Cidades

Sem estrutura, Policlínica do Pascoal Ramos não pode receber doentes com H1N1

Foto Ahmad Jarrah

Denúncias feitas pela presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso, Eliana Siqueira, fortalecem o discurso da precariedade da saúde em Cuiabá. Segundo Eliana, nenhuma unidade de saúde da capital está preparada para receber os casos da gripe influenza A, H1N1, que chegou mais cedo e assusta população. 

Segundo Eliane, a Policlínica do Pascoal Ramos estaria apta a receber pacientes em estado ‘menos grave’ da doença. Contudo, a unidade não teria nenhum suporte ou condições físicas para atender a demanda. “Na policlínica não tem aparelho de raio X, não tem medicamentos para tratar os pacientes, não tem álcool gel nas paredes e não existe nenhuma perspectiva de isolamento para o local onde as pessoas seriam atendidas”, alerta a médica. 

As policlínicas e a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Bairro Morado do Ouro estão atendendo a todos os casos de virose, mas, segundo o médico infectologista Roberto Karan, nenhuma unidade hospitalar de Cuiabá está preparada para atender uma possível epidemia da doença. A situação é tão grave que o próprio médico contraiu a doença. 

Sobre a estrutura da Policlínica Pascoal Ramos, denunciada pela presidente do sindicato, o médico alerta: “A enfermaria é ventilada e clara, realmente favorável ao tratamento da doença, mas não tem como tratar os pacientes se a Secretaria Municipal de Saúde não disponibiliza condições para trabalharmos”. 

A situação de caos relatada é cultivada pela própria prefeitura, de acordo com Eliana. “A prefeitura poderia fazer campanhas para orientar a população em caso de suspeita, mas em vez disso, faz propagandas mostrando que a saúde está boa. A conscientização ajudaria a diminuir o sofrimento emocional das pessoas que muitas vezes chegam à policlínica para ouvir do médico que não estão doentes”, afirma.

 

OUTRO LADO 

Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, informou que todas as unidades de saúde de Cuiabá têm condições de atender os casos suspeitos. Referente à Policlínica do Pascoal Ramos, a assessoria disse que é uma das mais adequadas, pois possui enfermaria com ventilação, distância de um metro entre as macas e tem um banheiro próprio evitando que pacientes com suspeitas de H1N1 precisem andar pela unidade. Mas que a unidade serve apenas para suporte no atendimento.  

Sobre o aparelho de Raio-X citado na denúncia, a assessoria explica que a Policlínica do Pascoal Ramos nunca teve o aparelho e, quando o exame é necessário, o paciente é encaminhado para a Policlínica do Coxipó, onde há o aparelho em perfeito funcionamento.

Quanto à falta de álcool em gel, a assessoria disse garantir que todas as unidades têm estoque suficiente. Também informaram que não há falta de medicamentos, ao contrário do que foi dito pela presidente do Sindimed.

VÍRUS H1N1 EM MT

Até o dia 13 de abril, quando foi divulgado o último relatório sobre a doença, foram notificados para a Coordenadoria de Vigilância as Doenças e Agravos (Covida), 27 casos da doença em Cuiabá. Desse total somente um óbito foi confirmado, quatro casos foram descartados, 20 aguardam resultado laboratorial e em dois casos não houve coleta.

No mesmo período, foram notificados na Coordenadoria 19 casos relacionados a pacientes de outros municípios que foram atendidos na capital. Desse total, três foram descartados, 14 aguardam resultado laboratorial e em somente um caso não houve coleta para exames.

Até o momento foram detectados laboratorialmente dois casos de morte por influenza A (H1N1), sendo um paciente morador de Cuiabá, como citado anteriormente, e o outro, morador de Várzea Grande. 

Em 2015 foram 20 notificações e nenhum caso foi confirmado para H1N1. Seis óbitos foram notificados, sendo que cinco deles foram descartados para H1N1 e o outro ainda está sem conclusão.

