Formado em direito, e coronel por 31 anos, o deputado estadual Pery Taborelli foi eleito pelos mato-grossenses com 18.526 votos. Em sua atuação como coronel, trabalhou para que “Choque de Ordem”, como denomina o trabalho desenvolvido da polícia, gerassem resultados positivos e índices de violência diminuíram.
Contudo, neste meio tempo, o coronel Taborelli, como prefere ser chamado, acumulou processos e gerou polêmica.
Ao Circuito Mato Grosso, Taborelli fala sobre seu histórico como coronel e na política. Ainda discorre sobre os polêmicos processos que enfrenta no Tribunal de Justiça e alfineta Lula,Dilma e o partido dos Trabalhadores.
Circuito: Deputado, como foi seu ingresso na política?
Coronel Taborelli: Eu trabalhei 31 anos na segurança pública e o meu método de trabalho sempre foi interagir muito com a sociedade, pra levar um serviço público de segurança. Levar esse serviço sempre averiguando a minha produtividade e do meu grupo de trabalho, nunca apartei-me da produtividade, então sempre exigi de mim mesmo tamanhos e o atendimento real à sociedade. Diante disso, eu vim também exercitando um programa de trabalho durante muitos anos da minha vida, denominado, choque de ordem. Esse programa permite-me trabalhar e aferir a produtividade em queda de índices de crime de violência e do aumento da sensação de segurança. São dois índices interessantes, que fazem com que a sociedade veja a redução dos índices e sinta-se segura. Eu sempre trabalhei com essas duas vertentes, que estou apresentando ao secretário de segurança pública, tal qual o programa choque de ordem, para ver se conseguimos coloca-los em prática em algumas regiões a título de experimento no estado. Esse trabalho eu desenvolvi, mas nunca imaginei que era não só do agrado da sociedade, mas por aclamação pública me trouxe à política. Eu pensava ao contrário, pensava que este trabalho feito de forma tão enérgica e firme, pensava que a sociedade jamais iria eleger-me a qualquer cargo. Quando falaram da primeira vez eu até sorri de forma irônica, como diz o cuiabano “agora quando?”. Eu sou muito firme, muito duro contra o crime, a violência, eu sou muito enérgico nas cobranças. E eu percebo que a sociedade não quer, não deseja alguém com esse perfil para atuar na classe política. Até quando eu vi, após de um convite, que a sociedade realmente deseja isso. Deseja pessoas que tem uma postura, uma posição firme, um lado definido, o lado dela, mas que também não fale só o que ela quer ouvir. Eu sou, como dizem, polêmico, meu senso crítico é aguçado. Eu sou independente, sempre fui independente, no pensamento, no externar a minha posição. Eu creio que desta forma nós podemos ser muito mais úteis do que ser em cima do muro, sem uma posição firme e definida ou sem exercitar a profissão de forma a sermos respeitados, vistos e colaborar com o atendimento social.
Circuito Mato Grosso: Deputado, há um tempo houve polêmica sobre o senhor usar farda em plenária. À época, um jornal de Cuiabá divulgou uma nota dizendo que era necessário “bom senso”. O deputado pode comentar sobre a polêmica?
Coronel Taborelli: Eu sou coronel de polícia, estou deputado estadual. A função me dá prerrogativas para que eu utilize o fardamento, mesmo estando na reserva remunerada, que eu utilize em eventos sociais. A sessão plenária é um evento social e diante disso, eu para homenagear a segurança pública, eu solicitei ao comandante geral a autorização para que eu passasse a usar no momento em que eu achasse oportuno o fardamento apropriado. E pedi autorização para o presidente da Assembleia Legislativa, mostrando o regulamento que me autoriza para eu assim o fizesse. Então eu estou com autorização da casa e da Polícia Militar. A prerrogativa é inerente a função que eu exerço, porque eu não estou coronel da polícia, eu sou coronel da polícia. Esses repórteres e editores não entendem, até porque outras funções como médico e gari, entre outros, são profissões honrosas, mas eles não tem um regulamento que os autoriza a utilizar determinado fardamento ou uniforme. E acho que se tivesse seria até oportuno ter na casa de leis representantes que tivessem a coragem de uniformizar-se e fardar-se para mostrar que aqui tem todas as representações da sociedade, isso é o parlamento. Isso é o parlamento, uma miscigenação de profissões. Quiçá essas pessoas tivessem coragem de representar essas profissões com seus fardamentos devidamente regulamentados. Isso é mais por ignorância da legislação dos assuntos sociais, que um repórter ou editor deveria ter esse conhecimentos ou pelo menos estuda-lo antes de fazer uma fala tão absurda como fizeram.
Circuito: Como está as negociações entre ele e os seus aliados para formar um grupo para disputar as eleições a prefeitura de Várzea Grande, em 2016?
Coronel Taborelli : Nós estamos com 11 siglas reunidas, discutindo permanentemente, para que nós possamos buscar juntos o comando do município. Está muito interessante por que esse grupo que está reunido conosco, e tem mais sinalizando para vir, buscam uma transformação social que não virá pelas mãos deste grupo político que administra a cidade de Várzea Grande. Então nós temos que quebrar um paradigma, esse padrão existente, que é um padrão de altíssimo grau de corrupção, um padrão que judia da sociedade, um relacionamento tipo de sistema feudal, arcaico, existente aí no Brasil. Onde temos mandatários, feitores, uma sociedade que não se manifesta e é oprimida.
Circuito: O deputado Taborelli, junto ao deputado Rogério Galli fizeram uma visita recente à Rondonópolis se comprometendo a dar em torno de R$700 mil para revitalização do Cisc e escolas do munícipio.
Coronel Taborelli: Eu agora pouco adentrei o PSC, é um lugar que me interessa bastante, as ideologias, o grupo que está formado e já estou fazendo uma parceria com o deputado federal Victório Galli (PSC). E no caso das emendas dos municípios, a exemplo de Rondonópolis, já está disponível para a cidade 350 mil reais que eu fui com a intenção primeira de construir o Centro de Operações Policiais, que seria o Ciosp aqui. E lá na audiência pública nós vimos a importância de primeiro direcionar essa verba para a adequação e construção do Batalhão da Polícia Militar na Vila Operária. Então nós vamos fazer um batalhão na Vila Operária com essa verba, adequar para que seja um batalhão. E já fizemos um compromisso, eu e o Victório Galli para que nós façamos o Centro de Operações Policiais no centro da cidade já com as emendas que nós vamos tratar este ano. Então nós estamos com duas fortes… Não é indicação, uma já é preparar para o começo das obras, até porque nós vamos fazer uma parceria com a Coder, Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis. Uma companhia que faz serviços públicos e vai assumir, quero crer, essas obras, porque dispensa licitação e nós vamos ter esse batalhão de forma mais rápida. E a emenda que eu e Victorio vamos direcionar para o centro de operações vai ser na próxima divisão agora.
Circuito: E sobre a demanda de escolas militares?
Coronel Taborelli: Nós levamos para Rondonópolis, autorizados pelo governo de Mato Grosso e também depois de uma fala do secretário Perminio Pinto para construirmos ou utilizarmos já espaços públicos para que possamos colocar as escolas militares em vários locais de Mato Grosso a título de experiência. Nós temos em Cuiabá e vamos melhorar o local, vamos deslocar os colégios para uma estrutura melhor, porque nós temos aqui em Cuiabá colégios públicos que possam ser utilizados pra isso. Rondonópolis, Várzea Grande e Sinop, são esses polos que eu comecei a discussão por Rondonópolis para que nós levemos a escola militar para aquela cidade.
Circuito: O deputado Pery Taborelli, juntamente com o polêmico parlamentar federal do Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro, se filiaram ao PSC (Partido Social Cristão). Como esta a nova fase com o novo partido?
Coronel Taborelli: Eu estou me sentindo maravilhado com uma acolhida muito forte pela cúpula nacional. O Pastor Everaldo e agora a inclusão no PSC do deputado Jair Bolsonaro, que vem aí para, se deus continuar abençoando, ser o presidente do Brasil. Um homem que tem todas as qualidades para que façamos aí um novo momento no Brasil. Também uma postura bem definida, uma postura firme, enérgica, inteligente, estratégico, conhecedor dos problemas sociais do Brasil. Então nós tivemos a inclusão dele para o PSC e eu vou somar a essa equipe fantástica.
