Policial militar joga spray de pimenta para tentar evitar que estudantes entrem no Centro Paula Souza (Foto: Paulo Ermantino/Raw Imagens/Estadão Conteúdo)
Estudantes de escolas da rede estadual de ensino de São Paulo e de Etecs (Escolas Técnicas) invadiram o Centro Paula Souza, na região Central de São Paulo, na tarde desta quinta (28), durante ato contra a máfia na merenda escolar e contra cortes nos repasses para educação. O grupo pretende fazer uma assembleia no Centro Paula Souza.
A Polícia Militar interveio atirando gás de pimenta nos jovens. A repórter Annie Zanetti, da rádio CBN, foi atingida no rosto.
“Eu filmava toda a ação, tanto dos alunos entrando no Centro Paula Souza, quanto dos policiais militares que já faziam uso do spray de pimenta e também de cassetetes. Foi nesse momento que um desses policiais veio na minha direção e ao passar por mim ele disparou na minha orelha e no meu rosto", relatou a repórter em boletim na CBN.
Segundo a chefia de jornalismo da rádio, a repórter passou por exames e foi medicada. Ela irá prestar depoimento na Corregedoria da Polícia Militar ainda nesta tarde.
O ato
O protesto começou na manhã desta quinta. Mais cedo, os manifestantes interditaram vias da região central da cidade como a Avenida Paulista, Avenida Brigadeiro Luís Antônio e Avenida Ipiranga. Os estudantes caminharam do Masp, próximo à Avenida Pamplona, até a Avenida Brigadeiro Luís Antônio.
Alguns deles desceram a via por volta das 10h35. No início da tarde, o grupo sentou na região da Avenida Ipiranga. Às 13h30, o grupo seguia pela Rua dos Andradas, no Centro.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado diz ser "vítima" da Operação Alba Branca, que investiga o esquema de fraude na merenda escolar do estado, e alega estar "colaborando com as investigações iniciadas pelo próprio governo do estado com a Polícia Civil, Corregedoria Geral da Administração e Ministério Público."
Quanto à redução nos repasses, a pasta afirma que "apesar da grave situação econômica do país, São Paulo conseguiu manter a política de bônus com pagamento de R$ 450 milhões a 223,8 mil servidores."
Máfia da merenda
Em investigação, o Ministério Público e a Polícia Civil descobriram fraudes na licitação da compra da merenda escolar. Algumas escolas estão inclusive sem merenda, segundo os alunos.
O ato foi convocado pelas redes sociais. Na página do evento no Facebook, o texto diz que as escolas sofrem não apenas com falta de merenda, situação provocada "graças aos desvios da verba pública, além do fechamento silencioso de ciclos, turnos e salas. Os professores da rede estadual estão sendo continuamente desrespeitados por esse governo, que negou o bônus de desempenho, que seria oferecido em troca de um reajuste salarial insignificante. O bônus ficou em menos da metade do benefício concedido."
Fonte: G1