Ponto da Alemanha. No jogo desta terça-feira, ao bater Larissa e Talita por sets 2 a 0 (com surpreendente facilidade no segundo set), a dupla alemã de vôlei de praia formada por Laura Ludwig e Kira Walkenhorst experimentou um pouquinho do que viveu o futebol do país dois anos atrás: na casa do Brasil, pelas semifinais, um triunfo expressivo contra um time muito tradicional no esporte. E a sensação foi especial para Laura, a atleta com cara de alemã e alma de brasileira.
– Desculpe, mas eu realmente me senti um pouco como no 7 a 1. Mas acho que o jogo de futebol foi pior. O 7 a 1 foi muito pior – brinca a jogadora.
Laura Ludwig comandou a vitória alemã sobre a forte dupla brasileira – parciais de 21/18 e 21/12. E vibrou muito – como se sangue latino corresse por suas veias. Mas seu histórico contra duplas do Brasil nos Jogos do Rio não está encerrado. A final também será contra uma dupla daqui: Ágatha e Bárbara, que despacharam Walsh e Ross horas mais tarde. Foi a primeira derrota da tricampeã Walsh na história das Olimpíadas.
Será mais um episódio ligando Ludwig ao Brasil. A atleta namorou Pedro Solberg, que também defendeu o país nos Jogos do Rio no vôlei de praia, fala português, é fã de Seu Jorge e saliva de saudade da comida daqui: sobretudo açaí, água de coco e farofa de ovo com banana.
Por isso, para ela, enfrentar o Brasil (e vencer) é especial. Sendo em terras brasileiras, mais ainda. De tão íntima com o país, ela se permite brincar:
– Eu gosto disso. É bom. É bom saber que talvez vocês estejam com medo de enfrentar a Alemanha – diz ela, rindo.
As brincadeiras de Laura Ludwig ficam fora da quadra. Dentro, é uma atleta extremamente séria – muito forte na defesa, com agilidade fora do comum para se mover pelos cantos da quadra. Contra as brasileiras, fez 14 pontos de ataque, encaixou dois saques diretos e fez 13 defesas. Foi a melhor da partida em todos os quesitos.
E isso foi com forte pressão da torcida brasileira. Para Ludwig, vencer adversárias tão fortes na casa delas foi ainda mais marcante.
– É especial. Jogamos muito bem do começo ao fim. Foi muito importante vencer o primeiro set. Voltamos ainda mais fortes no segundo. É duro. O Brasil tem uma espécie de terceira jogadora que joga junto. Focamos no nosso jogo e não vemos a hora de voltar a jogar para a final.
Laura Ludwig, aos 30 anos, já está em sua terceira Olimpíada – a primeira ao lado de Walkenhorst. Nas anteriores, ela competiu junto com Sara Goller. Ficou em nono em Pequim 2008 e em quinto em Londres 2012. Agora, tem garantida ao menos uma prata – a primeira da Europa no vôlei de praia feminino na história olímpica do esporte, iniciada em Atlanta 1996.
Já é uma virada e tanto para uma atleta que precisou lidar com dificuldades. Aos 18 anos, ela sofreu um princípio de derrame que poderia ter arruinado sua carreira. Ficou sem sentir o braço esquerdo, depois parte da boca. Mas conseguiu se recuperar completamente. E agora vive o maior momento da carreira, à espera de ser campeã olímpica na cidade que tanto adora.
– Nunca morei aqui. Mas treinamos muito em Ipanema. Adoro Ipanema, o Rio, tudo aqui, as pessoas, a comida. É sempre maravilhoso vir aqui. Vir pra cá é quase como se sentir em casa. Já jogamos bastante aqui. Sabemos onde ir, o que fazer. Nos sentimos muito bem.
A final da competição feminina do vôlei de praia começará às 23h59 desta quarta-feira.
Fonte: G1