Fotos Ahmad Jarrah
Cerca de 100 manifestantes tomaram a Avenida Getúlio Vargas, Centro de Cuiabá (MT), na tarde desta sexta-feira (24), para protestar contra os assassinatos indígenas. O grupo se reuniu na praça Alencastro e segui para o Ministérios Público Federal onde deixaram cruzes simbolizando os assassinatos.
Com cruzes, faixas, cartazes, cânticos e pinturas indígenas e não-indigenas pediam do poder público atitude para o enfrentamento dos assassinatos e preconceitos vivenciados diariamente.
Eles exigem para que massacres como o que ocorreu no dia 14 de junho em Mato Grosso do Sul não ocorra mais. Na ocasião um grupo de produtores rurais cercou uma fazenda que havia sido ocupada dois dias antes por indígenas que reivindicavam a área. Cinco indígenas foram feridos e um menino de 12 anos foi morto durante o confronto.
A estudante, Marta Tipuici, lembra que até 2014 foram aproximadamente 400 assassinatos indígenas, sendo a maior parte deles no Mato Grosso do Sul. “Todos esses assassinados ocorreram motivados pelo agronegócio. Foram crianças, adolescentes, senhoras como a Jurite, que cantava enquanto sua terra era invadida, e foi brutalmente assassinada por um tiro na cabeça no Mato Grosso do Sul. Lá é o estado mais omisso com os direitos indígenas”
Em Mato Grosso são 43 povos indígenas, e mais alguns em fase de identificação. O dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), de 2014: dos 138 assassinatos de indígenas no Brasil, 41 foram em Mato Grosso do Sul.
A etnia Chiquitano, a qual Soilo Urupechue pertence, fica no município de Porto Esperidião (MT) na divisa entra Brasil e Bolívia, possui vários conflitos agrários. “Na nossa aldeia já aconteceu caso de tiros, queima de casa, negação de passagem por parte dos agricultores da região. A gente também era proibido de falar nossa própria língua”, diz Urupechue.
Ela afirma que o Estado é omisso aos direitos constitucionais dos indigenas.
Em Mato Grosso
Um dos últimos ataques com vítima fatal aconteceu na semana passada no município de Caarapó – MS, onde o agente de saúde Clodioudo Aguile Rodrigues dos Santos (20) foi assassinado com tiros. A principal motivação dos conflitos neste estado é a morosidade nas demarcações de terras e na resolução de impasses envolvendo fazendeiros e indígenas.
O episódio ocorre menos de um ano depois da morte de Semião Fernandes Vilhalva, outro guarani-kaiowá de 24 anos, morto em circunstâncias parecidas na mesma região.