Opinião

MAIZ, MAIZENA E O APARADOR DE SONHOS

O sucesso da marca Maizena é tão grande que seu nome ganhou verbete em alguns dicionários da língua portuguesa, porém escrito com s. Nascida em 1854 nos Estados Unidos, a fina farinha de amido de milho foi produzida na Amido Rio Oswedo, mais tarde Companhia Produtora de Amido Duryea, de Wright Duryea. A palavra Maizena tem origem espanhola: “maiz”, de milho. O termo passou a ser usado pelos Sioux e Iroquês, povos indígenas do sul dos Estados Unidos. 

Antes, o fino pó branco extraído do milho servia de goma para encorpar tecidos. Depois, virou ingrediente culinário, entrando no mercado dessa forma, principalmente durante a II Guerra Mundial frente à escassez e aos altos preços do trigo. No Brasil, a Maizena chegou antes mesmo da República, em 1874. Em 1927, em São Paulo, a fábrica Refinações de Milho Brasil abriu suas portas para a sua produção. A inconfundível caixa amarela estampa uma cena de índios Sioux em meio à vida na aldeia: cultivo e preparo do milho. 

Como no Brasil, várias línguas são faladas nos Estados Unidos por povos indígenas distintos que vivem na América do Norte há cerca de 15 mil anos. O povo Sioux e o Exército estadunidense viveram em constantes conflitos, principalmente no século XIX, quando suas terras foram invadidas e seu povo quase exterminado: áreas sagradas e de caça sioux estavam justapostas aos interesses econômicos dos colonizadores. Vencidos, os sobreviventes Sioux foram obrigados a se mudar para a Reserva Pine Ridge, em Dakota do Sul.

A vida na Reserva Pine Ridge não significou um estado de paz. Recentes notícias informam que a pouca oferta de trabalho, alcoolismo, drogas, violência e inquietações mentais tornaram-se frequentes no cotidiano indígena, levando a uma preocupante ocorrência de suicídios. 

Oxalá o povo Sioux volte a dormir debaixo do “apanhador de sonhos”, feito por Iktomi, a aranha sagrada.  Que os bons sonhos e as boas visões passem pelo orifício central da rede tecida pela aranha e desçam pelas penas a orientar os indíos Sioux, porque o colonialismo “faz mais do que você imagina!”

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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