Cidades

Cuiabanos trabalham no maior evento do mundo

Os Jogos Olímpicos Rio 2016 abriu cerca de 8 mil empregos temporários diretos e também de trabalho voluntário, além de mais de 100 mil empregos indiretos. Alguns cuiabanos não pensaram duas vezes em aproveitar esta oportunidade. Arrumaram as malas e embarcaram para o Rio de Janeiro, onde estão vivendo a incrível experiência de participar do maior evento do mundo, num cenário de beleza natural incomparável e tendo a oportunidade de intercâmbio com pessoas de todos os cantos do planeta.

Décio Coelho é profissional de Tecnologia da Informação e está trabalhando como voluntário. Para conseguir a vaga ele teve que passar por uma bateria de testes online e presenciais, divididos basicamente em 12 etapas, de maneira a garantir a excelência em serviços, diversidade e inclusão. Após classificação nas etapas, quem foi aprovado na entrevista recebeu por e-mail a carta-convite, documento oficial que formalizou a participação nos Jogos.

“Estou exercendo o cargo de Assistente de Serviços do Evento na instalação do Estádio Aquático Olímpico. O time é responsável pelo atendimento ao público em geral, controle de acesso do público no estádio, acessibilidade e receber atletas na área designada para chegada”, relata Décio Coelho.

O assistente também tem a missão de manter-se visível para lidar com qualquer problema e responder perguntas; garantir que as áreas dos atletas estejam limpas, arrumadas e preparadas para o início das sessões.

“Vigiamos a segurança dos pertences dos atletas, lidamos com pertences perdidos, gerenciamos chaves e armários, garantimos a disponibilização de toalhas limpas e recolhimento das utilizadas. Garantimos que o lounge dos atletas, entre outras áreas, estejam abastecidas com comidas e bebidas; e reportamos qualquer quebra ou problemas técnicos”, acrescenta o voluntário.

Décio Coelho, que dentro da sua atividade em Cuiabá realiza trabalhos de desenvolvimento de sistemas de informação, utilizando geradores de sistemas, nos ambientes desktop, web, smart (mobile), está atuando nos Jogos Olímpicos fora da sua área profissional. “Exceto as práticas de gestão, que na verdade estão em todas as áreas e segmentos”.

Porém, expressa em números a dimensão da sua experiência profissional e pessoal como voluntário nas Olimpíadas Rio 2016. “É um megaevento, com 42 modalidades esportivas, 306 disciplinas esportivas, centenas de eventos esportivos, em 37 arenas, com a participação de 205 países, não tem como não impressionarmos”.

Para Décio Coelho, os jogos olímpicos representam um feito único sem comparativos. “Pensar que estamos participando de um evento onde o mundo todo com suas particularidades quanto aos costumes, culturas, diversidades, etc., são partícipes diretos, é algo imensurável. Quero crer que só o tempo me mostrará o que isso tudo me representa, tanto no aspecto profissional como pessoal. De uma coisa tenho certeza, os ganhos são imensos”.

A organização

“Fantástico”. É desta forma que Décio Coelho avalia a organização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. “Por se tratar de um evento gigantesco, sempre terão falhas, obviamente, porém contornáveis. Mas nada que desabone o evento como um todo. Existem falhas nos traslados, na área de alimentação, informações, logística, etc. Mas a organização é sem comparativos”.

O intercâmbio é a melhor parte do trabalho

Para o especialista em Tecnologia da Informação, o cuiabano Décio Coelho, o melhor de trabalhar como voluntário nos Jogos Olímpicos Rio 2016 é o intercâmbio com pessoas das mais diversas nacionalidades.

“Certamente essa é a melhor parte. Fazer esses contatos e conhecimentos não tem preço. Tenho feito amigos chineses, japoneses, bolivianos, árabes, americanos, ingleses, africanos, entre outros. Amigos que muitas vezes não entendemos uma palavra, mas acabamos nos entendendo (rsrsrs…)”, comenta.

