"O que acontece quando uma pessoa que quer uma criança carece de gametas (células reprodutivas, ovócitos ou espermatozoides)? Este é o problema que queremos resolver: criar gametas naquelas pessoas que não possuem", afirmou Simon.
O estudo, realizado pelo IVI em colaboração com a Universidade Americana de Stanford, foi publicado na terça-feira na revista Scientific Reports, do prestigioso grupo Nature.
Os pesquisadores foram inspirados pela técnica de reprogramação celular concebida pelo japonês Shinya Yamanaka e o britânico John Gurdon, premiados em 2012 com o Prêmio Nobel de Medicina, para converter células adultas em células-tronco.
Em sua experiência, eles conseguiram reprogramar diretamente as células maduras da pele introduzindo-lhes um coquetel de genes essenciais para a criação de gametas.
Em um mês, a célula começa a ser modificada até obter o perfil próprio de uma célula germinal, o tipo de célula responsável pela formação de ovócitos e espermatozoides, mas ainda incapazes de fecundar.
"É um espermatozoide, mas precisa de uma fase de maior maturidade para se tornar um gameta competente. É apenas o começo", disse Simon.
Os pesquisadores ainda estão longe de atingir o êxito de alguns pesquisadores chineses, que produziram este ano ratos de espermatozoides artificialmente criados e injetados em um óvulo, que, por sua vez, foi implantado em uma fêmea.
"Com a espécie humana, teremos de fazer muitos testes porque daqui nascerá uma criança", disse ele.
Além disso, vão encontrar limitações legais: para continuar o desenvolvimento da técnica deverão criar embriões artificiais, algo que só é permitido em alguns países como a Inglaterra, onde pretendem continuar a sua pesquisa. "Estamos falando de um projeto de longo prazo", disse Simon.
Fonte: G1