Circuito: Na Assembleia Legislativa o deputado tem reclamado que do líder do governo, Wilson Santos (PSDB), não está sentando para discutir as pautas enviadas pelo Executivo. Isso tem o deixado irritado?
Coronel Taborelli : Eu não digo irritado, eu digo que está atrapalhando essa chegada de mensagens na casa de forma intempestiva sem tempo para discuti-la, sem reunião da base para discuti-la está gerando um desgaste para o governo. Eu tenho pedido ao líder, espero que a partir de agora depois destas discussão que tivemos agora a pouco, destas últimas mensagens, que nós tenhamos dias melhores. Já falei isso com o governo do estado, com o secretário da casa civil e com o próprio deputado líder do governo para que as mensagens aportem na casa, que nos reunamos e a partir dessa reunião ela vai à plenário, porque aí vai mais definida. Base está discutindo com base, e isso não pode acontecer, mas como cada deputado é independente, eu exerço muito a minha independência, eu faço questão de discutir essas matérias antes. Até para que nós possamos conduzi-la ao plenário de forma consistente e que lá realizemos o desejo da sociedade, que é o que o governo está tentando fazer, apresentar mensagens que vão solucionar problemas na ordem técnica como temos visto. Mas só podemos ajudar mais se nós soubermos com antecedências dessas mensagens.
Circuito: A Justiça Eleitoral em Mato Grosso negou pedido do deputado estadual Pery Taborelli e manteve decisão que mandou que ele retirasse, de sua página no Facebook, textos de divulgação das atividades políticas do parlamentar. O que o deputado acha sobre propaganda antecipada?
Coronel Taborelli: Eu vejo que a justiça eleitoral recebeu uma demanda de um cidadão e tomou as providências, tramitou-se ali dentro as solicitações, a denúncia, e ela no tempo da justiça está fazendo essa tramitação. Fiz o pedido para que não fosse retirado algumas imagens de visitas que na nossa ótica, no nosso juízo, não tem nada de propaganda antecipada, tem visitas de prestação de contas com sua equipe. Nós não estamos lá pedindo voto, nós não estamos lá fazendo nada que a legislação não permita, mas isso vai ser discutido o mérito. O que o magistrado fez foi que não considerou que havia urgência no nosso pedido e deixou para discussão do mérito, isso é perfeitamente sabido que realmente depende do julgo do magistrado. Estamos aguardando para discutir justamente o mérito desse fato, enquanto isso continuamos fazendo a mesma coisa, que é levar à sociedade os trabalhos nossos diários. Para que a sociedade veja o seu deputado atuante e fazendo o seu papel, porque se não pra que estamos aqui, se não para atender e mostrar os nossos serviços, prestar contas à sociedade?
Circuito: Dentre os inúmeros processos na Justiça, extraídos do site do TJ/MT, Taborelli responde a vários crimes como tortura, abuso de autoridade, além de responder por atos de improbidade administrativa e processos de indenização por danos materiais e morais. Os processos apuram crimes graves que supostamente foram cometidos por Taborelli na época em que atuava como militar. O que o senhor pode nos falar sobre o tema?
