O Governo de Mato Grosso sedia um novo encontro entre os países membros da Zona de Integração do Centro Oeste Sul-Americano (Zicosur): Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Peru. O encontro do bloco econômico será realizado nesta quarta (20) e quinta-feira (21), no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá.
O evento será marcado por painéis e workshops em busca de ações integradas voltadas às áreas em comum entre eles saúde, segurança, comércio, logística, turismo e cultura. O corpo diplomático dos seis países formarão comissões temáticas, em que serão discutidas medidas conjuntas em grupos de trabalho.
De acordo com Rita Chiletto, assessora de Assuntos Internacionais do Gabinete de Governo, o encontro entre os países e o trabalho que eles desenvolverão visam concretizar políticas públicas conjuntas entre os membros do bloco que, até então, não saíram do papel.
“Pouca coisa foi realmente efetivada dos planos que já existem entre estes países. Hoje ainda encontramos estradas de uso comum com pouquíssima infraestrutura, por exemplo. Não existe uma norma sanitária para ida e vinda de alimentos, por exemplo. Essas coisas precisam ser tratadas de forma unida, em prol da população de cada um destes países”, afirmou Chiletto.
Uma das medidas existentes pela integração destes países é o sistema de aduana integrada entre o Brasil e a Bolívia. Trata-se de um acordo comercial criado para simplificar a relação entre os dois países. “Há algumas dificuldades sobre as taxas cobradas aos produtos que vêm e vão. Precisamos trabalhar normas em comum, e claras, para o bom funcionamento deste sistema”, afirma a assessora.
Durante o encontro do Zicosur em Cuiabá, que ocorre paralelamente à Feira Internacional do Turismo do Pantanal (FIT 2016), autoridades governamentais e líderes empresariais estreitarão as relações e também criarão formas de alavancar o turismo e a economia dos seis países presentes no bloco.
Na área de turismo, entre os assuntos que serão discutidos durante as reuniões das comissões técnicas do Zicosur, está a elaboração de um mapa de atrativos turísticos dos estados (MT, MS e SC) participantes da Zona de Integração e de um portal que permita não só divulgar como também vender os pacotes turísticos presentes no mapa.
Entre as rotas propostas está uma interligando o deserto do Atacama (Calama/Chile), as montanhas nos arredores das Cordilheiras dos Andes (Salta/Argentina), Santa Cruz de La Sierra (Bolívia) e finalizando no Pantanal de Mato Grosso. Outra alternativa do bloco é criar uma rota turística de observação de pássaros, unindo o Parque dos Flamingos (Chile), o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, o Pantanal Mato-grossense e o Parque do Cristalino, na cidade de Alta Floresta. A terceira via turística presente em debate na comissão de turismo envolve o deserto de sal (Uyuni/Bolívia), Chapada dos Guimarães e os lagos cristalinos do município de Nobres. E por último, a quarta rota envolveria as cidades peruanas de Lima, Arequipa, Cusco, e as cidades de Boa Vista (RR), Porto Velho (RO) e Cuiabá.
Em Cuiabá, os integrantes da Zicosur irão retomar as discussões para criar uma nova forma de escoar a produção de Mato Grosso pelo oceano Pacífico. Entre os assuntos que serão colocados em discussão está a ferrovia bioceânica, que tem o objetivo de cruzar o país saindo do Porto Açu (RJ), passando por Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Acre e chegando ao Oceano Pacífico pelo Peru.
Há ainda em debate no bloco a proposta de pavimentar 300 km de estrada de terra, entre Cáceres a Santa Cruz de La Sierra. Para essa pavimentação em território boliviano o custo estimado é de R$ 400 milhões. Outra proposta é a modernização da ferrovia que liga Antofagasta, no Chile, a Resistência, na Argentina. “Nessa opção haveria a necessidade de estruturar o Porto de Morrinhos, em Cáceres, e assim podermos utilizar a hidrovia Paraguai-Paraná”.
Paralelo às reuniões de comissões de turismo e infraestrutura, as de indústria e comércio irão discutir a implementação de um fluxo de comércio entre os estados brasileiros que integram o Zicosur (MT, MS e SC) e os países da Ásia.