Cintia Borges/ Fotos Ahmad Jarrah
O candidato e ex-magistrado Julier Sebastião (PDT) foi alvo da segunda fase da Operação Ararath em novembro de 2013 e chegou a ter bens bloqueados. Na ocasião, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em sua residência e gabinete, na sede da Justiça Federal, em Cuiabá (MT). O processo com nome do candidato foi anulado.
Em entrevista exclusiva ao Circuito Mato Grosso, Julier afirma que sua imagem ligada a uma das fases da operação não fica desgastada perante o eleitorado. “Isso é uma daquelas coisas absurdas que acontece na vida de qualquer pessoa. O importante é: existe? Não existe mais! E isso tem que ser dito abertamente, porque em relação a outros [candidatos] nós não temos essa certeza”, alfineta.
Ele ainda desqualificou as acusações. “Uma para limpar o seu nome, e outra para condenar. A princípio, estamos na primeira versão. Ou seja, não há nada. Isso tudo foi resolvido, houve uma tentativa vã de envolvimento do meu nome e isso foi repudiado pela Justiça”.
Julier avalia que as candidaturas apresentadas nesse pleito são “mais do mesmo”. “São projetos que vêm se colocando ao longo dos 20 anos para o eleitorado cuiabano, e aí citamos o candidato do PSDB, PRB, o candidato do PSol – que está ai há 10 anos. E é hora de resgatar a dívida social da cidade com seu povo mais emprobrecido, com aqueles que mais precisam do serviço da prefeitura que são os mais pobres”, cutuca.
O candidato aponta que os adversários Emanuel Pinheiro (PMDB) e Wilson Santos (PSDB) farão o mesmo tipo de política. “Quando Wilson era prefeito, Emanuel era secretário da SMTU, responsável pela passagem de ônibus. E em 2005 nós tivemos uma CPI, porque tínhamos a passagem mais cara do País, denúncias da precariedade do transporte coletivo, e licitação suspeita”.
Em 2014, em um possível pleito para o governo do Estado, Julier abandonou a magistratura. À época, filiou-se ao PMDB, mas não foi para disputa. Ao Circuito Mato Grosso ele afirma que não se arrepende de ter deixado a magistratura para almejar um cargo no executivo.
“Poder disputar a prefeitura de Cuiabá é algo que supera qualquer expectativa meramente de posição social. Eu fui juiz por quase 20 anos, antes fui procurador do Estado. Então sempre ocupei cargos de relevância, do ponto de vista jurídico por concurso público. Foi uma decisão amadurecida com aquilo que a cidade precisa de mim, ou seja, vou apenas mudar de área no poder público. Em vez de estar no judiciário, estarei no executivo”, conta.
Focado na questão de segurança municipal, Julier exalta a atuação como juiz federal na prisão do bicheiro, José Arcanjo, em 2003, na Operação Arca de Noé. Segundo ele, a prisão do bicheiro rompeu com o crime organizado em Mato Grosso.
“Somos habilitados a conduzir melhor a política de segurança pública no Estado, justamente pela nossa atuação para acabar com o crime organizado em Mato Grosso, com a prisão de Arcanjo. Devemos colocando a prefeitura a serviço dos demais problemas sociais”, revela.
Tempo de TV
O candidato pedetista afirma que o tempo disposto pela Justiça Eleitoral, de um minuto e 54 segundos é mais que suficiente para mostrar suas propostas. “Para nós tem sido tempo suficiente. Temos tido uma recepção muito forte diante da nossa propaganda eleitoral, diante daqueles que prestigiam nosso programa. Então, não temos tido problemas que outras candidaturas que estão tendo um tempo maior, estão tendo: muito tempo e pouco a dizer. Esse é o problema deles, e não o nosso”, rebate Julier.
Pesquisa
Nas pesquisas de intenção de votos, Julier varia de posição entre o quarto e quinto lugar, desde o início da campanha. O candidato vê com otimismo o resultado das pesquisas. “Nós estamos com 12,5% nas intenções de voto. O que demonstra um crescimento de, em uma semana, apenas, de 6% para 12,5%. Mais de 100% de crescimento. Isso é reflexo de uma campanha de diálogo nas ruas e reconhecimento das nossas propostas pelo povo cuiabano”.
Para ele, o “importante é o dia da eleição”. “As pesquisas já indicam que o caminho é trilhado com muita perseverança e diálogo, e com propostas que estamos levando de inversão de prioridades políticas em Cuiabá, da necessidade de cuidar daqueles que mais precisam dos serviços da prefeitura. Esse conjunto de propostas tem sido muito bem acolhido pela população”.
Propostas
Dentre as propostas do candidato estão a de romper com a concessão da CAB e a retomada da Sanecap, retirada dos radares na cidade, passagem de ônibus mais barata e reestruturação na educação municipal.
“Planejamos ainda um terceiro turno nas unidades de saúde do município. Instituirmos educação em tempo integral nas escolas municipais e de ampliarmos os números de creches e o atendimento. Pretendemos implementar a passagem mais barata dentre as capitais brasileiras, que é praticada em Fortaleza (CE) – administrada pelo PDT. Veja que há parâmetros para se discutir isso de forma racional, planejada e técnica”, finaliza.