para a gestão da Capital do Agronegócio. “Esses meus concorrentes que estão ai parecem o Wilson Santos de 2004. Eu achava que ia resolver todos os problemas do mundo, que iria ser o melhor prefeito do planeta. Eu vi que sou humano, e que, eleito, eu vou terminar a gestão ainda com problemas, com dificuldades. Então, entre votar no Wilson Santos de 2004 e numa versão mais 2.0, recauchutada, eu acho que o eleitor deve escolher por mim”, brinca.

Nas pesquisas de intenção de voto das eleições municipais para 2016, Wilson aparece em terceiro lugar. Em se tratando de rejeição, o candidato lidera como o mais rejeitado nas pesquisas. Contudo, diz não temer esse cenário.

“Pesquisa, historicamente, não me intimida. Rejeição só preocupa quando é acima de 50%. Enquanto a maioria da população admitir que vota em mim, eu tô tranquilo. Chegaremos no dia 2 de outubro extremamente competitivos, com a rejeição na faixa de 20% e com intenção de voto acima de 25%”, revela.

O candidato espera reverter o quadro até o dia 2 de outubro e acredita que os debates na TV aberta irão abrir esse caminho. E não foge da raia quando a questão é um possível apoio aos adversários em um segundo turno, caso fique de fora. “Não sou homem de ficar em cima do muro. Tenho responsabilidade com Cuiabá. Eu espero estar no segundo turno, mas tudo é possível. Caso esse cenário aconteça, não tenha dúvida que eu terei lado”, diz o candidato.

Com a candidatura, a disputa Mauro Mendes e Wilson Santos veio à tona. Rivais políticos em três eleições passadas, Mauro liberou o secretariado para divulgar apoio, mas não o fez pessoalmente. O prefeito não gravou nenhum programa eleitoral pedindo voto para o companheiro de coligação.

“Um líder só faz omelete quebrando ovos. Ele não pode, sob pena de prejudicar um futuro promissor na vida pública, passar batido nas eleições na Capital. Ele é líder, e tem que se posicionar como um”, considera Wilson.

Ações de campanha

Com a proposta inicial de não atacar, nem rebater outros candidatos, o tucano mostrou nova estratégia no programa eleitoral exibido na noite de terça-feira (20). Nele, acusa o adversário Emanuel Pinheiro (PMDB) de estar ligado a corruptos.

“Nós dividimos o programa em três momentos. Primeiro: responder a todos os questionamentos que a mídia fazia a minha candidatura. O segundo, mostrar serviço prestados à sociedade, pois são 30 anos de vida pública – esses foram 18 dias. E agora, o comando da campanha – comunicação e marketing, decidiu começar a mostrar os diversos grupos políticos que disputam as eleições de Cuiabá. Para que o cidadão tenha noção e precisão de quem é quem na disputa”, revela.

Operação Pacenas

Em sua segunda gestão, em 2009, foi deflagrada a Operação Pacenas que investigava fraudes nos processos licitatórios relacionadas ao saneamento básico de Cuiabá e Várzea Grande, pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Foram 11 pessoas presas e 22 indiciadas, na operação determinada pelo, então, juiz e hoje candidato, Julier Sebastião (PDT).

Wilson afirma que a operação foi uma “armação” de Julier com os políticos da época para desestabilizar sua gestão. “Aquilo foi algo extremamente maldoso, arquitetado friamente para destruir um iminente adversário que havia sido reeleito prefeito, com mais votos que na primeira eleição, e era disparado o líder nas pesquisas para o governador do Estado”.

Com a operação, que foi anulada no fim de 2009, Wilson afirma que Julier prejudicou o saneamento básico da Capital. “Infelizmente esse moço, junto com os que governavam Mato Grosso, deram um prejuízo a Cuiabá de R$350 milhões. Nós podíamos ter, hoje, 80% de todo o esgoto coletado e devidamente tratado. Podíamos ter 100% de água com cloro e talvez flúor em Cuiabá. Mas, Julier Sebastião da Silva, mais os governantes de Mato Grosso, impediram isso”.

Segundo o candidato, as licitações ocorriam de acordo com a legislação. “Nós licitamos o PAC. Essa licitação foi anulada pela minha gestão. Fizemos uma segunda licitação e eu trouxe para dentro do processo o Ministério Público. Licitação transparente nacionalmente. As empresas que venceram não foram questionadas”.

“O que é pior: O Wilson ter deixado a prefeitura, ou Silval governar Mato Grosso?”

Em 2010, o candidato, em seu segundo mandato de prefeito de Cuiabá, deixou a prefeitura para seguir candidatura a governador do Estado de Mato Grosso. Hoje, sofre com as acusações de ter abandonado Cuiabá e deixado a cidade “nas mãos” de Chico Galindo (PTB).

“Acredito que a população entendeu a minha saída, principalmente depois do governador Silval Barbosa. Eu dizia na cara dele em 2010: ‘Você comanda o governo mais corrupto da história de Mato Grosso. A sua continuidade significa corrupção maior em Mato Grosso’. Eu sabia quem era Silval e quem o rodeava. E eu tive a coragem cívica de tentar evitar esse mal. O que é pior: o Wilson ter deixado a prefeitura, ou Silval governar Mato Grosso?”, indaga.

PROPOSTAS

Favorável às Parcerias Públicas Privadas (PPP) tanto para administração do aterro sanitário de Cuiabá, quanto para a iluminação pública, Wilson Santos defende uma interferência menor do Município nessas áreas. “Defendo a diminuição do estado municipal. Quanto menor o Estado, menos corrupção. E onde a iniciativa privada faz melhor e tem capital, vamos com ela. O povo não quer saber se é público ou privado. Quer saber se o serviço existe”, explica.

Dentre as propostas, ainda está a retomada da Secretaria Municipal de Cultura, abolição da CAB com uma parceria com a Sabesp (responsável pelo saneamento de São Paulo) e pretende chegar a 100% de pavimentação asfáltica em Cuiabá.

O candidato ainda pretende dar continuidade às obras do novo Hospital e Pronto Socorro Municipal, Unidades de Pronto Atendimento e (UPA).

O que te credencia a, novamente, ocupar o cargo de prefeito de Cuiabá?

“Os próximos quatro anos serão anos difíceis na economia nacional. O Brasil só vai voltar a ter um crescimento sustentável, firme, a partir de 2020. A era das commodites passou. Somos um estado produtor de commodities baratas e a era passou em nível mundial. Governar Cuiabá em uma fase de crise econômica, primeiro, exige um gestor experiente. Segundo, a parceria com Pedro Taques me anima demais. Porque eu não tive, e sei o quanto faz falta, o apoio do governador. Terceiro, eu volto mais maduro. Volto com 55 anos. Eu volto mais pé no chão, sei onde errei. Não vou mais perder tempo com determinadas situações. Vou pular etapas.”

Cintia Borges

About Author

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões