Larvas do mosquito Aedes aegypti são vistas em laboratório do Centro para Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA, em San Juan. (Foto: Reuters)
Os Estados Unidos devem sofrer surtos do vírus da zika, com provavelmente algumas dezenas de pessoas afetadas, disse o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, Anthony Fauci, neste domingo (17).
Os Estados Unidos já contabilizaram mais de 350 casos de pessoas que foram infectadas no exterior e depois voltaram ao país, mas ainda não registraram nenhum caso de alguém infectado dentro das fronteiras do país. Isso agora deve mudar, segundo Fauci.
"É provável que tenhamos o que se considera um surto local", disse Fauci no programa Fox News Sunday.
O atual surto de zika foi detectado pela primeira vez no Brasil no ano passado e tem se espalhado pelas Américas. Cientistas investigam a relação do vírus com casos de microcefalia, uma má-formação cerebral geralmente rara. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado global de emergência em fevereiro.
O zika, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e também através do sexo, pode ainda transmitir aos adultos a síndrome paralisante de Guillain-Barré. O mosquito Aedes, principal transmissor da doença, está presente em cerca de 30 estados norte-americanos.
Fauci afirmou que a expectativa é de que pessoas sejam picadas pelo mosquito e sejam infectadas pelo zika, mas o número de doentes não deve ser grande. "Não será mesmo surpreendente -se improvável- que nós vejamos um pouco disso aqui", disse. "Estamos falando de vinte casos, dezenas de casos, no máximo."
Ele também levantou a possibilidade de outras doenças neurológicas serem eventualmente relacionadas ao Zika, o que considera "perturbador".
"Existem apenas relatos de casos individuais de dano neurológico significativo a pessoas, não apenas fetos mas um adulto que poderia ser infectado. Como a meningoencefalite, que é uma inflamação do cérebro e da cobertura ao redor do cérebro, danos na medula espinhal, devido ao que chamamos de mielite", disse. "Até agora são casos incomuns, mas ao menos nós já o vimos e é isso que é preocupante".
Fauci também pediu a aprovação de um projeto do governo que disponibilizaria 1,9 bilhão de dólares em fundos de emergência para combater o vírus. Alguns republicanos já apoiam. "Temos que agir agora", disse. "Eu mal posso esperar para começar a desenvolver uma vacina".
Ainda assim, Fauci evitou recomendar mulheres norte-americanas a não engravidarem devido ao medo de dar luz a um bebê com microcefalia. "Nesse momento nos Estados Unidos elas (mulheres) não precisam se preocupar tanto. Não temos surtos locais", concluiu.
Fonte: G1