Nacional

Estudantes desocupam Assembleia Legislativa após ordem judicial

Estudantes seguram botão de rosa branca na saída da Alesp (Foto: Lívia Machado/G1)

Estudantes deixaram o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na tarde desta sexta-feira (6). O grupo de cerca de 50 jovens saiu do prédio, com rosas brancas nas mãos, após uma ordem de reintegração de posse expedida pela Justiça. Eles ocupavam o local desde terça-feira (3) para reivindica a abertura de uma CPI para investigar o desvio de verbas na compra de merenda escolar.

Antes de saírem, os estudantes leram um pronunciamento em que diziam que foram quatro dias de luta e ousadia. Nesse período, eles receberam apoio de artistas, deputados e representantes de vários setores da sociedade.

Enquanto o pronunciamento era lido, outros jovens arrumavam as mochilas para a desocupação e recolhiam o lixo do local. Eles deixaram o plenário arrumado.

Os estudantes afirmam que não desistiram da luta, porém saíram por causa da multa altíssima determinada pela Justiça, de R$ 30 mil por pessoa. "Não vamos deixar que nossos pais paguem pela corrupção", diziam.

Após deixarem o prédio, os jovens permaneceram em frente à Alesp, onde encontraram outros estudantes que apoiam a causa. O grupo continuou fazendo um ato no local, reforçando que não ddesistiram da luta.

Os jovens vão estar na Comissão de Educação e Cultura, marcada para a semana que vem, para serem ouvidos pelos deputados e cobrar dos parlamentares abertura da CPI para investigar o desvio de verba da merenda.

O presidente da Alesp, Fernando Capez, minimizou a postura dos estudantes de sair da Casa voluntariamente.

"Eles me solicitaram o direito de dar uma coletiva no plenário e uma audiência pública para discutir a CPI da merenda", disse Capez. Ele afirma que foi criado agora um "canal direto" com a presidência da Casa.

Ponto Facultativo
O chefe de gabinete da presidência da Alesp, João Borro, disse que esta sexta-feira é ponto facultativo na Assembleia "por questões de segurança". Restaurantes, lanchonetes e bancos também não estão abertos.

Durante a manhã desta sexta-feira, os jovens ainda se reuniam no plenário. Alguns montaram barracas, outros descansavam e dormiam nas cadeiras usadas pelos deputados estaduais.

Após receberem a intimação na quinta-feira a tarde, os estudantes cantaram diversos gritos de ordem, reafirmando que só iriam sair após a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de fraude no fornecimento de merendas nas escolas estaduais de São Paulo.

Prazo para saída
A Justiça determinou o prazo de 24 horas para a saída dos alunos a partir da entrega da intimação. Por volta das 16h40 de quinta-feira, a oficial leu o texto da decisão no microfone do plenário da Alesp. Após esse período, quem não deixar a casa receberá uma multa de R$ 30 mil e, em seguida, o processo irá para a Câmara de Conciliação.

De acordo com o presidente da Assembleia, Fernando Capez, a medida "é para que a execução da desocupação se faça da maneira que não haja confrontos ou feridos." O chefe de gabinete da presidência da Alesp, João Borro, disse que a responsabilidade da reintegração é da Justiça. Alesp diz que não fará nada caso os estudantes não saiam.

A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Camila Lanes, criou em site de financiamento coletivo, uma vaquinha virtual na tentativa de arrecadar fundos para pagar a multa determinada pela Justiça aos estudantes. O valor pedido é de mais de R$ 2 milhões.

Abusivo 
O advogado da OAB, Vítor Henrique Grampa, defende que o valor da multa é "exagerado", principalmente por se tratarem de estudantes. Ele veio ao plenário na manhã desta quinta para explicar a decisão da Justiça aos estudantes. Grampo é presidente da comissão de direito educacional e políticas públicas em educação da OAB.

"Ele (o juiz) determinou uma multa de R$ 30 mil por ocupante, o que no contexto de estudantes pareceu uma multa exagerada, mas parece que nesse caso haverá possibilidade de pedido de reconsideração ao juiz, assim como cabe recurso de agravo". A OAB já tinha se posicionado a favor da instalação da CPI da merenda.

Apoio familiar
A professora Claudia Rodrigues acompanha a ocupação desde de terça-feira. Ela é mãe de um dos alunos que faz parte do movimento estudantil, que há meses pressiona a Assembleia para investigar as fraudes em licitações da merenda escolar. "A abertura da CPI interessa sobretudo para o conjunto das mães mais desprovidas de recurso", explica.

Ela revela que o impacto no orçamento familiar é grande, e define a situação como "um absurdo". Claudia apoia a mobilização, mas teme que o desfecho da ocupação seja violento. "Só saio daqui junto com eles".

Fonte: G1

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Nacional

Comissão indeniza sete mulheres perseguidas pela ditadura

“As mulheres tiveram papel relevante na conquista democrática do país. Foram elas que constituíram os comitês femininos pela anistia, que
Nacional

Jovem do Distrito Federal representa o Brasil em reunião da ONU

Durante o encontro, os embaixadores vão trocar informações, experiências e visões sobre a situação do uso de drogas em seus