Opinião

O DIA DEPOIS DO AMANHÃ

Impossível passar desapercebido por mais um projeto de impeachment. O segundo que passo nos meus 41 anos de idade. Não sei se isso prova o quão forte é a nossa democracia, ou o quão frágil é a nossa democracia. Existe um governo que governa nosso país há 500 anos. Mudam as siglas, mas não o modus operandi. Inegável que esta é mais uma reviravolta tratada nos porões, nos esgotos, nos gabinetes. Indiscutível que mais uma vez é um presidente substituto que senta na cadeira principal. Na transição entre a ditadura militar e a volta das eleições, Sarney assumiria sem voto popular o cargo de presidente da República. Com o jeitinho brasileiro de PC Farias e a efetivação da renúncia do até então Presidente Collor, Itamar assumiria o cargo de presidente quietinho com topete e minissaias sem calcinha. E agora, como num personagem de Bram Stocker , Temer assume com ardilosa manipulação, numa traição nas entranhas, de um partido que até dias atrás possuía 7 ministérios, centenas de cargos e um vice-presidente, sendo a base de um governo corrupto, inoperante e sem credibilidade. Quem assume hoje era base de um governo de essência popular que se vendeu as oligarquias, que virou mais do mesmo, mordido pela mosca azul, capaz de qualquer coisa para se manter no poder. Não que isso seja uma novidade e exclusividade brasileira. No próprio  “Os Protocolos dos Sábios de Sião” já mostra que se trata de um plano muito maior. "De tempos em tempos surgirá um líder que pense diferente. Quando isso acontecer, deixe. Ele mesmo se perderá e elevará o nosso projeto." O que esperar desse 1º de setembro? Esperar o milagre, então? Mais engraçado que os que mais rangem os dentes, são os que, novamente, serão esmagados. Não me esqueci da década de 90, quando, simplesmente, a classe média foi jogada pra debaixo do tapete. Não esqueço dos 6 meses de greve que a Universidade Federal passava. Ao mesmo tempo, não esqueci que acreditava no PT, que achava Dilma valente, não esqueci que de 2014 pra cá perdi 60% de faturamento.

– Papai……- me interrompe os pensamentos, Joãozinho com lágrimas nos olhos, enquanto assisto ao julgamento na TV Senado.

Ele vem e me abraça forte. 

– O que aquelas crianças fizeram para o pai delas jogar elas pela janela?

Nosso problema é muito maior que um impeachment. Nós nos esquecemos do quanto as pequenas coisas são importantes. Esquecemos que o amor é muito mais valioso que qualquer dinheiro. Não nos lembramos de que a família é o maior patrimônio. E que honrar a Deus é bem mais glorioso do que idolatrar o dinheiro e tudo mais que ele compra.

João Manteufel Jr.

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Mais conhecido como João Gordo, ele é um dos publicitários mais premiados de Cuiabá e escreve semanalmente a coluna Caldo Cultural no Circuito Mato Grosso.

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