Política

Por RGA e contra PPPs, professores anunciam greve

Essa semana promete ser bem movimentada e intensa para o governador Pedro Taques (PSDB). Ele deve enfrentar extrema dificuldade no relacionamento com os servidores públicos. Após reafirmar que não concederá o Reajuste Geral Anual (RGA) na folha de pagamento de maio, diversas categorias que já haviam anunciado greve deves reforçar o movimento a partir desta segunda-feira (23).

Na última semana, servidores do sistema penitenciário, investigadores e escrivães de polícia já haviam anunciado a paralisação. Neste final de semana, profissionais da educação se reuniram em conselho onde foi aprovado um indicativo de greve que será colocado em votação pela categoria na assembleia geral marcada para hoje.

A pauta dos professores tem dois itens polêmicos e que ainda vai gerar muita discussão. O primeiro deles é o cumprimento da reposição inflacionária de 11,27%, conforme prevê a constituição.

Outra reivindicação é o fim do contrato de PPP (Parceria Público Privada) na Educação. Apesar de o Governo garantir que a gestão continuará com o Estado, os professores entendem que a parceria é um dos primeiros passos para a privatização do sistema. Os servidores também cobrarão do Governo um cronograma de realização do concurso público.

Apoio dos estudantes

A manifestação na Educação não será apenas dos professores, os estudantes também anunciaram que farão ocupação de algumas escolas públicas em protesto contra as Parcerias Públicos Privadas (PPPs).

Na noite deste domingo (22.05), alunos da Escola Estadual Professora Elmaz Gattas Monteiro em Várzea Grande, usaram a rede social Facebook para avisar que já ocuparam a escola. Os alunos colocaram faixas em frente à escola contra o projeto de privatização proposto pelo governo do Estado.

Os estudantes criticam ao Governo pelas as fraudes apuradas na “Operação Rêmora”, que investiga desvios de R$ 56 milhões na realização de obras de reforma e construção de escolas.

Eles reclamarão ainda contra o superfaturamento na compra de merendas escolares. “Nós não podemos dar mais tempo para o governador atuar, ele vem assinando contratos que podem comprometer a educação do nosso estado para os próximos 35 anos”, dizem em nota assinada pela Associação Matogrossense dos Estudantes (AME) e União Brasileira dos Estudantes (UBES).

Confira na íntegra carta de ocupação dos alunos

CARTA DA OCUPAÇÃO ESTUDANTIL SECUNDARISTA EM MATO GROSSO

“Ocupar aquilo que é nosso e garantir aquilo que nos é direito é nossa única arma para realização dos nossos sonhos”

Nós estudantes secundaristas da Escola Estadual Elmaz Gattas Monteiro, conectados com as grandes mobilizações estudantis do nosso país, juntamente com nossa Associação Matogrossense dos Estudantes (AME) e com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) deliberamos por ocupar a escola pelos motivos a seguir expostos.

Diante da situação de caos e sucateamento da Educação Pública no Estado de Mato Grosso, com escolas totalmente desestruturadas, sem condições mínimas de trabalho para os profissionais da educação e para a construção do conhecimento.

Considerando o escândalo de corrupção em contratos que até agora soma em torno de R$ 58.000.000,00 (cinquenta e oito milhões de reais), mais R$11.000.000,00 (onze milhões de reais) em superfaturamento nas licitações na compra da merenda escolar, tudo sendo investigado por uma poderosa operação em curso que derrubou o então Secretário da Educação o senhor Permínio Pinto Filho.

Há no do Governo Pedro Taques o famigerado projeto de PPP (Parceria Público-Privada) que visa desmontar a educação pública, com o intuito de garantir mais lucros aos insaciáveis barões dos grupos da educação privada, terceirizando a educação pública em todos os aspectos desde a gestão até as práticas de ensino.

Por estas razões decidimos agir por nós mesmos, para repudiar toda ação deste governo estadual que tem por meta privatizar a educação pública. Estamos lutando por uma escola de equidade, de qualidade, uma escola da DIVERSIDADE para que ela seja um espaço democrático e plural e que reúna nela todos os nossos sonhos.

A escola que queremos e construiremos terá o ambiente do despertar da consciência crítica e emancipadora, capaz de nos fazer enxergar a realidade que vivemos e assim tomando as escolhas que quisermos.

A escola que construiremos será capaz de formar politicamente a sua comunidade interna e externa, além de garantir uma formação acadêmica que nos dê as mesmas condições que alguns privilegiados possuem, como acesso às artes e cultura, ao desenvolvimento da ciência e tecnologia e ao pensamento social crítico.

Temos muitos sonhos e temos também a certeza que os construiremos por nossas próprias mãos, mas será vencendo cada um dos obstáculos que se colocam a nossa frente que vamos alcançar nossos objetivos centrais. Por isto, neste momento ocupamos nossa escola para primeiramente dizer NÃO ao PPP, denunciando que há uma lista de escolas que irão passar por um período de “testes” e o nosso colégio está nesta lista, sendo uma das primeiras a sofrer a privatização.

Chamamos todos os estudantes do estado a se solidarizarem conosco nesta luta, convidamos os profissionais da educação, a exemplo do que ocorre no Estado de São Paulo, que se uniram aos estudantes para apoiá-los, convidamos nossas mães e pais, pois é pelo nosso futuro que estamos lutando.

SÓ DESOCUPAREMOS A ESCOLA QUANDO O GOVERNO DO ESTADO RECUAR E SUSPENDER O PROJETO DE PPP DA REDE DE EDUCAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL, QUANDO A CPI DA SEDUC FOR INSTAURADA E O GOVERNO DIALOGAR COM OS ESTUDANTES.

Nossos sonhos não cabem em uma Secretaria corrupta que quer vender a educação como se fosse mercadoria, nossas esperanças não moram em palácios, muito menos nas prisões públicas que o governo constrói para jovens sendo a maioria negros e pobres que não tiveram acesso a uma educação libertadora.

Nossos sonhos só cabem nas nossas lutas!

Várzea Grande-MT, 22 de Maio de 2016

 

(Fotos: Reprodução/Facebook)

 

Catia Alves

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