Política

Incertezas com a nova presidência da Petrobras

O engenheiro Pedro Parente tomou posse da presidência da Petrobras dia dois de junho em Brasília, com a árdua missão de resgatar a credibilidade petrolífera que foi alvo do maior escândalo de corrupção no governo da presidente afastada, Dilma Rousseff.

Parente já foi Ministro de Estado do Governo de Fernando Henrique Cardoso e ocupou diversos cargos na área econômica do governo. Foi consultor do Fundo Monetário Internacional e de instituições públicas no País.

A dúvida agora é se o novo presidente terá habilidade para recuperar a saúde financeira e a imagem da empresa alvo da Operação Lava Jato.

O analista político, Alfredo da Mota Menezes, disse ao jornal Circuito Mato Grosso acreditar na competência de Parente para reerguer a petrolífera, mas não sabe de que maneira isso acontecerá tamanho o desafio que tem pela frente.

Na cerimônia de posse, Parente evitou falar sobre reajuste dos preços, se terá uma elevação dos valores ou uma diminuição, mas disse que essa decisão será de natureza empresarial a partir de agora. Restringiu-se a informar que não haverá interferência do governo na gestão dos preços dos combustíveis e que a interferência política na estatal ao indicar cargos não existirá mais.

A medida foi vista com bons olhos pelo diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado de Mato Grosso (Sindipetroleo), Nelson Soares Júnior. Ao jornal Circuito Mato Grosso, ele disse que a mudança é benéfica, porém para Mato Grosso ainda é cedo para dizer o que vai representar.

“O que nós temos de certo é que não haverá o uso político do preço, ou seja, mesmo que haja necessidade de um novo aumento em um determinado ponto do futuro, esse aumento não será retraído em função do ambiente politico”, considerou Nelson.

Para os cuiabanos a nova presidência é vista com desconfiança. O empresário Thiago Correa disse acreditar que nesse primeiro momento Parente pode até abaixar os valores do combustível “Para mostrar serviço, mas logo ele vai aumentar”, opinou, pontuando que o problema da Petrobrás não era só o presidente e sim “a roubalheira” toda que havia lá dentro.

Aristaldo Barbosa Leite é caminhoneiro e há dias não faz frete. “Estamos trabalhando só para pagar o combustível. Espero que melhore agora, mas a gente pouco sabe desse povo que está lá dentro”, declarou.

Entenda a Lava Jato

A operação “Lava Jato” é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. O nome decorre do uso de uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de automóveis usados para movimentar recursos ilícitos pertencentes a uma das organizações criminosas inicialmente investigadas.

As investigações partiram de março de 2014. Foram investigações realizadas, inicialmente pela Justiça Federal em Curitiba, que processou quatro organizações lideradas por doleiros, que operavam no mercado paralelo de câmbio. Depois de recolher provas, o Ministério Público Federal descobriu um imenso esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.

Segundo informações oficiais do Ministério Público Federal (PMF) que trata exclusivamente da operação, estima-se que o volume de recursos desviados dos cofres da Petrobras esteja na casa de bilhões de reais. Soma-se, a isso, a expressão econômica e política dos suspeitos de participar do esquema de corrupção que envolve a petrolífera.

O esquema já dura dez anos. Grandes empreiteiras organizadas em cartel pagavam propina para altos executivos da estatal e outros agentes públicos. O valor variava de 1% a 5% do montante total de contratos bilionários superfaturados e era distribuído por meio de operadores financeiros do esquema, incluindo os doleiros investigados na primeira etapa. 

Catia Alves

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