Com Bruna Gomes
Grupos de diferentes etnias indígenas se reúnem nessa sexta-feira (24) para um ato em defesa do povo Guarani-Kaiowá, recentemente vítima de um massacre em Mato Grosso do Sul. O ato é realizado na Praça Alencastro às 15h, no centro de Cuiabá, com faixas, cartazes, cânticos, pinturas e segue em passeata até o Ministério Público.
O massacre ocorreu no dia 14 de junho, quando um grupo de produtores rurais cercou uma fazenda que havia sido ocupada dois dias antes por indígenas que reivindicavam a área. Cinco indígenas foram feridos e um menino de 12 anos foi morto durante o confronto.
Soilo Urupe Uche, estudante de psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e primeiro suplente no Conselho Nacional de Políticas Indigenistas (CNPI) explica que o ato vai além da manifestação em e abrange os direitos indígenas de todos os povos, inclusive de Mato Grosso.
“Não é porque estamos na universidade que deixamos de exercer nossa função originária, que é lutar pelos nossos direitos. Nos reunimos para essa manifestação pacífica para trazer à sociedade o que de fato está acontecendo conosco, os indígenas. Estão tirando vidas e não estão sendo punidos, todas as etnias ficam feridas com isso”, disse Uche.
O representante do CNPI disse ainda que o ato é uma forma de somar forças contra o massacre dos Guarani Kaiowá e pelos direitos dos povos indígenas. “Nesse momento a conjuntura nacional não nos favorece. Muito dos nossos direitos estão sendo tirados nesse retrocesso”.
Em Mato Grosso
Um dos últimos ataques com vítima fatal aconteceu na semana passada no município de Caarapó – MS, onde o agente de saúde Clodioudo Aguile Rodrigues dos Santos (20) foi assassinado com tiros. A principal motivação dos conflitos neste estado é a morosidade nas demarcações de terras e na resolução de impasses envolvendo fazendeiros e indígenas.
O episódio ocorre menos de um ano depois da morte de Semião Fernandes Vilhalva, outro guarani-kaiowá de 24 anos, morto em circunstâncias parecidas na mesma região.