Esta semana estive em uma fazenda dando aula sobre emoções. Gerentes, engenheiros, serventes, cozinheiras, vaqueiros, todos juntos esperando a minha fala. No início de todas as minhas aulas eu procuro fazer uma energização, peço para pensarem em alguém que eles amam e que esteja precisando de energia e só de fazer essa conexão tudo muda.
Naquele momento eu fechei meus olhos e veio o pensamento: é exatamente o motivo de eles estarem ali, morando longe dos familiares, trabalhando duro, em busca de um destino melhor para a família. É assim que a troca de conhecimentos se inicia, primeiro com a conexão verdadeira e, segundo, se colocado a serviço naquele momento. Alguns mal sabiam ler e escrever, mas, como disse Paulo Freire, “Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes”, saberes diferentes. Ter esse olhar com TODOS que cruzam nosso caminho muda tudo. Uma das maiores lições que aprendi em relação ao ego veio de um gestor da Ambev, Carlos Mousinho, hoje meu amigo. Me ligaram pedindo para ir dar aulas de inglês para o gerente fabril, aquele que “mandava” no povo todo, e logo fiquei imaginando como ele seria.
Cheguei na Ambev e o escritório deles era todo aberto, todos juntos com as mesas lado a lado. Fiquei observando e tentando adivinhar quem seria o gerente. Levantou um loiro alto e imponente, pensei pode ser esse; outro alto também e forte, esse também. Levantou o Mousinho e pensei esse não é de jeito nenhum, e continuei minha investigação. Quando ele veio em minha direção comecei a rir, era ele.
O que ele me ensinou? Aquelas pessoas que “se acham”, são prepotentes, arrogantes, metidas, etc., na verdade são inseguras. Esses comportamentos nada mais são que mecanismos de proteção, pois quem quer chegar perto de alguém arrogante e prepotente? Ninguém.
Quanto mais eu sei quem sou, mais tranquilo eu caminho pela vida, sem a necessidade de provar o meu valor para ninguém. Ter aprendido essa lição anos atrás me possibilitou estar ali desarmada, aberta e pronta para aprender e ensinar. Quantas vezes não perdemos a oportunidade de nos conectar porque colocamos esse muro do: Eu sei mais ou eu sou melhor. Não existe melhor, existe diferente. Namastê.