VACINAÇÃO 

A campanha de Vacinação contra a Influenza começa neste sábado (30) e vai até o dia 20 de maio em Mato Grosso. Segundo o Ministério da Saúde, a meta é vacinar mais de 600 mil pessoas no Brasil e, em Cuiabá, devem ser imunizadas em torno de 150 mil pessoas. 

Esses números se referem ao grupo prioritário: crianças na faixa etária de seis meses a cinco anos, trabalhadores da saúde, das unidades que fazem atendimento direto aos pacientes, trabalhadores do sistema prisional, população indígena, gestantes, adultos com 60 anos ou mais, portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais.

As pessoas que tomaram a vacina no ano passado devem ser imunizadas novamente este ano. É que a vacina é atualizada todos os anos a fim de adequá-las aos vírus circulante naquela estação e a sua composição é definida  pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para os mais prevenidos, que não estão no grupo que recebem vacina pelo Estado, mas, ainda assim, querem se vacinar, alguns estabelecimentos estão disponibilizando vacinas.  Em uma pesquisa realizada pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-MT), a vacina contra a gripe A, H1N1, chega a custar R$ 130,00 em Cuiabá. Os dados foram levantados no dia 7 de abril nas empresas: Núcleo de Vacinação/Farmácia Unimed Barão, Imune Vita Centro de Vacinas, Vaciclin Clínica de Vacinação e Vaccine Care.

Na pesquisa, a maior variação encontrada foi de 62,5% para a vacina tetravalente, que está sendo oferecida com valores entre R$80,00 e R$130,00. As vacinas trivalentes têm preços entre R$60,00 a R$75,00, o que representa uma variação 25% do valor cobrado dos consumidores.

Confira, abaixo, os valores das vacinas detalhados por estabelecimento:

1) Núcleo de Vacinação – Unimed/Unidade Barão de Melgaço 

Trivalente: R$60,00 (cliente Unimed) e R$75,00 (particular)

Tetravalente: R$80,00 (cliente Unimed) e R$90,00 (particular)

*Pacotes: Empresas têm preços diferenciados, dependendo do número de pessoas.

2) Inume Vita Centro de Vacinas (Rua Comandante Costa, nº 1300, Centro Sul-Espaço Più Vita)

Trivalente: não disponível (custava R$80,00 da última vez que foi comercializada)

Tetravalente: R$130,00 (particular)

*Pacotes: Em pacote familiar para dez pessoas, cada vacina custa R$110,00.

3) Vaciclin Clínica de Vacinação

Trivalente: R$60,00 (clientes Unimed, SEMPEC e Odontomed) e R$70,00 (particular)

Tetravalente: R$80,00 (clientes Unimed, SEMPEC e Odontomed) e R$90,00 (particular)

*Sempec: Sindicato dos Empregados em Edifícios e Condomínios Residenciais e Comerciais de Cuiabá-MT

4) Vaccine Care

Trivalente: não oferece

Tetravalente: R$120,00 (particular)

*Pacotes: Para grupo de cinco pessoas, cada vacina custa R$100,00.

Cuidados básicos

Para evitar o contágio, as pessoas devem estar atentas a alguns cuidados simples como lavar as mãos frequentemente com bastante água e sabão ou desinfetá-las com produtos à base de álcool. Sempre que for tossir ou espirrar usar lenço descartável para cobrir a boca e nariz. Evitar aglomerações e o contato com pessoas doentes. Não levar as mãos aos olhos, boca ou nariz depois de ter tocado em objetos de uso coletivo. Não compartilhar copos, talheres ou objetos de uso pessoal. Suspender, na medida do possível, viagens para lugares onde haja um grande número de casos da doença. E procurar assistência médica, caso pertença ao grupo de riscos e sentir os sintomas que possam ser confundidos com os da infecção pelo vírus H1N1 da influenza tipo A. Nos outros casos, fazer repouso e tomar bastante líquido. 

Confira reportagem na edição 581 do jornal impresso

(Com assessoria)

Catia Alves

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