Coronel Taborelli : A sociedade não tem se informado e eu tenho brigado bastante, as minhas equipes são poucas mas diuturnamente nós estamos discutindo com a sociedade, pedindo para que agucem seu senso crítico, não ouça simplesmente repasses, escute, verifique, pesquise um pouco mais, porque se não, nós vamos vendendo o peixe da forma como chegou, criando uma celeuma e tudo isso beneficia as pessoas do mal. Eu tenho processos sim, processos que respondo da época em que eu ainda era comandante de polícia, até por conta da minha operacionalidade, da minha estada nas ruas junto com a tropa procedendo ocorrência. Para cada ocorrência policial há possibilidade de você sair com um processo dali, se uma das partes fizer uma denuncia contra qualquer um dos membros da guarnição ali já gera uma denuncia, por mais absurda ou correta que seja. Eu atendia sabe quantas ocorrências por mês em Várzea Grande? No normal era 400 ocorrências, mas durante o meu comandamento, nós atendíamos 1100. Ou seja, 1100 grupos de pessoas eram conduzidas por mês à delegacia. Agora imagina se todos fizessem uma denuncia, “ele apertou, ele falou, ele fez aquilo”, eu estaria com todo esse numero de processos. Mas graças ao bom deus, eu vim com poucas denuncias dos serviços operacionais que nós fizemos em Rondonópolis, aqui, mas essas poucas tem uma tramitação e começam realmente a aparecer agora para serem julgada. São na minha ótica situações que não deveriam chegar onde chegaram. Eu vou dar um exemplo, uma das condenações que eu tive em primeiro grau foi porque eu prendi, na minha ótica, um marginal administrando bebidas alcoólicas para menores em uma festa. Isso eu faria tantas vezes quanto fosse necessário, imagina o seu filho, o seu irmão, em uma festa pública e o organizador da festa administrando bebida alcoólica para eles para depois selecionar e ser utilizado para sexo. Eu faria isso quantas vezes fosse preciso. Não foi evidenciado nessa festa ato de espancamento da minha parte, nem da minha guarnição, eu peguei os menores, levei para a delegacia e entreguei para os pais. Esse foi o meu pecado, se eu fosse omisso, eu não estaria respondendo a esse processo, mas aí eu pergunto, seria bom para a sociedade eu omisso numa circunstância dessa? Esse é o crime grave que eu cometi.
Circuito: O Deputado pode nos falar como está enxergando o atual cenário político no Brasil?
Coronel Taborelli: Eu percebo que nós estamos numa série crise no Brasil e não é crise política somente, mas vem se refletindo na crise política. É um impedimento das pessoas tomarem ciência do que é o bem e do que é o mal, porque é a luta do bem contra o mal. Eu vejo que as pessoas perderam noção do que é bem e mal, porque nós vemos aí um gigante, uma besta humana, que é o Lula, fazendo o que ele está fazendo com o Brasil, com as pessoas, com o cidadão brasileiro. O que ele fez e está fazendo, desafiando a tudo e a todos, só falta ele se voltar contra Deus, porque contra tudo ele já se voltou. Contra a justiça, contra a sociedade, só existe ele, então é uma besta humana realmente. E a sociedade não consegue definir, decidir pelo mal ou pelo bem. Eu vejo grupos fortes defendendo a ação de Lula no Brasil, querendo reconduzi-lo a outras instancias, mantendo o estado dessa presidente que rouba, assalta os cofres públicos e o povo brasileiro não toma uma atitude, nem falam, por medo. O que nós estamos vendo no Brasil é uma grande crise moral, as pessoas tem que começar a definir, utilizar seu senso crítico. Se eu diariamente aguço o senso critico das pessoas é pra isso, para que as pessoas reflitam sobre a situação delas no cenário local, municipal, estadual e nacional. Porque o brasileiro é muito cordato e até aí tudo bem, mas não podemos ser idiotas, deixar ser usado e achar que está bom. O meu pensamento é que nós devemos, enquanto cidadão brasileiro, independente de raça, cor, credo ou opção política ajuizar-nos, buscar um senso critico em meio a essa circunstância que está havendo, porque o bem e o mal estão misturados. Pessoas discutindo que as ações do Lula são perfeitas, são corretas tudo que ele fez, está fazendo e propõe-se a fazer. Da mesma forma a presidente da república. Nós vemos essas quadrilhas dentro do patrimônio publico, gerindo o patrimônio publico. Eu mesmo estou lutando contra esse grupo criminoso do Partido Trabalhista. Esse Valdir Barranco tentando entrar na vaga, o cara roubou os cofres públicos, tirou assentados de locais que tinham mais de 13 anos, utilizou a justiça para fazer isso, então são pessoas criminosas que estão colocadas em posições estratégicas e que o povo está aplaudindo. Poucos fazem o papel de reais combatentes e seu dever cívico de apontar o crime e dizer: é criminoso. A maioria ou está indeciso ou está do lado de um grupo grande, se não fosse dessa forma como estou falando, ele já teria caído, a presidente já teria saído, o Lula já estava trancafiado dentro de um calabouço.