Cidades

Meninas em conflito com a lei além das grades

“Eu digo que elas devem se cuidar, ‘vê’ com que está saindo, o que está fazendo lá fora porque aqui dentro não é fácil e não é legal”. Esse é o conselho que Juliana, de 15 anos, dá para as pessoas, principalmente meninas da idade dela, não entrarem para o caminho errado. A adolescente é uma das oito internas da Unidade de Internação Feminina do Complexo Pomeri, em Cuiabá.

Na tarde de sexta-feira (26), ela e suas sete colegas participaram da cerimônia de encerramento do projeto “Visão Além das Grades”, através do projeto Movimento Cultural FavelAtivia que desde o mês de maio de 2016 desempenhou atividades culturais com as adolescentes. O projeto ofereceu durante os três meses, atividades por meio de oficinas de hip hop, break, produção audiovisual e fotográfica e discussões sobre direitos humanos.

Apontada como sendo a maior descoberta do projeto, Juliana foi chamada de garota prodígio por se destacar nas atividades de dança e canto. “Eu não digo que sou um prodígio, mas quando você faz algo que gosta, tudo acontece né?”, contou humildemente. Em conversa com o Circuito Mato Grosso, a jovem contou que pretende começar a cantar, escrever músicas e sonha em gravar um CD.

“Durante o projeto eu aprendi que com violência não resolvemos nada. Aprendi que é mais fácil a gente descontar a raiva que estamos sentindo cantando e dançando do que nas pessoas. Como foi ensinado para gente, antigamente antes de começarem a brigar de gangue, de tiro, começou a brigar com as palavras. Então quando falamos, quando dialogamos, vamos em frente”, finalizou timidamente.

Uma das coordenadoras do Movimento FavelAtiva, Ligia da Silva, explicou que um dos objetivos do projeto é mostrar que o sujeito tem seu papel dentro da sociedade. “A gente considera que esse público é muito vulnerável, invisível socialmente. Nosso objetivo é levar uma palavra de conforto, através da arte, para eles poderem enxergar que você se organizando você pode enxergar outras formas de viver”.

Emocionada, Ligia disse que trabalhar com as meninas foi gratificante como mulher. “Sei do meu papel dentro da sociedade e sei que é subjugado, então levar formação para elas verem o mundo de outra maneira é muito importante”.  Segundo ela, é preciso conviver com a arte, pois você fica mais sensível, humano e passa a enxergar o mundo de outra maneira.

Para poeta e também coordenadora do movimento, Luciane Carvalho, quem ganhou o presente após o projeto foi à sociedade. “Se não houver ações afirmativas essas pessoas vão sair com a mesma construção de valores que entrou. Eu acredito que a maior graça, benesse, valor, desse projeto é levar esperança e tratar crianças, jovens, adultos, com cidadania”, pontuou. 

Catia Alves

About Author

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.