Quanto à aproximação de atletas, é uma constante, de acordo com o voluntário. “Por estarmos trabalhando no mesmo espaço, vira e meche nos deparamos com um Michael Phelps, uma Katie Ledecky, uma Joice Silva, etc… Por trabalharmos diretamente com o público em geral, realmente somos privilegiados nesse aspecto”.

Após trabalho no Pan e na Copa, convite para as Olimpíadas

A jornalista Alessandra Barbosa também está trabalhando nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Ela, que já morou oito anos no Rio de Janeiro, diz que ficou surpresa quando recebeu o convite, pelo telefone, para trabalhar no evento.

“Em vim para o Rio no dia 23 de julho. Uma semana antes de eu retornar, meu telefone tocou perguntando se eu tinha interesse em trabalhar nas Olimpíadas que tinha uma vaga de produtor técnico. Me passaram o salário que eles ofereciam. Topei na hora”.

Alessandra Barbosa revelou, no entanto, que ficou preocupada em aceitar por causa do emprego que tinha recém começado em Cuiabá. “Mas a proprietária do site foi muito bacana e me liberou para trabalhar na Olimpíada e retornar ao final do evento”.

A jornalista não esconde a alegria de ter recebido a oportunidade de trabalhar no maior evento esportivo do mundo. “Estou achando ótimo! Estou muito feliz de ter sido lembrada pelo Comitê Olímpico Brasileiro”.

Divisor de águas

A jornalista Bárbara Sá também está como voluntária nos Jogos Olímpicos 2016. Ela contou ao Circuito Mato Grosso que como gosto muita de esportes geralmente fica ligada nas novidades e foi assim que viu que estavam abertas as inscrições tanto para contrato quanto para voluntário. “Não pensei duas vezes e me inscrevi nas duas. Passei por pelo menos seis. Ao final tive uma entrevista via Skype. Após isso só esperei a minha carta convite”.

Barbará diz que conheceu muitas pessoas que nunca imaginava conhecer. “Fiz amigos que sei que vou levar para sempre por causa desse evento. Eu fico maravilhada de saber que fiz parte de um momento tão especial na vida daquelas pessoas, e que elas levariam um pedacinho de mim com elas para suas casas”.

A jornalista ficou com a Família Olímpica. Twve contatos com presidentes de vários países inclusive um príncipe. “Fiz muitos contatos profissionais e acredito que foi um divisor de águas da Bárbara de antes para a Bárbara de agora. O conhecimento que ganhei lá, tendo contato com tanta gente modifica a sua visão do mundo, amplia os horizontes e abre novos caminhos”.

Confira o depoimento de Bárbara Sá ao Circuito Mato Grosso:

“O público com quem trabalhei tinha uma parcela enorme internacional, gente de todos os cantos do mundo. A pessoa está fora do próprio país, em um local com uma língua e cultura diferentes, pessoas diferentes, ansiosa por momentos especiais e situações diferentes. Pude ver a insegurança nos olhos deles.

Nossa obrigação é trazer segurança para essa pessoa, fazer com que ela se sinta o mais em casa possível. Meu espanhol e inglês não estava muito bom, tive que me adequar, mas o mais engraçado é que consegui me comunicar bem, sempre sorrindo, acenando com as mãos e tentando ajudar. Lembrar que você faz parte da imagem que a pessoa leva do Brasil, de um momento especial da vida dela. Faz toda a diferença.

Adoro conhecer e conversar com pessoas de outros países, essa é a maior riqueza das Olimpíadas, fiz amigos no mundo todo! México, Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, Uruguai, Argentina, Holanda enfim não dá para enumerar neste espaço.  Tudo isso valeu muito mais do que alguma crítica que ouvimos ao longo da caminha por escolher ser uma voluntária.

Participar do maior evento de esportes do mundo, ver a mistura de raça e de emoções é inexplicável. Passei alguns perrengues e até situações desagradáveis. Mas se você me perguntar se valeu a pena? SIM. Totalmente. É além de tudo um desafio pessoal. Acredito que qualquer trabalho voluntário ou experiência valem a pena. Uma das heranças que carrego comigo é uma visão de mundo mais ampliada, saber como é do outro lado, como funciona no backstage”.

Sandra Carvalho

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