Com o desemprego batendo recorde com vagas sendo fechadas e excesso de mão de obra desocupada, falar em promoção pode ser um contrassenso, mas, segundo Lucas Nogueira, gerente sênior da empresa de recursos humanos Robert Half, é possível sim ser promovido em plena crise econômica.
“Mas é preciso entender que, às vezes, a promoção não vem em forma de dinheiro e sim como movimentações laterais, que podem ser interessantes para a carreira. Os profissionais devem ter em mente que momentos difíceis do mercado são oportunidades valiosas para demonstrar trabalho, criatividade, disponibilidade e capacidade para trabalhar sob pressão", diz.
Segundo o especialista em recursos humanos, em momentos desafiadores, as empresas ficam muito mais atentas ao desempenho dos colaboradores, seja para promovê-los quando o mercado estiver mais favorável, seja para mapear possíveis ocupantes de posições-chave.
Veja abaixo o tira-dúvidas com as respostas de Nogueira sobre o que é preciso para se dar bem num mercado tão disputado:
Quais são as competências técnicas necessárias para quem quer ser promovido em plena crise?
As competências técnicas variam de uma área para outra, mas, em geral, o mais importante é que o profissional se mantenha atualizado. Por exemplo, quem é da área fiscal deve estar atento às normas implementadas pelo governo; e quem atua em marketing precisa entender sobre as tendências das mídias sociais para a divulgação de produtos e serviços.
Quais são as competências comportamentais necessárias?
Destaco quatro habilidades: comunicação, liderança pelo exemplo – ainda que não ocupe um papel de líder -, comprometimento com a empresa e o trabalho e inteligência emocional. Esse último quesito tem sido muito observado pelos gestores, porque em momentos de tensão é preciso encarar os desafios com tranquilidade para entender como enfrentá-los da melhor maneira e transmitir essa calma para pares e subordinados.
O profissional que pende mais para a competência técnica do que para a comportamental tende a ser menos promovido ou vice-versa?
Em qualquer momento da carreira ou do mercado é muito importante que o profissional se preocupe com as duas competências. Em geral, as pessoas são contratadas pelo perfil técnico e demitidas pelo comportamental.
Quais são os pontos fundamentais que “ajudam” o funcionário ser demitido?
Os principais são negativismo e falta de comprometimento, de comunicação clara e de inteligência emocional.
Saber lidar com a incerteza de permanecer no emprego e ser capaz de superar o estresse do momento é uma característica fundamental?
Sem dúvida. Em momentos adversos as empresas redobram a atenção para identificar os profissionais capazes de serem produtivos mesmo sob pressão. No atual momento do mercado de trabalho, ter inteligência emocional é fundamental.
É importante investir em qualificação dentro da área de atuação e fora?
Qualificação por meio de cursos é sempre bem-vinda em todas as áreas. Mas, é importante que os profissionais tenham igual preocupação com o desenvolvimento das habilidades comportamentais e com o fortalecimento e a ampliação do networking. Manter contato com pessoas de diferentes setores da economia sempre contribui para a troca de experiências e informações, inclusive com a possibilidade de encontrar alternativas para melhorar um produto ou serviço.
E entre os colegas e com a chefia? Como o empregado deve se comportar e ser bem visto na empresa?
É importante que o profissional mantenha um bom relacionamento interpessoal com os demais colaboradores e esteja disponível nos momentos em que puder agregar valor a alguma atividade. Não se trata de concordar com tudo ou aceitar todas as tarefas, mas de estar atento a oportunidades de contribuir para o desenvolvimento de atividades, inclusive para as quais não foi contratado. Evitar o negativismo também ajuda a criar uma boa imagem dentro da companhia.
Como se dar bem sem dar a entender que está querendo “puxar o tapete” dos demais colegas e até do chefe?
A melhor maneira de não ser mal interpretado por chefes ou pares é ter uma conduta transparente, sempre pensando no bem do time e não apenas nos benefícios individuais. É importante também que o profissional tenha atenção com o relacionamento que mantém com o chefe e colocar-se como um servidor de todos os membros do time, sem fazer distinção de nível hierárquico e dando as devidas prioridades às atividades.
Fonte: G1