Opinião

RELATÓRIO FIGUEIREDO

Diante do momento político instaurado no Brasil, talvez seja oportuno questionarmos como chegamos até aqui e o que fazer em seguida. Ainda que o país esteja dividido entre o impedimento e o golpe, ouvem-se slogans de toda ordem, até mesmo “intervenção militar já”! Para lembrar, em dezembro de 2014, a Comissão Nacional da Verdade publicou o relatório final sobre “as graves violações de direitos humanos perpetradas durante o período investigado pela Comissão Nacional da Verdade, especialmente nos 21 anos do regime civil-militar instaurado em 1964, foram o resultado de uma ação generalizada e sistemática do Estado brasileiro”. 

Diante do desconhecimento dos “anos de chumbo”, a pergunta que se coloca para este momento específico é: como fazer do relatório Figueiredo, um elemento público que ajude novas gerações a entender a dimensão da quebra institucional e de violações aos direitos humanos que o Brasil viveu a partir de 1964? Talvez seja indispensável experimentar várias estratégias ao mesmo tempo. O Brasil precisa viabilizar ações permanentes e mais pontuais de recomendações. É tarefa diária ensinar o que ocorreu no Brasil a partir de 1964, denunciar o que ainda vivemos na democracia e exigir mudanças para reverter ordens autoritárias que ainda são comuns.

“Nada de novo no céu. A mesma mancha negra no meio do sol”, tal qual os versos “Como uma luva”, da Blitz, banda de rock brasileira. É preciso que o ensino de História leve para as salas de aula do ensino fundamental (6º ao 9º anos) e médio a uma discussão mais contundente do que foi o golpe civil-militar de 1964 e suas consequências; do que foi para os povos indígenas no Brasil os anos do Serviço de Proteção aos Índios. 

Lembrar do historiador Nelson Werneck Sodré pode ser oportuno. A coleção História Nova do Brasil, sob sua coordenação, chegou às escolas em 1964, mas tornou sem efeito pelo governo militar. A proposta buscou, sem dúvida, reconstituir o contexto da época com objetivo de renovar o ensino da História. E a Base Nacional Comum Curricular de História? Contempla tais conteúdos? Esperar para conferir

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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