Cintia Borges/ Fotos Ahmad Jarrah
Com quase 30 anos de história política, a ex-senadora por Mato Grosso e única mulher candidata a prefeita por Cuiabá, Serys Slhessarenko diz que é vítima de discriminação por parte de seus adversários políticos.
“Eles não têm como bater em mim, porque eu não sou corrupta, não roubo, não sou aposentada com 32 anos… Eu não tenho os males deles. Eu sou a vovozinha, e eles são os lobos maus”, responde Serys às críticas que recebe de adversários políticos.
Serys se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT) – hoje com imagem desgastada após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff – no início da criação do partido em Mato Grosso, na década 80. Após o escândalo do Mensalão, a ex-senadora decidiu sair do partido. Mas ainda, sim, o histórico da candidata no partido é alvo de críticas.
Quando ainda era senadora, seu nome foi envolvido em um dos maiores escândalos do Governo Lula, “Operação Sanguessugas” ou a Máfia das Ambulâncias. A Operação deflagrada em 2006 pela Polícia Federal investigava desvio de dinheiro para compra de ambulâncias com dinheiro público. À época, estimava-se um rombo de R$ 110 milhões ao erário.
“Gente do mal, que faz coisas do mal sempre faz com objetivo de afetar a minha imagem. Eu não sabia do que se tratava, nunca tinha ouvido falar, nem na empresa, nem nas pessoas envolvidas e me botaram no meio só para atrapalhar, porque eu estava disputando o Governo do Estado”, alega Serys.
De acordo com a senadora, a revista Veja, na edição de 22 de junho de 2011, publicou denúncia de que foram pagos R$2 milhões para relacionarem o seu nome ao do esquema das ambulâncias.
“Vai cuidar dos netos”
Candidata à prefeitura de Cuiabá pela terceira vez, aos 71 anos, Serys alega que vem sofrendo discriminação por sua idade. A candidata afirma que já pediram para que ela fosse cuidar dos netos, em vez de fazer política.
“Eu cuido de neto, cuido de filho e cuidarei de toda a população de Cuiabá com carinho. Eu acho engraçado, Michel Temer é muito mais velho que eu, porque eles não mandam ele cuidar do Michelzinho?”, rebate.
E afirma. “Para mim isso é discriminação e machismo de última categoria. É muito feio isso que eles estão fazendo. E homem que discrimina mulher não pode ser prefeito, e eu tô sendo discriminada”.
Serys também é a única candidata mulher no pleito. “Somos a maioria na sociedade, e maioria de eleitoras. Precisamos dessa representatividade. Quando fui senadora, em uma das levas de deputados federais, havia quatro mulheres deputadas federais, a metade da bancada era mulher. Hoje, não tem nenhuma. Senadora, só teve eu”.
Para ela, em questões como a da saúde e da educação, uma mulher como gestora tem maior sensibilidade. “A gente não gera um filho sozinha, mas o gesta sozinha. E quem gesta um filho sozinha tem competência, sim, para ficar atenta para fazer políticas públicas para proteger a vida de seus filhos. Eu acredito que a mulher pode agir de maneira diferenciada. Já dizia Michelle Bachelet [presidente do Chile], quando uma mulher entra na política, pode mudar a mulher. Agora, quando muitas mulheres entram na política, mudam a política”.
Propostas
Serys afirma que continuará com as obras do Novo Pronto Socorro, localizado no bairro Ribeirão do Lipa e que, com a infraestrutura do antigo pronto-socorro, pretende implantar o Hospital Materno Infantil em Cuiabá.
“Quando o antigo Pronto Socorro for desocupado, nós vamos fazer uma reforma no capricho para que Mato Grosso deixe de ser o único Estado que não tenha hospital materno infantil. E não tem, porque nunca teve uma mulher prefeita. E só mulher sabe onde aperta o sapato na hora em que seu filho está na fila sem consulta, sem internação… Com o materno infantil a criança vai nascer e ser cuidada no mesmo local até a adolescência”, promete.
Um das principais propostas apontadas pela candidata ao Circuito Mato Grosso é diminuição do imposto ISS (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza), aplicado aos empresários. “Começaremos reduzindo o ISS para as empresas que possuem jovem aprendiz e deficientes. Logo depois, iremos expandir o imposto a 4% para todos os empresários. E iremos criar os “espaços específicos”, esses pagarão 3% de ISS”, propõe. Atualmente, a alíquota máxima está em 5%.
Para a ex-senadora, com a redução, a inadimplência será reduzida. “Mais pessoas irão para a formalidade e iremos reativar a cidade. Tem certos espaços em Cuiabá, como o Centro, que estão tristes e precisam ser revitalizados”.
Qualificação para prefeitura
Em resposta à reportagem sobre o que a qualifica para a prefeitura de Cuiabá, a ex-senadora reafirma a postura maternal com a gestão pública.
“Politicamente eu nunca vou parar. Eu posso até não ser eleita, alguma vez, porque nessas eleições eu vou ser. Mas nunca vou parar de fazer política. Parei de fazer política partidária, porque nem fui candidata nas últimas eleições. O que as pessoas de Cuiabá precisam é que alguém cuide delas, que alguém as ame, que dê espaço a elas, dê emprego, que tenha escola que realmente funcionem. Já fui secretária de educação e sei que isso é possível”.