Os políticos de Mato Grosso já se articulam para disputar a prefeitura de Sinop, Norte do Estado, que este ano deve girar em torno de dois nomes: Rosana Martinelli (PR) e Fernando Assunção (PSDB). Os dois principais pré-candidatos têm o apoio de fortes figuras políticas, como o ministro da agricultura Blairo Maggi (PP) e o governador Pedro Taques (PSDB). Enquanto isso, pelas beiradas vem o candidato do Partido Solidariedade, Kinin Granja (SD), que se auto intitula a única via para a “mudança” no futuro da cidade.
O resultado das eleições de Sinop é significativo para a construção do panorama político de Mato Grosso nos próximos anos. O município é valioso por conta de sua localização estratégica, que é fundamental para escoamento da produção agrícola do estado. Sinop é, inclusive, conhecida como a “capital do nortão”, em referência à sua importância regional.
Rosana Martinelli (PR)
Primeira a confirmar pré-candidatura, Rosana Martinelli representa a continuidade da atual gestão e, mesmo que recentemente filiada ao PR, traz consigo uma forte ligação com o PMDB, já que tem o apoio incondicional do atual prefeito Juarez Costa, filiado ao partido. Além disso, sua base aliada conta com outros partidos, como o PCdoB, PMB e PV e outras duas lideranças da política mato-grossense: o senador Wellington Fagundes (PR) e o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP).
No entanto, o apoio de Maggi ainda se mantém incerto, pois caso o vereador Dalton Martini (PP) lance sua candidatura, ele provavelmente irá apoiar seu colega de partido. Conversas nos bastidores ocorrem para deliberar se Dalton lança candidatura própria ou se integra à chapa de Rosana.
Segundo Martinelli, os nomes para compor a vice-prefeitura ainda estão sendo analisados. Outro cotado para o cargo é do vereador Mauro Garcia (PMDB), presidente da Câmara Municipal e que conta com o apoio do atual líder do prefeito, Ademir Bortolli (PMDB) e os vereadores Fernando Brandão (PR), Negão do Semáforo (PTB), Roger Schallenberger (PR) e Betão (PR).
A pré-candidata é a atual vice-prefeita da cidade de Sinop e desde 2012 já assumiu o comando do Executivo Municipal por cinco vezes. Martinelli gosta de enfatizar o ganho que esses três anos de experiência no executivo lhe trouxe. “Como vice-prefeita, tive oportunidade de aprender a mecânica da gestão pública de Sinop, os setores que precisam melhorar, onde angariar recursos e toda essa relação com as esferas estaduais e federais. Além disso, eu cresci em Sinop, moro na cidade há 41 anos, vivenciei tantos seus problemas como suas glórias”, declarou em entrevista ao Circuito Mato Grosso.
Além de vice, Rosana também foi secretária de Indústria e Comércio, ainda na gestão de Nilson Leitão (PSDB) e assumiu a secretaria geral da Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso (Acrinorte).
Ao mesmo tempo em que, pré-candidata, ganha muitos aliados e apoio popular por fazer parte do comando da atual gestão, também leva consigo a responsabilidade pelos problemas. O principal gargalo da prefeitura são saúde e educação, setores em que o governo não se mostrou capaz de suprir as necessidades da população.
Sinop é considerada um polo de educação no norte do estado e recebeu prêmios como o “Construindo a Nação”, em 2008. No entanto, o número de creches municipais é muito inferior ao necessário para abastecer a demanda da cidade. Segundo levantamento das entidades do setor atualmente existem mais de 5 mil crianças foras da escola. A prefeitura está há três anos construindo mais três creches, mas as obras parecem nunca ficar prontas.
Fernando Assunção (PSDB)
Dos três pré-candidatos, Fernando Assunção é o de maior bagagem política e apoio de lideranças. Tem uma grande ligação com o PSDB, tendo atuado na área executiva administrativa do partido por oito anos e vereador por dois mandatos sob a sigla do partido.
Nomes fortes no estado estão em sua base aliada, como o governador Pedro Taques (PSDB) e o deputado federal e ex-prefeito de Sinop, o também tucano Nilson Leitão. Além destes, Fernando trouxe o Democratas para sua base aliada que tem liderança do deputado estadual Dilmar dal Bosco e do vereador Wollgran Araújo. O PTB e o PSD, partido do vice-governador Carlos Fávaro ,são possivelmente futuros aliados para a disputa.
O principal concorrente de Rosana Martinelli no próximo pleito, Fernando Assunção prefere não apontar os problemas da atual gestão, mas anunciar suas soluções. “Precisamos tratar Sinop de forma grandiosa, trazendo investimentos na área de inovação, tecnologia, focando na captação de investidores em novas empresas para gerar empregos e renda. Nosso objetivo passa muito pela situação do emprego, renda e qualidade de vida, focando na área da educação e da saúde com forte apelo na humanização e na valorização das carreiras.”
Segundo o vereador, candidatos para a vice-prefeitura só serão anunciados nas convenções, em setembro deste ano. “Essa discussão segue agora, estamos conversando com mais de 10 partidos. Tudo com bastante democracia, espaço e avaliando as conversas com lideranças comunitárias. Procuramos nomes que façam contribuições e que tenham o apoio da população.”
Kinin Granja (SD)
O pré-candidato Kinin Granja, que se auto intitula “a mudança”, se afirma como oposição aos outros dois candidatos. Com apoio do deputado estadual Zé Carlos do Pátio (SD), Kinin não poupa críticas aos governos estaduais e municipais e afirma que irá até o final da disputa.
“O que Sinop precisa é de uma cara nova, mas não adianta ser novo e continuar sendo comandado por esses políticos arcaicos, cansativos. Entrei na política, mas nunca fui político, entro como um administrador que vai trabalhar junto com o povo. O povo sendo aquele lá de baixo desde lá em cima, o que precisamos hoje é honestidade e transparência dentro do município”, declarou o empresário.
E complementa com críticas diretas ao atual prefeito e sua futura adversária, a vice-prefeita Rosana Martinelli: “Sinop tem um grande orçamento, pena que não é mostrada a transparência deste recurso. Não há transparência e a população pede isso, onde está sendo gasto o dinheiro dentro do município de Sinop?”.
O Solidariedade existe desde 2013 e essas são as primeiras eleições das quais participa. Assim como seu partido, Kinin também não tem bagagem política, tendo apenas sua experiência como empresário em Sinop e Mato Grosso do Sul. Apesar disso, afirma que não pretende levar sua candidatura até o final da disputa.
O nome forte ao lado do empresário é o deputado estadual Zé Carlos do Pátio (SD), que é também pré-candidato à prefeitura de Rondonópolis e reafirma o discurso de terceira via do Partido Solidariedade. “Sinop hoje tem dois grupos políticos, um que apoia um setor e o outro a oposição e o Governo. Agora surge a terceira opção e eu vejo isso com bons olhos. O partido só cresceu no Estado porque somos audaciosos. É uma sigla nova com propostas novas, arrojadas e que não tem medo da verdade”, afirmou Zé do Pátio (SD).
Observando quem irá compor a base aliada do pré-candidato: PSC, PSL, PT do B e o PTN, fica a dúvida de que natureza seria essa mudança. Já que um de seus apoiadores, o Partido Social Cristão é membro da bancada evangélica e tem integrantes como os deputados Jair Bolsonaro e o Victório Galli.