Ted Cruz abraça Carly Fiorina após anunciar a suspensão de sua campanha pela indicação pelo Partido Republicano, em Indianápolis, Indiana, na terça (3) (Foto: Reuters/Chris Bergin)
O pré-candidato republicano Ted Cruz anunciou nesta terça-feira (3) que está interrompendo sua campanha para ser o representante de seu partido na eleição presidencial deste ano, deixando o caminho livre para a indicação de Donald Trump. "Estamos suspendendo a campanha, mas não estamos suspendendo nossa luta pela liberdade", discursou Cruz.
Ele afirmou que sempre disse que continuaria concorrendo enquanto houvesse um caminho viável. "Hoje este caminho se fechou", lamentou a uma plateia de correligionários.
Com a desistência de Cruz, Donald Trump tem tudo para ser o candidato republicano, o que deve se confirmar na convenção nacional do partido. Trump venceu a primária eleitoral realizada no estado de Indiana, segundo projeção da Associated Press, confirmando as pesquisas de opinião. Entre os pré-candidatos democratas, a vitória foi para Bernie Sanders, contrariando as pesquisas que apontavam a liderança de Hillary Clinton.
Com 65% dos votos apurados e sua vitória já confirmada, Donald Trump conquistou 52,7% dos votos. Ted Cruz estava com 36,9% e John Kasich com 7,8%.
O presidente do Partido Republicano, Reince Priebus, admitiu que Donald Trump possivelmente será indicado como candidato presidencial em novembro e pediu a união dos conservadores em torno do polêmico bilionário.
"Donald Trump será, provavelmente, o indicado. Todos devemos nos unir e nos concentrarmos em derrotar Hillary Clinton", escreveu Priebus no Twitter, pouco depois de Cruz jogar a toalha.
Na última quinta-feira (27), Cruz chegou a anunciar que Carly Fiorina, que também disputava a indicação e desistiu em fevereiro, como sua companheira de chapa e eventual candidata a vice-presidente, caso ele conquistasse a nomeação em julho.
Apesar das duras críticas mútuas e constante troca de ofensas, Donald Trump elogiou Cruz em seu discurso desta terça. "Não sei se ele gosta de mim ou não. Mas ele é um grande competidor, muito firme. E ele tem um futuro maravilhoso e quero cumprimentá-lo", disse Trump, antes de oferecer um abraço a Cruz, sua mulher, Heidi, "e sua linda família".
Trump já mira Hillary Clinton, sua provável adversária nas eleições presidenciais. "Vamos atrás de Hillary Clinton. Ela não será uma boa presidente… ela não entende nada de negócios", critica.
Kasich mantém planos
Cruz vinha sendo o adversário mais duro de Trump, mas estava bem atrás do bilionário na contagem de delegados. Ele vinha lutando para impedir que Trump alcançasse um número mínimo de forma a induzir uma convenção disputada – quando nenhum dos pré-candidatos atinge o número mínimo de delegados antes da convenção –, o que, depois de uma série de derrotas contundentes em abril, seria a única chance de o senador concorrer ao pleito de novembro.
Durante a apuração dos votos John Kasich publicou um comunicado em seu perfil no Facebook em que diz que "os resultados desta noite não irão alterar os planos de campanha do governador Kasich. Nossa estratégia tem sido e continua a ser ganhar a nomeação em uma convenção aberta".
Kasich aposta na opção de deter Trump em uma convenção negociada, em que os delegados poderiam escolher de maneira livre o candidato do partido caso nenhum aspirante chegue ao evento com os 1.237 delegados garantidos.
Disputa democrata
Nas primárias democratas de Indiana, Hillary Clinton chegou a liderar o início da apuração, mas Bernie Sanders a ultrapassou. Aos 67% dos votos apurados, o senador por Vermont tinha 53,2% dos votos contra 46,8% da ex-secretária de Estado.
A distribuição total dos delegados entre os pré-candidatos só será conhecida ao final da apuração dos votos. Estão em disputa 57 delegados republicanos e 83 democratas. O estado tem ainda mais nove superdelegados democratas, que têm liberdade para votar no candidato de sua preferência, sem influência dos votos dos eleitores.
Delegados
Um republicano precisa ter pelo menos 1.237 votos para ser indicado por seu partido. Até às 23h desta terça, Trump contava com 1.047, Cruz com 565 e Kasich, 153.
No Partido Democrata, uma indicação depende de pelo menos 2.383 votos. Por enquanto, Hillary Clinton conta com 2.201, enquanto Bernie Sanders soma 1.399.
A grande vantagem de Trump mostra que a primeira etapa do acordo entre Cruz e Kasich não foi muito bem sucedida. Para tentar barrar o líder, os dois acertaram que iriam abrir mão de alguns estados a favor um do outro. O plano incluiu Kasich não fazendo campanha em Indiana para tentar favorecer Cruz, enquanto Cruz desistiu de tentar vencer em Oregon e Novo México, para que Kasich tivesse mais chances nesses dois estados.
Fonte: G1