Política

O que será dos próximos quatro anos?

Fotos Arquivo Circuito Mato Grosso

A menos de um mês para o início das convenções partidárias, muito pouco se ouve falar sobre a eleição deste ano em Cuiabá. Certamente a mudança no calendário eleitoral teve grande influência e impacto sobre essa estranha calmaria. 

Outro ponto relevante e muito importante é: há nomes para o pleito à prefeitura de Cuiabá?

O comedido cenário sobressalta dúvidas, especialmente diante da atual conjuntura cujo principal possível pré-candidato é o prefeito de uma gestão marcada por problemas, escândalos e descontentamento.

Apesar de ainda não ter dito categoricamente que apoiará Mauro Mendes (PSB) – já que ele próprio ainda não confirmou sua pré-candidatura – o governador Pedro Taques (PSDB) deu indicativas de apoio ao atual prefeito. Nesse desenho é possível analisar um personagem com apoio não apenas da máquina municipal, mas também da máquina do Estado.

Um dos representantes da cúpula do PSDB, o deputado estadual e líder do governo na Assembleia Legislativa, Wilson Santos, afirma que não há consenso dentro do partido quanto à indicação para prefeitura de Cuiabá.

“Dentro do PSDB há duas correntes, uma quer que tenha candidatura própria e a outra está calada”, explica ele, afirmando ainda que a calada tem falado mais alto.

“Eu defendo a candidatura própria. Tem que ter candidatura própria já que temos grandes nomes, 5 vereadores, 4 deputados estaduais, um deputado federal e o próprio governador. Cuiabá é um grande colégio eleitoral”, disse Santos, analisando ainda que quem define a questão é o diretório municipal.

O presidente do diretório municipal do PSDB, Carlos Avalone, reitera a fala de Wilson afirmando que há uma divisão de vontades quanto ao assunto. 

“Existe certa divisão no partido. Há uma ala que gostaria de ter candidatura própria, normalmente é sempre uma candidatura natural, e essa outra ala que tem sido atualmente majoritária, que gostaria de ficar apoiando a administração Mauro Mendes e reeleição.”

No meio disso, duas novas filiações ao partido tucano ocorreram, alimentando a possibilidade de uma candidatura própria do PSDB para prefeitura de Cuiabá. Um, o ex-prefeito de Cuiabá – mal avaliado por muitos – Roberto França. O outro, empresário da comunicação, João Dorileo Leal, diretor geral do Grupo Gazeta de Comunicação, que quase foi candidato na eleição de 2012, à época filiado ao PMDB.

Em entrevista ao Circuito Mato Grosso, João Dorileo Leal afirma que a filiação ao PSDB foi uma tentativa de garantir nomes à pré-candidatura, caso o governador Pedro Taques não fechasse questão com Mendes quando à disputa deste ano.

“Houve uma conversa lá atrás e estava terminando o prazo da filiação – 02 de abril – então se o projeto fosse vingar a gente estaria filiado, mas a coisa não evoluiu. Parece que o governador foi para o partido com esse compromisso de apoiar o Mauro Mendes, então o partido se comprometeu com ele. Então, na verdade, esse apoio ao Mauro é pessoal do Pedro”.

Apesar do compromisso de Taques com Mauro, o apoio não tem agradado a todos. “Tinha algumas frentes do partido defendendo a candidatura própria, como o Wilson Santos e Guilherme Maluf, que queriam e até querem a candidatura própria e eu acho que é legítimo até. O PSDB sempre governou Cuiabá. Se você ouvir o sentimento do PSDB vai perceber que é majoritariamente a favor de uma candidatura própria”, afirma Dorileo.

Ele explica a situação denotando que o PSDB cumpriria sua palavra com Taques por “não ter tradição de infidelidade com as decisões”, logo, mesmo descontente por não ter um projeto próprio o partido acabará apoiando a decisão do governador.

A assessoria de imprensa do prefeito de Cuiabá informou que Mauro Mendes deverá comunicar se entra ou não no pleito à reeleição nas próximas semanas.

MAURO X MAURO

Com cenário favorável e um séquito de eleitores, o Procurador Mauro (PSol) é, não apenas xará do atual prefeito, mas, provavelmente, seu calcanhar de Aquiles.

Em 2012 o candidato do PSol obteve 5,42% dos votos válidos, totalizando 16.920 mil votos na eleição para a prefeitura de Cuiabá, na eleição em que Mendes foi eleito prefeito da capital mato-grossense.

Em 2014 o Procurador Mauro volta a tentar entrar para a política por meio da Câmara Federal. Na ocasião ele foi recorde de 84.208 votos válidos, ficando em 7º lugar como o mais votado de Mato Grosso. Apesar disso o partido não conseguiu o quociente eleitoral – número de votos necessários para eleger um candidato na disputa proporcional – por não fazer coligações com outros partidos.

Em entrevista ao Circuito Mato Grosso o pré-candidato do PSol afirma que sua candidatura é uma alternativa para a população, como referência política de esquerda.

“Entendemos que a única alternativa verdadeira para a população de Cuiabá é o PSOL. Todos os demais partidos na verdade fazem parte de um mesmo grupo político que se separa e se reagrupa apenas por conveniência. Exemplo disso é que Mauro Mendes disputou em 2008 contra o PSDB e hoje o PSDB faz parte de seu governo”, pontua.

Para ele o momento é de desencanto da população com os políticos tradicionais, acompanhado do aumento da participação política dessa mesma população através de protestos nas ruas e nas redes sociais, resultando em “busca de mudança verdadeira”.

Apesar do significativo aumento no número de votos entre a eleição para prefeitura de Cuiabá, em 2012 e a Câmara Federal, em 2014, o Procurador não abre questão quando o assunto é coligar. “O entendimento do PSOL é de que atualmente não existem em Mato Grosso partidos que defendam o mesmo programa que o nosso, razão pela qual não há a possibilidade de coligação com outros partidos. Participaremos desta eleição com chapa pura”.

PARTIDO NANICO, NOME FORTE

Completando a disputa, outro nome que já está confirmado para a pré-candidatura é o da ex-senadora da República, Serys Slhessarenko (PRB). Em 2013 Serys deixou o PT e filiou-se ao PTB, mas a falta de espaço no partido fez como que ela migrasse em 2015 para o PRB.

Apesar do distanciamento do Partido dos Trabalhadores, a atuação e nome político de Serys ainda tem muita força junto aos eleitores petistas. Além de sua bagagem com o partido o fato de Serys ser a única mulher poderá ampliar a conquista de votos.

Serys afirma não descartar coligações para fortalecer sua candidatura. “Estamos abertos para conversar sobre possíveis alianças e coligações. Eleição a gente ganha na hora da contagem dos votos”, disse. 

A ex-senadora pondera que o importante nessa campanha serão os debates. “ Temos que colocar na mesa a situação de vários setores que precisam de políticas públicas para Cuiabá e fazer propostas plausíveis, factíveis e não penas promessas”.

A campanha este ano começa dia 16 agosto e teve redução de 90 para apenas 45 dias. O período de propaganda dos candidatos no rádio e na TV também foi diminuído de 45 para 35 dias, tendo início em 26 de agosto, em primeiro turno.

Josiane Dalmagro

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